Análise da atividade antiviral contra o SARS-COV-2 e da farmacologia utilizada no tratamento dos pacientes infectados com o novo Coronavírus
ANANIAS ALVES CRUZ – 1
ANTÔNIO JOSÉ BITTENCOURT ROSA – 2
BRENA DE OLIVEIRA ANCHIETA – 3
ELIELZA GUERREIRO MENEZES – 4
CLEINALDO DE ALMEIDA COSTA – 5
EVANDRO DA SILVA BRONZI – 6
JOHNSON PONTES DE MOURA – 7
RANNI PEREIRA SANTOS DANTAS – 8
RODINEI LUIZ DA SILVA BUCCO JÚNIOR – 9
HENRIQUE MOREIRA SCHMIDT – 10
CARLOS EDUARDO MENDES PINTO – 11
CARLOS VICTOR BESSA CORREA – 12
ADRYA LORENA LIMA DE SOUZA – 13
1 – PROFESSOR ADJUNTO DOS CURSOS DE ENFERMAGEM, ODONTOLOGIA E MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA E DOUTOR EM CIÊNCIAS EM FITOPATOLOGIA- USP;
2 – MESTRE EM IMPLANTODONTIA – SÃO LEOPOLDO MANDIC- CAMPINAS/SP;
3 – DISCENTE DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS;
4 – Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC-UEA). Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Especialista em Unidade de Terapia Intensiva, Enfermagem do Trabalho e (Master Business Administration) MBA em Gestão e Docência do Ensino Superior. No campo Assistencial atuou na atenção primária e terciária por três anos. Trabalhou dois anos como supervisora pelo Ministério da Saúde, no Campo Educacional, foi docente por cinco anos na Laureate International Universities e supervisora de Estágio Curricular supervisionado e Aulas Práticas. Suas produções e interesses em Pesquisa estão voltados para os seguintes temas: Processo de Enfermagem (Diagnóstico NANDA-I), Tecnologia do cuidado, Sistemas de informação, informática em saúde enfermagem, Sistemas de informação em saúde, Aplicativos móveis na área da saúde, Construção e Validação de Tecnologias, Tecnologias emergentes, Persuasivas e Preditivas em saúde e educação, Infectologia e Clínica Médica, com amplo conhecimento nas normas e rotinas da Saúde do Trabalhador. Membro do Grupo Pesquisa Clínica, Tecnologias e Informática em Saúde e Enfermagem-GIATE. Vice coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP-UEA). Membro da Comissão Permanente de Sistematização da Prática de Enfermagem (COMSISTE) ABEn Amazonas. Membro da NANDA International. Membro do Núcleo Docente Estruturante da Universidade do Estado do Amazonas (ESA-UEA). Membro da Câmara Técnica de Ensino e Pesquisa (COREN-AM). Atua no Curso de Graduação em Enfermagem e Coordenadora na Pós Graduação em Projeto Desenvolvimento & Inovação-PD&I na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Docente Permanente do Mestrado Profissional em Enfermagem em Saúde Pública (PROENSP-UEA); Pesquisadora e Líder do Laboratório de Tecnologias em Saúde e Educação- LABTECS-ESA/UEA;
5 – REITOR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA E DOUTOR EM MEDICINA PELA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO- FMUSP;
6 – Especialista em ortodontia e ortopedia facial – UNESP – SP / CFO;
Mestre em Odontologia – área de Ortodontia – UNESP / Araraquara /SP-
Doutor em ciências odontológicas – área de Ortodontia – UNESP / Araraquara / SP;
7 – ENGENHEIRO QUÍMICO E MESTRE EM ENGENHARIA QUÍMICA PELA UFRN; DISCENTE DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS- UEA;
8 – Médica oftalmologista CRM PR 39762. Especialização em oftalmologia pela Clínica Oftalmológica de Pernambuco com conclusão em 2005, Fellow em Catarata e glaucoma pela Fundação Leiria de Andrade em 2006, observership em glaucoma pelo Jules Stein Eye Institute em UCLA/Califórnia/USA em 2006, Membra do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Academia Americana de Oftalmologia;
9 – Possui Graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Santa Maria; Mestre e Doutor em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic Campinas/SP. Discente do Curso de Medicina da Faculdade de São Leopoldo Mandic na cidade de Araras (RS);
10 – DISCENTE DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
11 – PROFESSOR DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS (UEA), MÉDICO PELA FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS (RJ) E MESTRANDO EM CIRURGIA PELA UFAM- UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS;
12 – COORDENADOR-GERAL DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA
13- DISCENTE DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS EMAIL: jsolar07@gmail.com
RESUMO:
Estudo atual (22 de julho de 2020) da revista Nature mostrou que a cloroquina (CQ) e a hidroxicloroquina (HCQ) não possuem atividade antiviral contra o SARS-CoV-2 em células pulmonares humanas, revelando a importância do uso de linhas celulares que mimetizam o tecido pulmonar em estudos que avaliam candidatos a medicamentos contra o vírus.
O artigo mostra que a expressão manipulada da protease celular que ativa o SARS-CoV-2 para entrada nas células pulmonares, TMPRSS2, torna a infecção por SARS-CoV-2 das células Vero insensível à CQ e HCQ. Também é descrito que CQ/HCQ não bloqueiam a infecção por SARS-CoV-2 da linha celular pulmonar positiva para TMPRSS2 Calu-3, indicando que CQ/HCQ tem como alvo uma via de ativação viral que não é operativa nas células pulmonares, sendo improvável que protejam as pessoas contra a disseminação do SARS-CoV-2.
Não é novidade que a hidroxicloroquina vem sendo usada sem comprovação científica de sua eficácia. (OMS, 2020).
Artigo publicado em 22 de julho de 2020 na revista Nature mostra que a hidroxicloroquina não tem atividade antiviral substancial em macacos cynomolgus infectados com SARS-CoV-2, independentemente do momento do início do tratamento: antes da infecção, logo após a infecção ou tardiamente após a infecção.
Nem a HCQ (Hidroxicloroquina), nem a combinação HCQ + azitromicina (AZTH) mostraram efeitos importantes nos níveis de carga viral em nenhum dos compartimentos testados. Quando usado como profilaxia pré-exposição, a HCQ não conferiu proteção contra a aquisição da infecção. De acordo com o artigo, os resultados não apoiam o uso de HCQ, isoladamente ou em combinação com AZTH, como tratamento antiviral para COVID-19 em humanos. (USP, 2020).
Abstract
The COVID-19 pandemic, which is caused by the novel coronavirus SARS-CoV-2, has been associated with more than 470,000 fatal cases worldwide. In order to develop antiviral interventions quickly, drugs used for treatment of unrelated diseases are currently being repurposed to combat COVID-19. Chloroquine is a anti-malaria drug that is frequently employed for COVID-19 treatment since it inhibits SARS-CoV-2 spread in the kidney-derived cell line Vero1–3. Here, we show that engineered expression of TMPRSS2, a cellular protease that activates SARS-CoV-2 for entry into lung cells4, renders SARS-CoV-2 infection of Vero cells insensitive to chloroquine. Moreover, we report that chloroquine does not block SARS-CoV-2 infection of the TMPRSS2-positive lung cell line Calu-3. These results indicate that chloroquine targets a pathway for viral activation that is not operative in lung cells and is unlikely to protect against SARS-CoV-2 spread in and between patients.
Fonte: Hoffmann, M., Mösbauer, K., Hofmann-Winkler, H. et al. Chloroquine does not inhibit infection of human lung cells with SARS-CoV-2. Nature (2020). https://doi.org/10.1038/s41586-020-2575-3. Acessado em: 22 de julho de 2020
O mapa molecular dos medicamentos em investigação para a Covid-19 foi desenvolvido a partir do levamento de 1.765 estudos clínicos de fases II e III em andamento no mundo.
A diversidade química e de classes terapêuticas compreende 153 fármacos, incluindo, antivirais, anticâncer, imunossupressores, anti-hipertensivos, antiparasitários, anti-inflamatórios, antibióticos, antiulcerosos, anticoagulantes, antidepressivos, antipsicóticos, vasodilatadores, antidiabéticos, corticosteroides, redutores de colesterol, entre outros (FAPESP).
Brasil tem 76.997 mortes por Covid-19 e 2.021.834 infectados.(Brasil tem 76.997 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta sexta-feira (17), conforme compilação das informações obtidas a partir do levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretaria de saúde):
Às 8h, o consórcio publicou a primeira atualização do dia com 76.846 mortes e 2.015.382 casos.
Na quinta-feira (16), às 20h, o balanço indicou: 76.822 mortes, 1.299 em 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 1.081 óbitos, um crescimento de 6% em relação aos dados registrados em 14 dias. É a maior média móvel da pandemia pelo 4º dia seguido.
Sobre os infectados, já são 2.014.738 brasileiros com o novo coronavírus, 43.829 confirmados no último período. A média móvel de casos foi de 36.519 por dia, uma queda de 3% em relação aos casos registrados em 14 dias.
O Brasil levou 4 meses para chegar a 1 milhão de infectados, e bastaram 27 dias para o número dobrar (país passou a marca de 1 milhão de infectados em 19 de junho).
MÉDIA MÓVEL: Veja como estão os casos e mortes no seu estado
Progressão até 16 de julho
No total, 9 estados mais o DF apresentaram alta de mortes: PR, RS, SC, MG, GO, MS, MT, RO e TO.
Em relação a quarta (15), AC, PI e SP deixaram a lista de crescimento de mortes; e GO entrou na lista de altas — na ocasião, eram 11 estados mais o Distrito Federal.
Veja como o número de novas mortes tem variado nas últimas duas semanas:
Subindo: PR, RS, SC, MG, DF, GO, MS, MT, RO e TO
Em estabilidade: SP, PA, AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, e SE
Em queda: ES, RJ, AC, AM, AP, RR e RN
Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).
Estados com média móvel de óbitos em estabilidade 16/07 — Foto: Juliane Souza/G1
Estados com média móvel de óbitos em queda 16/07 — Foto: Juliane Souza/G1
Sul
PR: +96%
RS: +86%
SC: +82%
Sudeste
ES: -17%
MG: +40%
RJ: -19%
SP: +13%
Centro-Oeste
DF: +94%
GO: +28%
MS: +33%
MT: +55%
Norte
AC: -17%
AM: -24%
AP: -20%
PA: -6%
RO: +63%
RR: -75%
TO: +25%
Nordeste
AL: -15%
BA: +2%
CE: -12%
MA: +3%
PB: +14%
PE: -6%
PI: 0%
RN: -45%
SE: -8%
Os dados sobre casos e mortes de coronavírus no Brasil foram obtidos após uma parceria inédita entre G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL, que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal.
A partir dos dados estatísticos já explicitados, torna-se imperioso o estudo a partir de estudos clínicos criteriosos e científicos no que concerne ao Reposicionamento de medicamentos para o tratamento de pacientes infectados pelo SARS-COV-2, o assunto nunca foi tão comentado como nesses tempos de pandemia.
Em meio a aflição geral por tratamentos para a Covid-19, o reposicionamento de fármacos surge como uma estratégia de química medicinal promissora para identificar novos usos para medicamentos existentes, ou para candidatos em pesquisas clínicas avançadas. Uma das grandes vantagens é o tempo bastante reduzido de desenvolvimento, já que os testes de avaliação de segurança (pré-clínicos, em animais; e clínicos; em humanos) já foram realizados para os medicamentos aprovados, bem como os processos de formulação e produção em escala industrial (USP, 2020).
SARS-CoV-2 é uma poderosa máquina molecular, uma vez que apresenta as seguintes características:
• A Covid-19 é causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2)
• O Vírus tem largura de 1/1000 de um fio de cabelo humano
• É mais uma máquina molecular do que um organismo vivo
• O núcleo do vírus contém seu genoma de RNA protegido por proteínas especiais
• A concha que envolve o núcleo é feita de uma membrana formada por uma célula hospedeira e proteínas da matriz codificadas pelo vírus
• Pequenos canais do envelope ajudam a construir a concha
• A infecção começa quando a proteína atinge a superfície do vírus e se liga à receptores das células hospedeiras
• Proteínas virais fazem com que a célula produza novas partículas virais, o que acaba matando a célula hospedeira
• Para combater os vírus, o organismo humano produz anticorpos protetores, que impedem que os vírus se liguem às células hospedeiras e atraem células imunes para destruir os vírus
Um exemplo de aplicação da estratégia de reposicionamento pode ser verificado nesse trabalho recente em que avaliamos 21 medicamentos anti-histamínicos H1, comumente usados na clínica médica, para o tratamento da esquistossomose (USP, 2020):
Os exemplos da cloroquina e remdesivir, em um dos assuntos mais hodiernos nas Ciências Médicas e Farmacêuticas referentes ao novo CoronaVirus (SARS-COV-2) permitem aos pesquisadores entender dois aspectos essenciais: (i) a representação correta das estruturas químicas; e (ii) as razões moleculares da atividade biológica (USP, 2020):
O SARS-COV-2 possui uma membrana oleosa com instruções genéticas que permitem fazer milhões de autocópias e que estão codificadas em cerca de 30.000 letras do RNA – A, C, G, U – que a célula infectada reconhece e traduz em muitos tipos de proteínas virais.
Em Wuhan, China, ocorreu o primeiro sequenciamento do novo coronavírus. Com o vírus se espalhando para muitas pessoas, vários genomas foram comparados e revelaram apenas algumas mutações, sugerindo que os diferentes genomas tinham um ancestral comum recente. Já fora de Wuhan, com o vírus se espalhando rapidamente, foram identificadas outras gerações de novos vírus com outras mutações. Por exemplo, duas letras do RNA mudaram para U.
As mutações geralmente alteram um gene sem alterar a proteína resultante. Essas são “mutações silenciosas”. Por outro lado, as mutações “não silenciosas” alteram a sequência de uma proteína. Uma amostra do coronavírus de Guangzhou adquiriu duas mutações não silenciosas.
Mas as proteínas podem ser feitas de centenas ou milhares de aminoácidos. Alterar um único aminoácido geralmente não tem efeito em suas estruturas ou em como elas funcionam. Com o passar dos meses, partes do genoma do coronavírus ganharam muitas mutações, revelando importantes detalhes sobre a biologia do vírus (USP, 2020):
E é aqui que a química encontra as bases biológicas em benefício da saúde humana. De particular interesse são as partes com poucas mutações que podem destruir o novo coronavírus, causando alterações desastrosas em suas proteínas. Essas regiões essenciais podem ser alvos atrativos para combater o vírus com novos medicamentos antivirais. O universo molecular em investigação clínica para o tratamento dos pacientes infectados pelo novo CoronaVirus inclui 172 fármacos, distribuídos, principalmente, entre antivirais, anticâncer, antiparasitários, imunossupressores, anti-inflamatórios e anti-hipertensivos. (USP, 2020). Na figura a seguir (FDA, 2020), são mostrados os 28 antivirais em triagens clínicas em humanos.
Brevemente, os demais de outras classes terapêuticas refere ao uso do fármaco Dexametasona no tratamento de pacientes infectados pelo novo CoronaVirus vale pontuar que RECOVERY é uma das principais triagens clínicas internacionais e que tem avaliado os seguintes tratamentos: (i) lopinavir/ritonavir; (ii) dexametasona; (iii) hidroxicloroquina; (iv) azitromicina; (v) tocilizumabe; e (vi) plasma convalescente (OMS, 2020). Na data 05 de junho, foram anunciados os resultados negativos do uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Mas, finalmente, bons resultados foram alcançados com outro medicamento, o anti-inflamatório esteroide dexametasona.
Os resultados preliminares de testes clínicos com mais de 6 mil pacientes, divulgados na data de 16 de junho pela Universidade de Oxford, mostram que o tratamento com dexametasona reduz em um terço a mortalidade dos pacientes mais graves infectados pelo SARS-COV-2 que receberam ventilação, e em um quinto dos pacientes que receberam tratamento padrão com oxigênio. Apesar dos bons resultados, a mortalidade ainda é alta (USP, 2020).
Mas nem pensar em sair às pressas para comprar o medicamento, porque ele deve ser usado somente em pacientes hospitalizados com a forma grave da doença e com necessidade de ventilação mecânica. Em quaisquer outras formas da doença (leve ou moderada), bem como para prevenção ou profilaxia, o medicamento simplesmente não funciona. Somam-se ainda os graves problemas das interações medicamentosas. A dexametasona pode interagir com anticoagulantes, antiepiléticos, antifúngicos barbitúricos, imunossupressores, entre outros. Em altas doses podem surgir reações adversas, como hipertensão arterial, astenia e miopatia, úlcera péptica, petéquias, eritemas, acne, cefaléia, hirsutismo, náuseas e mal-estar, entre outros. Durante o seu uso é contraindicada a administração de vacinas de vírus vivos. (OMS, 2020).
Embora ainda não esteja claro como o esteroide atua para reduzir os danos ao tecido pulmonar, ele consegue reduzir a alta resposta inflamatória ao vírus em alguns pacientes graves, conhecida como – tempestade de citocinas. As citocinas são proteínas que regulam a resposta imunológica, e a tempestade de citocinas é exatamente uma resposta imunológica excessiva, que progride rapidamente causando muitos danos ao organismo, com alta mortalidade. O aumento na quantidade de citocinas atrai muitas células inflamatórias para dentro do tecido pulmonar, causando danos aos pulmões. Ela tem sido apontada como uma das principais causas da síndrome respiratória e da falência múltipla de
O quebra-cabeça molecular está sendo desvendado, permitindo a análise dos mecanismos inibitórios subjacentes à atividade antiviral de substâncias como o remdesivir. A primeira figura a seguir apresenta uma visão geral da estrutura de SARS-CoV-2 RdRp-RNA. A outra mostra a animação da replicação de RNA de SARS-CoV-2 RdRp (USP, 2020).
Hillen, H.S., Kokic, G., Farnung, L. et al. Structure of replicating SARS-CoV-2 polymerase. Nature (2020). https://doi.org/10.1038/s41586-020-2368-8. Acessado em: 17 de julho de 2020.
A dexametasona é uma droga da classe dos corticoides (a mesma da prednisona) utilizada há anos para tratar doenças inflamatórias.
Segundo notícias veiculadas em 16 de junho de 2020, pela Universidade de Oxford, resultados preliminares de um estudo clínico randomizado mostraram que o tratamento com a dexametasona reduz em um terço a mortalidade entre os pacientes mais graves de COVID-19.
Depois de tentativas frustadas com outros medicamentos, parece que temos a primeira evidência de uma droga eficaz no combate ao coronavírus.
Vale ressaltar que o comunicado não relatou benefício da dexametasona para prevenção da doença e nem para evitar que pessoas contaminadas evoluam para a forma grave. É fundamental aguardar a publicação do estudo para melhores conclusões e decisões sobre o uso deste fármaco.
Enquanto isso, não devemos correr para as farmácias e prejudicar quem realmente precisa deste fármaco. Em tempos de pandemia, temos que pensar no coletivo e ajudar o próximo.
Todos nós seremos afetados, o impacto em nossas vidas é inevitável, mas proteger a vida humana deve estar acima de qualquer outro interesse. É o momento de unirmos esforços coletivos, ninguém está imune. É a oportunidade de termos empatia e solidariedade com todos que lutam contra o vírus, sejam pacientes, crianças, adultos e idosos e principalmente os profissionais de saúde que colocam suas vidas em risco para ajudar o próximo que estão no enfrentamento desta pandemia para salvar vidas.
REVISÃO DA LITERATURA:
SOBRE O CORONAVÍRUS:
Em conformidade a orientações do Ministério da Saúde para tratamento medicamentoso precoce dos pacientes diagnosticados com a COVID-19 e considerando que até a data do término de elaboração deste artigo científico (17 de julho de 2020) que não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a COVID-19 e também que vale ressaltar a manutenção do acompanhamento da comunidade científica dos resultados de estudos com medicamentos é de extrema relevância para atualizar periodicamente as orientações para o tratamento da COVID-19, que existem muitos medicamentos em teste, com muitos resultados sendo divulgados diariamente, e vários destes medicamentos têm sido promissores em testes de laboratório e por observação clínica, mesmo com ainda muitos ensaios clínicos em análise e apesar de serem medicações utilizadas em diversos protocolos e de possuírem atividade in vitro demonstrada contra o coronavírus, fica evidente que ainda não há meta-análises de ensaios clínicos multicêntricos, controlados, cegos e randomizados que comprovem o benefício inequívoco dessas medicações para o tratamento da COVID-19. Desta forma, fica a critério do médico a prescrição, sendo necessária também a vontade declarada do paciente diagnosticado com COVID-19.
O diagrama melhor descritivo do novo Coronavírus evidencia em sua estrutura a pequena coleção de moléculas que lançou o mundo inteiro em um caos. Seu genoma codifica cerca de 25 proteínas necessárias ao vírus para infectar humanos e se autorreplicar. Entre elas, a glicoproteína spike (S), que reconhece uma enzima humana no estágio inicial da infecção, duas proteases, que clivam proteínas virais e humanas, a RNA-polimerase, que sintetiza o RNA viral e a endoribonuclease (conforme figura a seguir):
Observem a bicamada lipídica exposta. O sabão é tão letalmente eficaz, pois assim como os detergentes, possuem sais de ácidos graxos, que são aquela longas moléculas formadas por uma parte apolar (hidrofóbica) e uma extremidade polar (hidrófila). As moléculas de sabão “competem” com os lipídios na membrana do vírus e com ligações não-covalentes que ajudam as proteínas, o RNA e os lipídios a se unirem, “dissolvendo” a cola que mantém a integridade do vírus. As pesquisas científicas mostram que os pacientes com Covid-19 evoluem para quadros críticos de tromboembolia cardíaca e pulmonar. Por isso os pacientes internados são tratados com anticoagulantes como a heparina. Porém, nos primeiros sintomas da doença (2 a 5 dias), o melhor é tratar o paciente com retrovirais, antiinfamatorios (devido a resposta-imune da tempestade de citocinas) e antibióticos.
Como já evidenciados em alguns artigos da Literatura médica, o SARS-CoV-2 liga-se, através de sua proteína “spike” (S), a diversos receptores do tipo ACE2 presentes na membrana plasmática de muitos tecidos. Desta forma, os tecidos com maiores números de células com receptores ACE2 estão na mucosa da boca, nariz, traqueia e pulmão. Por isso, foi observado nestes estudos científicos que esses tecidos são os primeiros a ser invadidos pelo novo CoronaVirus.
De acordo com o protocolo de tratamento para pacientes com sintomas leves de covid-19, o Ministério da Saúde incluiu hoje (20 de maio de 2020) a cloroquina, e seu derivado hidroxicloroquina. De acordo com o documento divulgado pela pasta, cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou não este fármaco, sendo necessária também a vontade declarada do paciente, com a assinatura do Termo de Ciência e Consentimento.
Nesse link tem o termo de consentimento e tratamento com orientações.
https://coronavirus.saude.gov.br/index.php/manejo-clinico-e-tratamento?fbclid=IwAR0QPYyDym6ksuPQxzOgtBQG1VBtVmieJYZQH7OyVkuD5Xquwl2FfWgGesY
O QUE É? A doença provocada pelo novo coronavírus é oficialmente conhecida como COVID-19.
TRANSMISSÃO: A transmissão costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções: espirro, tosse, catarro e gotículas de saliva. Pode ocorrer também por contato próximo, como toque ou aperto de mão com pessoa infectada, ou ainda, por meio de contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com boca, nariz ou olhos.
SINTOMAS: Os sintomas clínicos mais comuns são respiratórios, semelhantes aos de um resfriado comum. O quadro da doença pode variar de leve a moderado, semelhante a uma gripe. Alguns casos mais graves, por exemplo, em pessoas que já possuem outras doenças, podem levar a síndrome respiratória aguda grave e outras complicações, especialmente em idosos, podendo levar a morte.
PROTEÇÃO: A principal recomendação é higienizar as mãos. Lave as mãos frequentemente com água e sabão e use antisséptico de mãos à base de álcool gel 70%, principalmente, após tossir e espirrar, após contato com outras pessoas, após ir ao banheiro, e antes e depois de comer. Até o momento, não há recomendação para uso de máscaras para a população em geral. Se tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz (use os braços ou lenços descartáveis. Evite usar as mãos e, se usar, higienizá-las).
CASOS SUSPEITOS: Quem apresentar os sintomas deve ficar atento. Pessoas com quadros de insuficiência respiratória devem procurar o serviço de saúde imediatamente. Casos graves devem ser tratados pela rede estadual de saúde e hospitais de referência.
Vale ressaltar que Ignorar a ciência e negar a realidade parecem não ter limites. Tudo por uma obsessão pelo uso da cloroquina (e de seu derivado, hidroxicloroquina), que até hoje não mostrou nenhum benefício ou evidência cientifica comprovada no tratamento da Covid-19. Os melhores estudos científicos divulgados nas seguintes pesquisas (NEJM, 7 maio, 2020; JAMA, 11 maio, 2020; BMJ, 6 maio, 2020) mostram que a cloroquina e a hidroxicloroquina não devem ser usadas em pacientes com Covid-19, uma vez que não trazem benefícios clínicos e ainda apresentam riscos à saude.
Ninguém acreditaria na conjuntura catastrófica desde o início do ano: as escolas e as universidades fecharam em todo o mundo em decorrência do substancial contágio que o SARS-COV-2 que levou inúmeras Pessoas a óbitos.
Trata-se de uma nova realidade que afeta a vida de todos: pais, filhos, alunos e professores. As universidades/escolas e os docentes foram obrigados a recorrer ao ensino online (virtual/remoto). É um processo complexo que todos têm que se adaptar. Muitas ferramentas podem ser usadas para disponibilizar os conteúdos das disciplinas, cursos, tarefas; divulgar datas; dar aulas; tirar dúvidas; promover discussões, entre outros. Esta transição requer dedicação, dinamismo, muito trabalho e paciência. Devemos ter a sensibilidade de aprender as tecnologias e identificar as melhores formas de ensino.
É um desafio que todos nós precisamos superar juntos.
Algumas reflexões são imperiosas para maximizar a aventura de dar aulas em um computador para uma sala vazia. O público jovem é exigente, as aulas ao vivo devem ter qualidade não somente de conteúdo, mas também das plataformas de conferências on-line.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o novo coronavírus poderá nunca desaparecer do planeta, tornando-se uma realidade de longo prazo em nossas vidas. Dois exemplos são marcantes. O HIV está entrando em sua quinta década e hoje não causa mais tanto pânico porque existem formas de controlá-lo com métodos de prevenção e medicamentos. Já a varíola, que teve sua vacina desenvolvida em 1796, foi erradicada somente em 1980, após 184 anos. Outro ponto a ser destacado é que temos vacinas eficazes para doenças que até hoje não foram erradicadas. Basta observar os recentes surtos de sarampo em todo o mundo. Portanto, seguem ilustrações.
inicia geralmente uma semana após o início dos sintomas. A falta de ar é o sintoma mais comum da doença grave e é acompanhada frequentemente de hipoxemia. Uma característica marcante do Covid-19 é a rápida progressão da insuficiência respiratória logo após o início da dispnéia e hipoxemia. A maioria dos pacientes com Covid-19 grave tem linfopenia, e alguns apresentam distúrbios do sistema nervoso central ou periférico. Covid-19 grave também pode levar a lesões cardíacas, renais e hepáticas, além de arritmias, rabdomiólise, coagulopatia e choque.
Home caregivers for people with suspected or confirmed COVID-19 should:
✅ Ensure the ill persons rests 🛌 , drinks plenty of fluids and eats nutritious food.
✅ Wear a medical mask when in the same room with an ill person. Do not touch the mask 😷 or face during use and discard it afterward.
✅ Frequently clean hands 🙌 with soap and water or alcohol-based rub, especially:
• after any type of contact with the ill person or their surroundings
• before, during and after preparing food
• before eating
• after using the toilet
✅ Use dedicated dishes 🍽, cups, eating utensils, towels and bedlinens for the ill person. Wash dishes, cups, eating utensils, towels, or bedlinens used by the ill person with soap and water.
✅ Identify frequently touched surfaces by the ill person and clean and disinfect them daily.
✅ Call 📞 your health care facility immediately if the ill person worsens or experiences difficulty breathing.
O FDA aprovou o uso emergencial do primeiro teste de antígeno para detectar se uma pessoa foi infectada pelo coronavírus. O teste, desenvolvido pela Quidel Corporation, oferece como vantagens uma ferramenta barata e rápida para triagem em massa; expandindo o arsenal de testes conhecidos: (i) diagnóstico molecular – PCR, que detecta o material genético do vírus; e (ii) sorológicos, que identificam anticorpos para o vírus. O teste de antígeno detecta rapidamente fragmentos de proteínas encontradas no vírus, testando amostras coletadas da cavidade nasal usando cotonetes.
Apesar do notável avanço, é fundamental uma reflexão Crítica sobre qualquer categoria de teste de diagnóstico. O teste de antígeno é muito rápido e pode fornecer resultados em poucos minutos, em comparação com os testes de PCR , que podem levar bem mais tempo. No entanto, os testes de antígeno podem não detectar todas as infecções ativas, sendo menos sensíveis do que os testes de PCR. Isso significa que os resultados positivos dos testes de antígeno são muito precisos, mas há uma chance maior de falsos negativos; portanto, os resultados negativos não descartam completamente a infecção e precisam ser confirmados por PCR. (USP, 2020).
No que concerne às vacinas, Pfizer e BioNTech divulgaram avanços expressivos, especialmente, na rápida transição dos estudos pré-clínicos para os testes em humanos, atendendo à dramática demanda gerada pela pandemia do coronavírus.
São muitas informações novas, sendo recomendável conhecer um pouco melhor esse processo. O programa inclui quatro candidatos a vacina, cada um representando uma combinação diferente de mRNA e antígeno alvo. O planejamento do estudo permitiu avaliar simultaneamente os candidatos com o objetivo comum de identificar o candidato mais seguro e eficaz, com compartilhamento de dados em tempo real com as autoridades reguladoras.
Os resultados têm impressionado os cientistas da Pfizer e BioNTech que já estão inclusive estudando processos de produção da vacina em larga escala para fornecimento global. Em três instalações da Pfizer nos EUA (Massachusetts, Michigan e Missouri), além de outras da BioNTech na Europa.
É igualmente relevante conhecer um pouco melhor algumas definições:
• O que é uma vacina? As vacinas são produzidas para prevenir doenças. Uma vacina estimula o sistema imunológico a responder e produzir anticorpos, como se o indivíduo fosse exposto ao vírus. Após a vacinação, ocorre o desenvolvimento de imunidade a essa doença, sem precisar ter primeiro a doença.
• Qual é a diferença entre uma vacina e um medicamento? As vacinas são utilizadas para prevenir doenças, ao passo que os medicamentos (ou fármacos) são usados no tratamento ou cura de doenças ou disfunções.
• As vacinas são seguras? Sim, são seguras. As vacinas passam por testes clínicos rigorosos para garantir que sejam seguras e eficazes. Depois que uma vacina é licenciada, as autoridades reguladoras monitoram rotineiramente seu uso e investigam quaisquer possíveis preocupações de segurança.
• Quanto tempo dura a vacinação? A imunidade transmitida por uma vacina varia. Para algumas vacinas, como as vacinas contra a poliomielite, a imunidade pode durar a vida toda. Por outro lado, outras requerem vacinação anual, como as da gripe.
• Como funcionaria a vacina da Pfizer e BioNTech contra a COVID-19? Estas empresas estão trabalhando com uma tecnologia chamada mRNA. O programa inclui quatro vacinas experimentais em diferentes formatos de mRNA. Esses quatro candidatos foram selecionados com base em estudos pré-clínicos, que indicaram que os candidatos à vacina são potencialmente eficazes e seguros na proteção contra o COVID-19. O mRNA, ou RNA mensageiro, é uma molécula composta de nucleotídeos ligados em uma única ordem para transmitir informações genéticas para as células produzirem as proteínas ou antígenos codificados pelo mRNA. Uma vez que o mRNA de uma vacina está dentro das células do corpo, as células usam sua maquinaria genética para traduzir as informações genéticas e produzir os antígenos codificados pela vacina de mRNA. Os antígenos são então exibidos na superfície da célula, onde são reconhecidos pelo sistema imunológico que gera uma resposta, incluindo a produção de anticorpos contra o antígeno. Os candidatos a vacinas de mRNA da Pfizer e BioNTech demonstraram um perfil de segurança favorável em estudos pré-clínicos. Ao contrário das vacinas tradicionais, elas não usam um vírus inativado, mas uma porção da sequência viral que codifica um ou mais antígenos virais. (USP, 2020).
Resultados de testes anunciados nesta terça-feira mostraram que a dexametasona, que é usada para diminuir inflamações de outras doenças, reduziu as taxas de mortalidade em cerca de um terço entre pacientes de Covid-19 hospitalizados em estado grave
RECOVERY é uma das principais triagens clínicas internacionais e que tem avaliado os seguintes tratamentos: (i) lopinavir/ritonavir; (ii) dexametasona; (iii) hidroxicloroquina; (iv) azitromicina; (v) tocilizumabe; e (vi) plasma convalescente. No dia 5/6 foram anunciados os resultados negativos do uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Mas, finalmente, bons resultados foram alcançados com outro medicamento, o anti-inflamatório esteroide dexametasona segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020).
Os resultados preliminares de testes clínicos com mais de 6 mil pacientes, divulgados em 16 de junho do corrente ano pela Universidade de Oxford, mostram que o tratamento com dexametasona reduz em um terço a mortalidade dos pacientes mais graves de Covid-19 que receberam ventilação, e em um quinto dos pacientes que receberam tratamento padrão com oxigênio. Apesar dos bons resultados, a mortalidade ainda é alta. (USP, 2020).
Mas nem pensar em desespero da população para comprar este fármaco, porque ele deve ser usado somente em pacientes hospitalizados com a forma grave da doença e com necessidade de ventilação mecânica. Em quaisquer outras formas da doença (leve ou moderada), bem como para prevenção ou profilaxia, o medicamento simplesmente não funciona. Somam-se ainda os graves problemas das interações medicamentosas. A dexametasona pode interagir com anticoagulantes, antiepiléticos, antifúngicos barbitúricos, imunossupressores, entre outros. Em altas doses podem surgir reações adversas, como hipertensão arterial, astenia e miopatia, úlcera péptica, petéquias, eritemas, acne, cefaléia, hirsutismo, náuseas e mal-estar, entre outros. Durante o seu uso é contraindicada a administração de vacinas de vírus vivos.
É preciso cautela e é importante lembrar que precisamos de produção em larga escala pois estamos falando em vacinar 8 bilhões de pessoas no mundo e 212 milhões no Brasil. No caso de ótimos resultados preliminares de eficácia em Fase 3, como as vacinas estão sendo produzidas à risco, embora em lotes limitados, isso pode levar à liberação antecipada para grupos prioritários ou mais expostos à doença, no final de 2020 ou início de 2021.
É bem provável que uma única formulação vacinal não seja suficiente e talvez uma segunda vacina com plataforma diferente possa ser usada como reforço cruzado (UNICAMP, 2020). Fatores como a eficácia das vacinas e o número de pessoas a serem vacinadas podem levar a uma imunização de apenas uma parcela da população, o que permitiria uma doença mais amena. A OMS sugere eficácia vacinal acima de 50% para considerar aprovação de vacina para pacientes infectados pelo novo CoronaVirus (SARS-COV-2). No entanto, uma imunização mesmo parcial poderá ter um papel crucial para minimizar o número de contaminações, sendo útil para que possamos pensar em medidas conscientes de flexibilização e relaxamento do isolamento social até que um imunizante mais robusto seja desenvolvido. O risco seria as pessoas terem uma falsa sensação de segurança e relaxarem nas medidas de higiene. Uma vacina será importante mesmo funcionando apenas nos mais jovens, que são os maiores espalhadores do vírus, pois poderá ajudar a proteger os idosos. Nós não vamos acabar com a infecção, mas vamos proteger contra a doença. Certamente, tudo o que aprendermos com essas primeiras vacinas, vai nos ajudar a melhorar as outras vacinas em fases preliminares. E por que não pensar, em futuro próximo, em uma única vacina com combinação de duas plataformas diferentes para induzir um desempenho de resposta de anticorpos e resposta celular, de células T?
Enquanto a vacina, um fulcral instrumento de saúde pública não vem para somar, no sentido de quebrar a cadeia de infecção do SARS-COV-2, aqueles que podem, devem seguir o protocolo de segurança conforme preconiza a Organizacao Mundial de Saúde (OMS): manter-se em casa e respeitar o isolamento social. Nem todos podem ficar em casa, muitos precisam sair para trabalhar, mas todos devem respeitar as intervenções não farmacêuticas como o distanciamento físico, os hábitos de higiene e usar máscaras. Também seria imprescindível realizar controle epidemiológico adequado para permitir o isolamento de pessoas infectadas ou com sintomas gripais, mesmo que casos não confirmados por testes, rastreando e isolando os seus contatos. Portanto, nestes argumentos, será necessário melhorar a qualidade da comunicação com a sociedade, para que as pessoas respondam de forma adequada às políticas públicas. Fato é que a sociedade mundial está presenciando a força da resposta das instituições públicas de pesquisas e de ensino superior brasileiras, da ciência e do conhecimento científico em benefício da saúde pública. Os pesquisadores mundialmente estão incansavelmente na corrida na produção de uma vacina eficaz contra o SARS-CoV-2 tem sido intensa. Os pesquisadores estão utilizando várias tecnologias, algumas delas nunca usadas em vacinas anteriormente.
Vacinas contra o SARS-COV-2:
Todas as vacinas apresentam o objetivo de expor o indivíduo a um antígeno. Embora o antígeno exposto não é capaz de causar doença, provoca resposta imune que pode bloquear ou matar o vírus quando o indíviduo é exposto ao mesmo.
Existem pelo menos 8 tipos diferentes de vacinas sendo testadas. O tipo de vacina depende do tipo de vírus ou da parte viral sendo utilizada:
Vacina de vírus
Inativado
Enfraquecido
Vacina de Vetor Viral
Replicante
Não replicante
Vacina de Ácido Nucleico
DNA
RNA
Vacina à base de proteínas
Subunidade proteica
Partículas semelhantes a vírus
Vacinas contra COVID-19
Figura Número de vacinas em desenvolvimento de acordo com o tipo de Vacina.
Fonte: The race for coronavirus vaccines: a graphical guide – Nature.
Vacina de Vírus
Este tipo de vacina pode utilizar o vírus enfraquecido ou inativado. Nesse sentido, numa vacina de vírus enfraquecido, o vírus passa por processos até que adquira mutações que o façam menos capaz de causar doença.
Por outro lado, nas vacinas de vírus inativados, o vírus é modificado com partículas químicas ou calor, de tal forma que se torna incapaz de causar infecção.
Pelo menos 7 grupos estão desenvolvendo vacinas que usam o próprio vírus. Estas podem utilizar o vírus enfraquecido ou inativado. Este é um tipo de vacina já existente. Por exemplo, as vacinas contra o sarampo e a poliomielite usam o próprio vírus na sua composição. Contudo, vacinas que utilizam vírus requerem testes de segurança extensivos.
Em Pequim, a Sinovac Biotech está testando em humanos uma vacina com o SARS-CoV-2 inativado.
Vacina de Vetores Virais
Nas vacinas que utilizam vetores virais, um vírus como sarampo ou adenovírus é geneticamente modificado para produzir proteínas do SARS-COV-2.
Esses vírus estão enfraquecidos e não podem causar doenças. Existem dois tipos: aqueles que ainda podem se replicar dentro das células e aqueles que não podem porque os genes principais foram desativados.
Com a finalidade de desenvolver este tipo de vacina, aproximadamente 25 grupos estão trabalhando com vacinas do tipo vetor viral.
Figura: Vacina de vetores virais replicantes (à esquerda) e não replicantes (à direita).
Fonte: The race for coronavirus vaccines: a graphical guide – Nature
Vacina de Ácido Nucleico
Neste tipo de vacina, o ácido nucleico é inserido nas células humanas, que produzem cópias de alguma proteína do vírus. Em suma, a maioria dessas vacinas codifica a proteína spike do vírus.
Pelo menos 20 equipes estão trabalhando no desenvolvimento de vacinas que utilizam informação genética de DNA ou RNA viral.
São vacinas fáceis de desenvolver, pois envolvem apenas o material genético, e não o vírus. Porém, esta é uma tecnologia que nunca foi usada em alguma vacina atualmente licenciada, então ainda não possue eficácia comprovada.
Figura: Vacina de ácido nucleico DNA e RNA.
Fonte: The race for coronavirus vaccines: a graphical guide – Nature
Vacina à base de proteína
Neste tipo de vacina, proteínas do coronavírus são injetadas diretamente no corpo. Da mesma forma, fragmentos ou invólucros de proteínas que imitam a estrutura do vírus também podem ser usados.
Pelo menos 28 equipes estão trabalhando usando vacinas que utilizam subunidades proteicas.
A maioria delas foca na proteína spike, já que esta desenvolve papel chave no processo de entrada vírus na célula, por meio da ligação com o receptor ACE2.
Esse tipo de vacina requer adjuvantes para estimular o sistema imune, bem como múltiplas doses.
Figura: Vacina à base de proteína utilizando subunidade da proteína spike.
Fonte: The race for coronavirus vaccines: a graphical guide – Nature
Outra forma consiste em utilizar partículas semelhantes a vírus, que consistem em uma “casca” contendo a estrutura externa viral, porém sem o conteúdo interior.
Estas partículas não são capazes de causar infecção pois não possuem material genético do vírus. Tem capacidade de gerar resposta imune forte, mas são difíceis de serem produzidas.
Cinco equipes estão trabalhando no desenvolvimento deste tipo de vacina.
Figura: Vacina de partícula semelhante a vírus.
Fonte: The race for coronavirus vaccines: a graphical guide – Nature
Portanto, em decorrência dos argumentos elencados, torna-se imperioso o trabalho conjunto de diversos países, instituições e empresas que desejam chegar a solução definitiva contra a pandemia que enfrentamos. Vírus ataca a hemoglobina tanto na oxidação como na desoxigenação, dessa forma haverá ação do orf1ab que ficará no meio das cadeias alfa e beta, ORF10 se posiciona abaixo da cadeia beta e ORF3a se posiciona no meio das cadeias 1-alfa e 2-alfa. Esse macanismo acontece para que o orf1ab cause alterações nas cadeias alfa e beta, ORF3A force a cadeia 2-alfa a atacar a cadeia beta para desse modo apresentar seu heme e o ORF10 se ligue a cadeia 1-beta, ocasionando a impactação dos átomos de ferro. Tudo isso resultará na dissociação do heme em porfirina e ferro e o orf1ab finalmente poderá se ligar a porfirina.
Esse acontecimento na hemoglobina oxidada levará a diminuição de hemoglobina para o transpote de oxigênio, e no caso da hemoglobina desoxidada ocorrerá declínio de hemoglobina para transportar dióxido de carbono e açúcar no sangue. Devido a isso, nas células pulmonares ocorrerá uma inflamação rigorosa que levará a incapacidade de trocar dióxido de carbono e oxigênio normalmente, resultando em sintomas e em imagens pulmonares semelhantes a vidro fosco. Pacientes com problemas respiratórios têm sintomas bastante agravados.”
Sabendo que a cloroquina pode competir com a porfirina, se ligando à proteína viral ou porfirina, esse remédio poderia impedir que orf1ab, ORF3a e ORF10 atacassem o heme para formar a porfirina e inibissem a ligação da ORF8 e glicoproteínas de superfície às porfirinas até determinado ponto, para de maneira significativa ocasionar alivio dos sintomas respiratórios.”
Essas informações tem grande relevância devido ao cenário atual podendo ajudar na resolução de medicamentos, tratamento e prevenção da agravamentos como pneumonia.
Cloroquina/Hidroxicloroquina
“A cloroquina e a hidroxicloroquina têm uma longa história na prevenção e tratamento da malária e no tratamento de doenças inflamatórias crônicas, incluindo lúpus eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatóide(AR). Cloroquina e a hidroxicloroquina parecem bloquear a entrada viral nas células, inibindo a glicosilação dos receptores do hospedeiro, o processamento proteolítico e a acidificação endossômica. Esses agentes também têm efeitos imunomoduladores através da atenuação da produção de citocinas e inibição da atividade autofagia e lisossômica nas células hospedeiras. Cloroquina inibe a SARS-CoV-2 in vitro com uma concentração efetiva até a metade (EC 50) na faixa micromolar baixa. A hidroxicloroquina possui atividade in vitro com um EC 50 menor para SARS-CoV-2 em comparação com a cloroquina após 24 horas de crescimento (hidroxicloroquina: EC 50 = 6,14 μM e cloroquina: EC 50 = 23,90 μM).” (James M. Sanders, PhD, PharmD ;Marguerite L. Monogue, PharmD ; Tomasz Z. Jodlowski, PharmD)
“A dosagem de cloroquina para tratar COVID-19 consistiu em 500 mg por via oral uma ou duas vezes ao dia. No entanto, existe uma escassez de dados sobre a dose ideal para garantir a segurança e a eficácia da cloroquina. As recomendações de dosagem de hidroxicloroquina para o LES geralmente são 400 mg por via oral diariamente. No entanto, um estudo de modelagem farmacocinética fisiologicamente recomendado recomendou que o regime de dosagem ideal para a hidroxicloroquina no tratamento com COVID-19 seja uma dose inicial de 400 mg duas vezes ao dia por 1 dia, seguida de 200 mg duas vezes ao dia. Em contraste, são feitas recomendações alternativas para a dose diária total de 600 mg, com base na segurança e na experiência clínica da doença de Whipple. Mais estudos são necessários para delinear a dose ideal de COVID-19.” (James M. Sanders, PhD, PharmD ; Marguerite L. Monogue, PharmD ; Tomasz Z. Jodlowski, PharmD)
Um estudo feito pelo Instituto Hospital Universitário de Infecção do Mediterrêneo, em Marselha, associou a hidroxicloroquina à azitromicina, e obtiveram bons resultados. “Ao comparar o efeito do tratamento com hidroxicloroquina como uma única droga e o efeito da hidroxicloroquina e azitromicina em combinação, a proporção de pacientes que tiveram resultados negativos de PCR em amostras nasofaríngeas foi significativamente diferente entre os dois grupos nos dias 3-4-5 e 6 pós -inclusão. No dia6 após a inclusão, 100% dos pacientes tratados com combinação de hidroxicloroquina e azitromicina foram curados virologicamente, comparados com 57,1% em pacientes tratados apenas com hidroxicloroquina e 12,5% no grupo controle (p <0,001). O efeito do medicamento foi significativamente maior em pacientes com sintomas de ITRI e ITRI, em comparação com pacientes assintomáticos com p <0,05 (dados não mostrados).” (Philippe Gautret, Jean-Christophe Lagier, Philippe Parola, Van Thuan Hoang )
“A cloroquina e a hidroxicloroquina são relativamente bem toleradas, como demonstrado por uma vasta experiência em pacientes com LES e malária. No entanto, ambos os agentes podem causar efeitos adversos raros e graves (<10%), incluindo prolongamento do intervalo QTc, hipoglicemia, efeitos neuropsiquiátricos e retinopatia. A eletrocardiografia de linha de base para avaliar QTc prolongado é aconselhável antes e após o início desses medicamentos devido ao potencial de arritmias, especialmente em pacientes gravemente enfermos e em uso concomitante de prolongamentos do intervalo QT, como azitromicina e fluoroquinolonas. Não foram relatados efeitos adversos significativos para a cloroquina nas doses e durações propostas para COVID-19. O uso de cloroquina e hidroxicloroquina na gravidez é geralmente considerado seguro. Uma revisão de 12 estudos, incluindo 588 pacientes que receberam cloroquina ou hidroxicloroquina durante a gravidez, não encontrou toxicidade ocular infantil evidente.” (James M. Sanders, PhD, PharmD ; Marguerite L. Monogue, PharmD ; Tomasz Z. Jodlowski, PharmD)
Lopinavir/ Ritonavir
“O Lopinavir / ritonavir, um agente de combinação oral aprovado pela FDA para o tratamento do HIV, demonstrou atividade in vitro contra outros novos coronavírus através da inibição da protease do tipo 3-quimotripsina. Não existem dados publicados sobre SARS-CoV-2 in vitro para lopinavir / ritonavir. Uma revisão sistemática de lopinavir / ritonavir para o tratamento de SARS e MERS encontrou limitados estudos disponíveis, com a maioria destes investigando SARS. Os estudos clínicos em SARS foram associados a taxas reduzidas de mortalidade e intubação, mas sua natureza observacional retrospectiva impede conclusões definitivas. O momento da administração durante a fase inicial de pico de replicação viral (7-10 dias iniciais) parece ser importante porque o início tardio da terapia com lopinavir / ritonavir não teve efeito sobre os resultados clínicos.” (James M. Sanders, PhD, PharmD ; Marguerite L. Monogue, PharmD ; Tomasz Z. Jodlowski, PharmD)
Um estudo feito por Jaegyun Lim, Seunghyun Jeon, Hyun-Young Shin, Moon Jung Kim, Yu Min Seong com o Lopinavir e Ritonavir teve resultados positivos. “Quando lopinavir / ritonavir foi usado, encontramos cargas virais reduzidas e melhora dos sintomas clínicos durante o tratamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O uso de medicamentos sem orientação e prescrição médica é uma prática comum em mais de 90% da população, mas pode ter consequências graves segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020).
A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) levou a uma correria tresloucada pela compra de cloroquina e hidroxicloroquina, estimulada pela falsa esperança de possível profilaxia, tratamento ou cura da doença. Contudo, o uso inadequado destes medicamentos, que não são indicados contra a COVID-19, pode causar graves casos de intoxicação. Os primeiros exemplos já apareceram nos Estados Unidos, Nigéria e Itália.
A automedicação, somada a uma pitada de estupidez, foi a receita certa para um desastre. Em Phoenix, nos Estados Unidos, um homem morreu e sua esposa está em estado crítico, após o casal, na faixa dos 60 anos, ingerir fosfato de cloroquina na forma de um aditivo usado na limpeza de tanques de peixes. (USP, 2020).
A cloroquina encontrada no aditivo é a mesma do medicamento antimalárico que foi usada pelo casal contra o novo coronavírus. A diferença entre o aditivo de limpeza e o medicamento é a concentração e a maneira como são formulados. A intoxicacão por cloroquina se deve a sua estreita margem de segurança: uma única dose de 1,8 gramas pode ser fatal para uma pessoa de 60 kg. (USP, 2020)
Em 8 de maio de 1980, a Assembleia Mundial da Saúde (AMS) da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que “o mundo e todos os seus povos conquistaram a liberdade da varíola”. A varíola é a primeira e, até o momento, a única doença humana a ser erradicada globalmente.
Por meio de ensaios clínicos controlados e bem executados em pacientes hospitalizados com a COVID-19, pela primeira vez, um medicamento mostrou resultados positivos convincentes. Foram 1.063 pacientes testados em 68 hospitais nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Os pacientes tratados com remdesivir (Gilead Sciences) se recuperaram em 11 dias (em média), em comparação aos 15 dias de pacientes que receberam o placebo (taxa de mortalidade de 8% contra 11,6% do grupo que recebeu o placebo). Embora os resultados sejam modestos em relação ao sucesso almejado de 100%, esse exemplo é fundamental ao indicar o caminho para evidenciar os efeitos clínicos benéficos para a saúde (segurança e eficácia) de um candidato a novo medicamento para a COVID-19. Até a presente data, não há qualquer tratamento (medicamento ou vacina) aprovado para a COVID-19. (Referência:
https://www.sciencemag.org/news/2020/04/large-trial-yields-strongest-evidence-yet-antiviral-drug-can-help-covid-19-patients. Acessado em: 17 de junho de 2020).
A varíola atormentou a humanidade por pelo menos 3.000 anos, até a sua extinção, matando mais de 300 milhões de pessoas apenas no século XX. A sua erradicação é considerada a maior vitória de saúde pública da história.
Enquanto o mundo enfrenta a pandemia de Covid-19, o exemplo da varíola é um alerta do que é possível quando as nações se unem para combater uma ameaça mundial comum à saúde. Muitas das ferramentas básicas de saúde pública que foram usadas com sucesso são as mesmas usadas para responder ao Ebola e à Covid-19.
A campanha de erradicação da varíola teve, no entanto, um elemento crucial que ainda não possuímos para a Covid-19: uma vacina. Embora a vacina tenha sido crucial para acabar com a varíola, por si só, ela não seria suficiente. Afinal, a vacina foi desenvolvida em 1796, e levou mais 184 anos para a erradicação da varíola.
O fator decisivo na vitória sobre a varíola foi a solidariedade global. Mesmo no auge da Guerra Fria, a União Soviética e os Estados Unidos uniram forças para enfrentar um inimigo comum. O mundo reconheceu que os vírus não respeitavam nações ou ideologias. Esta mesma solidariedade é necessária, mais do que nunca, agora, para enfrentar a Covid-19.
O legado da varíola não é apenas a erradicação de uma grave doença, é a demonstração de que, quando o mundo se une, tudo é possível. Em decorrência dos argumentos elencados, como a varíola foi no passado, a Pandemia do novo CoronaVirus (COVID-19) é o nosso grande desafio de saúde pública do século XXI e o seu enfrentamento só poderá ser realizado eficazmente com políticas públicas idôneas e valorização dos cientistas e todos profissionais da saúde que lutam de forma heróica e incansavelmente para vencermos esta pandemia do novo CoronaVirus. Em suma, o fármaco, chamado dexametasona, é o primeiro a reduzir as mortes pelo coronavírusque matou mais de 430.000 pessoas em todo o mundo. No estudo houve redução de um terço das mortes dos pacientes que estavam em ventilação mecânica devido à infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). [2]
A dexametasona é um esteróide usado desde a década de 1960 para reduzir a inflamação em várias condições, incluindo distúrbios inflamatórios e certos tipos de câncer. Ele está listado na Lista Modelo de Medicamentos Essenciais da OMS desde 1977 em várias formulações e atualmente está disponível na maioria dos países. [4]
No estudo, um total de 2104 pacientes foram randomizados para receber dexametasona 6 mg uma vez por dia (por via oral ou por injeção intravenosa) por dez dias e foram comparados com 4321 pacientes randomizados apenas para os cuidados habituais.
Entre os pacientes que receberam os cuidados usuais isoladamente, a mortalidade em 28 dias foi mais alta naqueles que necessitaram de ventilação mecânica (41%), intermediária nos pacientes que precisaram apenas de oxigênio (25%) e menor entre aqueles que não necessitaram de intervenção respiratória (13%).
No grupo que recebeu a corticoterapia, a dexametasona reduziu as mortes em um terço nos pacientes em Ventilação Mecânica (razão de taxa 0,65 [intervalo de confiança de 95% 0,48 a 0,88]; p = 0,0003) e em um quinto nos pacientes recebendo apenas oxigênio (0,80 [0,67 a 0,96]; p = 0,0021). Não houve benefício entre os pacientes que não necessitaram de suporte respiratório (1,22 [0,86 a 1,75; p = 0,14). [3]
De acordo com resultados, uma morte seria evitada pelo tratamento de cerca de 8 pacientes ventilados ou cerca de 25 pacientes que necessitavam apenas de oxigênio.
Segundo o Diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que “Este é o primeiro tratamento a ser mostrado para reduzir a mortalidade em pacientes com COVID-19 que necessitam de oxigênio ou suporte ventilatório. São ótimas notícias e parabenizo o Governo do Reino Unido, a Universidade de Oxford e os muitos hospitais e pacientes no Reino Unido que contribuíram para esse avanço científico que salvou vidas”. [4]
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Infectologiacomemorou os resultados do estudo e classificou o avanço como:
“Dia histórico no tratamento da COVID-19!”. [5]
O presente estudo traz uma luz no fim do túnel no tratamento de pacientes graves infectados pelo novo CoronaVirus. O estudo em pesquisas clínicas randomizadas de tratamentos como este pode salvar inúmeras vidas em todos países do mundo e, por conseguinte, atenuar os impactos sócio-econômicos oriundos dessa pandemia do SARS-COV-2 que já vitimou muitas pessoas globalmente.
O estudo RECOVERY é um grande estudo controlado e randomizado de possíveis tratamentos para pacientes hospitalizados com COVID-19. Mais de 11.500 pacientes foram randomizados para os seguintes tipos de tratamento, ou nenhum tratamento adicional:
Lopinavir-Ritonavir (comumente usado para tratar o HIV)
Dexametasona em baixa dose (um tipo de esteróide, normalmente usado para reduzir a inflamação)
Hidroxicloroquina (que agora foi interrompida devido à falta de eficácia)
Azitromicina (um antibiótico comumente usado)
Tocilizumab (tratamento anti-inflamatório administrado por injeção)
Plasma convalescente (coletado de doadores que se recuperaram do COVID-19 e contém anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2).
A dexametasona em geral reduziu a taxa de mortalidade em 28 dias em 17% (0,83 [0,74 a 0,92]; P = 0,0007), com uma tendência altamente significativa mostrando maior benefício entre os pacientes que necessitam de ventilação (teste para tendência p <0,001). Mas é importante reconhecer que os pesquisadores não encontraram evidências de benefício para pacientes que não precisavam de oxigênio e que não estudamos pacientes fora do ambiente hospitalar. O acompanhamento está completo para mais de 94% dos participantes.
O estudo RECOVERY é conduzido pelas unidades de ensaios clínicos registrados no Departamento de Saúde da População de Nuffield, em parceria com o Departamento de Medicina de Nuffield. O estudo é apoiado por uma bolsa da Universidade de Oxford do Reino Unido para Pesquisa e Inovação / Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde (NIHR) e pelo financiamento principal fornecido pelo Centro de Pesquisa Biomédica NIHR Oxford, Wellcome, Fundação Bill e Melinda Gates, Departamento de Desenvolvimento Internacional, Health Data Research UK, Unidade de Pesquisa em Saúde da População do Conselho de Pesquisa Médica e Financiamento de Suporte da Unidade de Ensaios Clínicos da NIHR.
O estudo RECOVERY envolve muitos milhares de médicos, enfermeiros, farmacêuticos e administradores de pesquisa em mais de 175 hospitais em todo o Reino Unido, apoiados por funcionários da NIHR Clinical Research Network, NHS DigiTrials, Saúde Pública da Inglaterra, Saúde Pública da Escócia, Departamento de Saúde e Assistência Social e o NHS na Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte. REFERÊNCIAS:
Welcome — RECOVERY Trial n.d. https://www.recoverytrial.net/ (acessado em: 17 de junho de 2020).
Ledford H. Coronavirus breakthrough: dexamethasone is first drug shown to save lives. Nature 2020. https://doi.org/10.1038/d41586-020-01824-5.
Low-cost dexamethasone reduces death by up to one third in hospitalised patients with severe respiratory complications of COVID-19 | University of Oxford n.d. http://www.ox.ac.uk/news/2020-06-16-low-cost-dexamethasone-reduces-death-one-third-hospitalised-patients-severe# (acessado em: 17 de junho de 2020).
WHO welcomes preliminary results about dexamethasone use in treating critically ill COVID-19 patients n.d. https://www.who.int/news-room/detail/16-06-2020-who-welcomes-preliminary-results-about-dexamethasone-use-in-treating-critically-ill-covid-19-patients (Acessado em: 17 de junho de 2020).
INFORME DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS N° 14: DEXAMETASONA NO TRATAMENTO DA COVID-19 Elaborado em 16/06/2020. Disponível em: https://ammg.org.br/wp-content/uploads/f590ba9af0faf1a1490ef0b5f945b9c136dceba586b6fa18b86852927fe72b54.pdf
6.https://www.sciencemag.org/news/2020/04/large-trial-yields-strongest-evidence-yet-antiviral-drug-can-help-covid-19-patients. Acessado em: 17 de junho de 2020. 7. https://coronavirus.saude.gov.br/index.php/manejo-clinico-e-tratamento?fbclid=IwAR0QPYyDym6ksuPQxzOgtBQG1VBtVmieJYZQH7OyVkuD5Xquwl2FfWgGesY. Acessado em: 17 de junho de 2020.
8. The race for coronavirus vaccines: a graphical guide – Nature. Acessado em: 22 de julho de 2020