A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reuniu associações e cooperativas de produtores de borracha natural e representantes das Federações de Agricultura para debater alternativas de curto, médio e longo prazo para aumentar a competitividade do produto brasileiro. As ações serão apresentadas ao Grupo de Trabalho da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX).
Atualmente, a borracha importada de outros países, especialmente da Ásia, entram no Brasil com uma alíquota de importação de apenas 4%.
Para o presidente da Comissão Nacional de Silvicultura da CNA, Walter Rezende, é necessário encontrar soluções para aumentar a competitividade da heveicultura no Brasil.
“Em 2016, o setor da seringueira enfrentava dificuldades, momento em que a CNA solicitou a elevação da tarifa de importação da borracha natural para 14%. A elevação ocorreu por meio da inclusão da borracha na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (LETEC). No entanto, esse prazo venceu em outubro de 2017. Desde então, a CNA tem desenvolvido ações junto aos ministérios que compõem a CAMEX, para que a tarifa de 14% fosse mantida, mas o pleito entrou em votação na última reunião da Câmara e não foi atendido. Agora, nós estamos em busca de ações para valorizar a produção nacional, incrementar a produtividade e reduzir o custo de produção, de forma a competir de forma mais justa com os países asiáticos”, observou Rezende.
A seringueira (Hevea brasiliensis L.) é uma espécie nativa do Brasil. Essa característica permite que os cultivos tenham uma grande sintonia com a vegetação nativa não cultivada. Essa sintonia aliada às legislações ambiental e trabalhista extremamente rígidas, faz da heveicultura brasileira a mais sustentável do mundo. Uma das ações deliberadas na reunião foi a busca de mecanismos para valorização dessa sustentabilidade.
“Os países asiáticos, que hoje dominam a produção de borracha no mundo, possuem legislações trabalhistas e ambientas extremamente brandas, quando comparadas as brasileiras. Além disso, se sabe que a borracha natural brasileira possui uma qualidade superior à produzida nesses países, além de se obter aqui uma maior produtividade. O que precisamos para competir de igual para igual é de ações de curto, médio e longo prazo que permitam a construção de um ambiente de mercado favorável a produção da borracha natural no Brasil. Nessa reunião iniciamos uma discussão em busca de um planejamento estratégico para o setor, que venha a atender os anseios dos produtores rurais “, destacou o assessor técnico da CNA, Maciel Silva.
Ainda na reunião foi criado um Núcleo de Execução, no âmbito da Comissão Nacional de Silvicultura da CNA para discutir o aumento da competitividade da heveicultura nacional. O núcleo terá reuniões periódicas e contará com a participação das principais associações e cooperativas do setor, Federações de Agricultura, órgãos de assistência e extensão rural e instituições de ensino e pesquisa. O objetivo é identificar os principais entraves para a produção de borracha e propor soluções.
Além do desenvolvimento econômico, as ações de melhoria da competitividade da borracha natural brasileira promoverá o também o desenvolvimento social no país. “Precisamos mostrar qual o valor do homem do campo, que é insubstituível na extração do látex. No mundo ainda não existe máquina para realizar a sangria. As ações aqui propostas trará benefícios diretos aos produtores e trabalhadores rurais do Brasil”, declarou o presidente da Associação de Heveicultores de Mato Grosso, Ricardo Camargo.
O presidente da Câmara Setorial da Borracha Natural do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fernando Guerra, que também é Diretor Executivo da Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural, informou que será realizado diagnóstico da cadeia produtiva no Brasil a partir de um acordo de cooperação entre o Mapa e a Embrapa.
“É necessário termos uma fotografia atual da heveicultura brasileira para sabermos qual o potencial de produção. Com esse levantamento vai ser possível encaminhar os dados ao Núcleo de Execução para a tomada de decisões para a melhor remuneração dos produtores”, ponderou Guerra.
Fonte – CNA