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Apoio do Sebrae/AM melhora o lucro e o volume de venda do artesanato produzido por indígenas de Barcelos

Em um período aproximado de três anos, o Sebrae no Amazonas, por meio do programa Brasil Original, realizou consultorias especializadas, viabilizou participações em feiras nacionais e promoveu cursos e palestras que aumentaram a qualidade e elevaram a percepção de valor de peças artesanais produzidas por indígenas residentes no município de Barcelos (a aproximadamente 399 quilômetros de Manaus). Hoje, peças que, em 2014, eram vendidas por R$ 30,00, chegam a valer, em média, R$ 350,00, podendo atingir R$ 700,00, a depender do tamanho, dimensões, design e complexidade.

“Muitas vezes o próprio comprador estabelecia o preço dos produtos na hora da compra e como não tínhamos opção de mercado, acabávamos aceitando qualquer valor. Isso era humilhante para o artesão. Hoje, nossa realidade é outra e vemos que nossos produtos têm o devida valor de mercado”, relata Dinalva Campos ao se referir ao apoio recebido do Sebrae nos últimos anos.

A artesã, que é da etnia Dessana, conta que o grupo começou a se organizar por volta de 2012, a partir da criação do Núcleo de Arte e Cultura Indígena de Barcelos (NACIB). Porém, apesar do artesanato indígena ter relativo espaço no mercado, de acordo com ela, o grupo passou por dificuldades financeiras nos primeiros dois anos de atuação. “Naquele período, o valor médio por peça era de, no máximo, R$30,00 e as vendas não eram capazes de oferecer um salário digno aos associados”, conta.

Em 2014, ainda de acordo com Dinalva, o NACIB buscou parceria com o Sebrae, que, por sua vez, passou a prestar apoio e suporte ao grupo de artesãos através do programa Brasil Original Amazonas, um projeto que apoia e valoriza o trabalho de artesãos indígenas e ribeirinhos de todo o Brasil, capacitando-os nos diversos aspectos de suas atividades, desde melhorias nos produtos e novos métodos de fabricação até a gestão de negócios e ações de mercado.

Atualmente, o NACIB é composto por 35 artesãos de diferentes etnias, dentre elas Baré, Baniwa, Tariano, Tukano e Tuyuca. O diferencial do grupo, de acordo com gestora do programa Brasil Original no Amazonas, Lílian Simões, consiste na aplicação de técnicas tradicionais de traçado na confecção das peças artesanais, produzindo diversos produtos como bio-jóias, cestarias e acessórios com a matéria-prima típica da região de Barcelos, a piaçava.

Lílian relata que um dos primeiros trabalhos realizados em prol dos artesãos foi o melhoramento do acabamento das peças por meio de consultorias especializadas e o incentivo ao desenvolvimento de uma linha com novos produtos decorativos, focando nas tendências de mercado. Todas as consultorias foram realizadas, reforça a gestora, sem muita interferência nas habilidades e cultura que os indígenas já possuíam.

“O grupo precisava de uma nova cadeia produtiva, caso contrário não conseguiriam permanecerem no mercado. Com o Brasil Original, os artesãos aprenderam não só a dar respostas de acordo com as demandas do comércio, mas também a alavancar suas vendas com a valorização de seus produtos.” Explica a gestora do projeto, Lilian Simões.

Resultados

Por meio do projeto Brasil Original Amazonas, os artesãos foram apresentados ao estilo de confecção do renomado designer, Sergio Matos, o que abriu portas a novas oportunidades de negócios e divulgação do artesanato indígena de Barcelos em grandes revistas nacionais, como a Casa Claudia, Casa Jardim e Casa Vogue, além de garantir entrevistas para telejornais e até composições de cenários para novelas.

“O Sebrae acredita que o artesão e o designer somam os seus saberes e criatividade. O designer chega às comunidades levando seu conhecimento com relação às perspectivas de mercado e todo o processo é formado e construído de forma coletiva, com foco na identidade local e cultural para gerar produtos diferenciados e competitivos.” Relata Lilian

A partir desse processo, os artesãos também tiveram a oportunidade de comparecer ao evento de design “Paralela GIFT”, em São Paulo, que funciona como um painel do que de melhor se produz em design autoral, alta decoração e arte contemporânea no Brasil. Nesse mesmo evento, os artesões puderam expor suas criações e alcançar uma prospecção de 174 produtos vendidos, gerando assim, uma venda de aproximadamente R$ 86.000,00.

A exposição chamou a atenção de arquitetos, designer de interiores e lojas de grandes marcas como a Artefactos, com quem o NACIB acabou firmando um contrato de exclusividade no valor de aproximadamente R$ 29.000,00, onde foram comercializados 45 produtos de uma nova coleção.

Naquele momento, os representantes do grupo perceberam a importância da disseminação do conteúdo adquirido com o projeto para que os moradores de Barcelos interessados em trabalhar com artesanato também tivessem a oportunidade de aumentar sua renda e garantir melhores condições de vida. Com isso, o NACIB conseguiu expandir o número de participantes e hoje é responsável pela geração de renda de 35 famílias indígenas no município.

Lílian Simões garante que hoje o trabalho NACIB de artesanato é vendido por preços justos e, por conta disso, todos os participantes puderam reformar suas casas, comprar automóveis para o atendimento de suas necessidades de deslocamento e comercialização de produtos, telefones celulares para dar assistência a clientes e outros itens de uso pessoal que fizeram a diferença na vida cotidiana de cada um.

“A gente nem acreditava na imensidão e proporção do sucesso que o nosso artesanato passaria a ter depois do projeto. Hoje, cada artesão sabe o valor do seu produto e onde comercializar, sem correr risco de ser humilhado. Isso não tem preço.”, agradece Dinalva Campos.

Fonte – Sebra/AM

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