Ciência e Tecnologia

A importância dos avós na vida dos adolescentes

A troca de experiências, conhecimentos, valores e afetos entre gerações fortalece os laços familiares e promove o bem-estar.
A importância do vínculo entre avós e netos aponta que essa relação pode ser positiva na saúde mental e emocional de ambos.
A presença ativa dos avós pode ser uma estratégia para auxiliar na prevenção de problemas que afetam os adolescentes.

A adolescência é um período de intensas transformações, marcado por desafios emocionais, busca por identidade e influências externas que podem afetar o desenvolvimento dos jovens. A série “Adolescência”, da Netflix, explora esses aspectos ao contar a história de Jamie Miller, um adolescente de 13 anos que se envolve em uma trama sombria envolvendo radicalização online e misoginia. O enredo levanta questões importantes sobre os perigos da internet e a vulnerabilidade dos adolescentes frente a influências nocivas.

Por outro lado, um artigo publicado no site Next Avenue intitulado “Grandparenting Can Be Good Medicine” traz a importância do vínculo entre avós e netos, apontando que essa relação pode ser positiva na saúde mental e emocional de ambos. O convívio com os avós pode oferecer um suporte emocional, ajudando os adolescentes a desenvolver um senso de segurança e pertencimento, além de proporcionar uma alternativa às influências potencialmente prejudiciais do mundo digital.

O texto de José Eustáquio Diniz Alves, publicado recentemente no Portal do Envelhecimento sob o título Cuidar dos idosos e dos adolescentes, chama justamente a atenção para o diálogo intergeracional. Nele, Alves assinala que com o declínio da população jovem e o aumento da população idosa, tanto no Brasil quanto no mundo, a forma como as sociedades se adaptam a essas novas configurações demográficas se torna crucial. A maneira como lidamos com as mudanças nos paradigmas sociais e promovemos o equilíbrio entre as gerações tem um impacto direto no bem-estar coletivo.

Nesse sentido, ele propõe a construção de pontes entre as pessoas e o fortalecimento do diálogo intergeracional, como fundamentais para a criação de uma sociedade mais justa, harmoniosa e próspera. O equilíbrio das estruturas econômica, social e cultural da pirâmide demográfica é, segundo Alves, essencial para garantir o cuidado da vida em todos os seus aspectos.

Troca de experiências, conhecimentos, valores e afetos

A intergeracionalidade (relação entre gerações) entre avós e netos se manifesta de diversas formas, contribuindo para o bem-estar mútuo. A interação frequente entre as gerações pode reduzir o estresse, a ansiedade e a sensação de isolamento em jovens e em pessoas idosas. O compartilhamento de conhecimentos, experiências, valores e afetos permite que os netos tenham uma perspectiva mais autêntica sobre a vida, promovendo um senso de continuidade e tradição familiar.

A presença ativa dos avós pode ser uma estratégia para auxiliar na prevenção de problemas que afetam os adolescentes. Ao oferecer um espaço seguro para diálogos, transmitir valores e compartilhar experiências de vida, os avós podem contribuir para o desenvolvimento emocional de seus netos e ajudá-los a lidar com os desafios da juventude.

Redes sociais e apoio familiar

A série Adolescência aborda como a exposição a conteúdos tóxicos online pode afetar negativamente jovens vulneráveis. Jamie, que enfrentava bullying e isolamento, encontrou nessas comunidades um espaço que reforçava sentimentos de ressentimento e misoginia que aprofundaram sua raiva e frustração. Essa realidade é um problema cada vez mais comum: a influência de discursos extremistas, ideologias tóxicas e desafios virais que podem prejudicar a saúde mental e até levar a comportamentos destrutivos.

Com esse avanço do uso das redes sociais e a exposição cada vez maior a esses conteúdos prejudiciais, o papel dos avós como fontes de apoio e orientação torna-se ainda mais essencial. Fortalecer esses laços familiares pode ser uma maneira de combater o isolamento, reduzir a influência de grupos nocivos e promover um desenvolvimento mais saudável para as novas gerações. Quando os adolescentes mantêm um vínculo forte com seus avós e familiares, sentem-se mais confortáveis para compartilhar angústias e dúvidas, diminuindo a necessidade de buscar apoio em comunidades nocivas na internet.

 

 

Ana Beatriz S. Ferraz é bacharelanda em Gerontologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente é estagiária no Portal do Envelhecimento e Longeviver. www.linkedin.com/in/ana-beatriz-s-ferraz-a3a7a2132

Foto – Kamshotthat/pexels.

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