Turismo

Bosque da Ciência do Inpa comemora 30 anos de educação e popularização da Ciência em Manaus

O Bosque recebe cerca de 120 mil visitantes por ano, entre público de escolas, moradores, visitantes nacionais e estrangeiros.
O Bosque da Ciência é um dos poucos lugares onde o visitante poderá experimentar um microclima agradável no espaço urbano.
A programação especial de 02 a 06 de abril vai marcar o início das comemorações de aniversário do Bosque da Ciência.

Um fragmento florestal em meio à área urbana de Manaus, um lugar de encantos e que em alguns momentos chega a ser mágico, o Bosque da Ciência permite às pessoas vivências de contato e imersão na natureza. Localizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o parque verde urbano está aberto à sociedade e em abril completará 30 anos de funcionamento. Em três décadas, o espaço já recebeu mais de 2 milhões de visitantes.

Uma programação especial de 02 a 06 de abril marcará o início das comemorações de aniversário do Bosque da Ciência, que tem como slogan Educador por Natureza. Setores, projetos, laboratórios, grupos de pesquisa e parceiros estão apresentando exposições, jogos, palestras, oficinas de pintura, além de visitas guiadas e monitoradas. As atividades serão abertas ao público e gratuitas.

Para o diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira, o Bosque da Ciência é um espaço que também vem se perpetuando como um importante ponto turístico de Manaus e um dos poucos que atua extensamente com a educação científica, popularização da ciência e educação ambiental, além de ser um importante fornecedor de serviços ecossistêmicos, como estabilidade climática e biodiversidade.

“O Bosque da Ciência é um dos poucos lugares em que o visitante poderá experimentar um microclima agradável, no espaço urbano. Esse contato direto com elementos da natureza é revigorante e de um grande benefício para a saúde e bem-estar da população. Manaus ainda precisa de mais áreas verdes e o nosso Bosque é um modelo a ser valorizado e seguido”, pontua.

Atualmente, o Bosque recebe cerca de 120 mil visitantes por ano, entre público de escolas, moradores, visitantes nacionais e estrangeiros. O parque funciona de terça a domingo (segunda é fechado para manutenção), e a entrada é gratuita para todos. Basta agendar pelo site – https://www.gov.br/inpa/pt-br/sites/bosque-da-ciencia/visitacao-agendamento.

História do Bosque da Ciência

Fundado em 1º de abril de 1995, o espaço surgiu com a missão de ser uma área de visitação e de divulgação da pesquisa científica realizada pelos laboratórios do Inpa. O Bosque é o mais antigo parque verde urbano de Manaus. Antes de sua criação, as únicas áreas de contato com a natureza na cidade eram o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), o Zoológico da cidade, e o Parque Municipal do Mindu, que ainda existiam apenas no papel, por meio de decreto.

Conforme o pesquisador do Inpa, o botânico Juan Revilla, uma área onde hoje se encontra o Bosque da Ciência, no bairro de Petrópolis, foi, no passado, utilizada para extração de madeira para produção de carvão. Durante o processo, a mata original foi desmatada e resistiram apenas às árvores de troncos mais duras e fortes. Alguns desses exemplares florísticos, como o Uxi Amarelo, o Visgueiro e a Tanimbuca (árvore com idade estimada em 600 anos), ainda são encontrados no parque, sendo remanescentes do vegetação nativa.

Revilla é um dos principais fundadores do Bosque e relembra que na gestão do diretor Herbert Schubart, em 1986, surgiu a proposta de transformar a área em um Jardim Botânico. Assim, iniciou o planejamento de mudas a partir de sementes coletadas por pesquisadores e auxiliares de campo em excursões científicas, e na mesma época iniciaram a abertura das trilhas que, até hoje, são usadas pelos visitantes.

No entanto, na época não existia uma força de trabalho exclusiva para formação do Jardim Botânico, e a comunidade do Inpa se dedicava ao projeto quando possível, entre uma viagem de campo e outra. Um dos maiores problemas enfrentados durante a composição eram as ocupações irregulares no entorno do campus do Inpa, entre os bairros Petrópolis e Aleixo. Não havia paredes de proteção, e a área do Inpa começou a sofrer pressão e parte dela a ser ocupada.

Com o fim da gestão de Herbert, o projeto do Jardim Botânico foi apresentado ao pesquisador José Seixas Lourenço, que substituiu o Inpa como diretor, vindo do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA). Juntamente com Juan Revilla, o diretor abraçou o projeto e desenvolveu um trabalho em parceria com a Prefeitura de Manaus e a Secretaria de Educação do Estado, já que o Bosque dividia espaço com a Escola Estadual Djalma Batista, localizada na Avenida General Rodrigo Otávio.

Naquele período, muitas empresas doaram materiais para construção do Bosque da Ciência, e um dos primeiros passos foi a construção de um muro para evitar as invasões e continuar a construção das trilhas. Revilla recorda que durante esse processo, pesquisadores e membros da comunidade do Inpa realizaram um trabalho de conscientização com os moradores ao redor do instituto. O trabalho, realizado aos domingos no Inpa, tinha o objetivo de sensibilizar a população sobre a importância do instituto e a necessidade de preservação do Bosque.

“Antes de se tornar o Bosque da Ciência, o local foi quase um zoológico, onde era possível ver animais como os peixes-bois da Amazônia e ariranhas, que já existiam, e uma vez, que na época era atração principal. A população pode ver de perto também um lago com piranhas-pretas, que sempre aguçaram o olhar curioso da criança, além de ser uma área destinada à apresentação da fauna local”, conta Revilla.

O Bosque também desenvolveu um sistema de reaproveitamento de água, que funciona até hoje. A água utilizada do tanque dos peixes-bois descia para ser reaproveitada no antigo lago das piranhas, depois batizada de recanto dos Inajás, e na sequência para o Lago Amazônico, na área mais baixa do parque, que hoje abriga uma rica diversidade de quelônios amazônicos. Com o passar dos anos, o sistema foi sendo aprimorado e melhorado.

Pequenos Guias

Um ano antes da inauguração do Bosque da Ciência, em 1994, a pesquisadora Maria Inês Gasparetto Higuchi coordenou o projeto “Pequenos Guias”, que envolvia adolescentes de 10 a 14 anos, que moravam nos bairros ao redor do Inpa. O projeto tinha como objetivo incluir esses adolescentes num projeto de educação ambiental e como exercício final poderem socializar com os visitantes o que aprenderam no processo educativo.

Conhecidos como os Pequenos Guias do Bosque da Ciência, muitos meninos e meninas adquiriram uma visibilidade na cidade e fora dela, sendo eles da comunidade com o Inpa. Em 2010 o projeto foi descontinuado, mas grande parte desses ex-Pequenos Guias se tornou referência social e profissional na área ambiental. Alguns deles acompanharam seu caminho dentro e fora do Inpa, como professores, mestrandos e doutorandos.

“Esse projeto foi fundamental não só para o Inpa, mas também para os jovens e suas comunidades. Até hoje o trabalho realizado pelos Pequenos Guias é lembrado com carinho e apreço por todos os envolvidos”, destaca a investigadora Maria Inês Higuchi.

 

Fonte – Ascom

Foto – Paulo Vinicius

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