Os momentos de crise, embora difíceis e aflitivos, muitas vezes servem como propulsores de um sentimento geral de solidariedade e acabam por revelar atores sociais importantes. Um bom exemplo disso veio nesta sexta-feira (27), durante a Plenária Extraordinária Digital, do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Manaus (Codese Manaus), entidade sem fins lucrativos que tem se debruçado sobre os problemas da cidade.
O grupo, formado por empresários, profissionais liberais e membros da sociedade civil organizada, tem buscado soluções para as questões econômicas e sociais ligadas à pandemia do novo coronavírus. Diante da necessidade de diminuir os impactos econômicos e sociais da crise, a entidade propôs a criação da campanha “Manaus Mais Humana”. O objetivo é captar doações financeiras que serão destinadas a pessoas desempregadas neste período de combate intensivo a proliferação da Covid-19do, doença causada pelo novo coronavírus.
“O número de pessoas fragilizadas economicamente após a proibição quase que generalizada do funcionamento do setor produtivo, ampliou sensivelmente as possibilidades de caos. Sem emprego, muitos passarão fome, o que pode levar a saques e roubos. Os valores apurados durante a campanha Manaus Mais Humana serão investidos em cestas básicas, que serão doadas a pessoas que se enquadram nesta situação de vulnerabilidade”, explicou o presidente do Codese Manaus, Romero Reis.
Doações
De acordo com empresário, a ideia inicial era criar um aplicativo gratuito para facilitar a captação das doações. No entanto, como o período de criação do app poderia durar pelo menos duas semanas e a falta de recursos já bate à porta de muitas famílias em virtude do fechamento de grande parte da atividade econômica local, a ideia de utilizar um aplicativo acabou sendo postergada, pelo menos temporariamente.
As doações devem ser feitas via transferência bancária para uma conta do Codese, que será informada ao longo da próxima semana. “As doações financeiras facilitarão a ajuda humanitária que muitos desejam fazer e devido ao isolamento não podem contribuir, levando produtos até postos de coleta. O Codese quer auxiliar a população de Manaus a superar esta fase garantindo o alimento na mesa”, declarou Romero Reis.
Para dar transparência à aplicação dos recursos doados, o Codese publicará em suas mídias sociais as entregas das cestas para as pessoas que perderam o emprego devido à diminuição da atividade econômica.
Reabertura de empresas
Na reunião do Codese, dois dos principais itens da pauta foram a queda de produtividade dos diversos setores econômicos e a retomada dos trabalhos, resguardando a saúde de empregados, patrões e clientes. “O que me preocupa é a paralisação de forma açodada. O cidadão que está do outro lado da ponte, plantando alface para vencer na capital, não vai aguentar um período prolongado de isolamento. O rearranjo é prudente. A prudência é o melhor caminho neste momento. Cuidar da saúde é vital, sem esquecer dos outros aspectos da vida do cidadão”, ponderou o professor Carlos Barros, membro do Codese.
A construção civil foi um dos setores mais afetados pela interrupção da atividade econômica. Os canteiros de obras que voltaram a operar em ritmo acelerado, agora, trabalham em marcha lenta sem perspectiva de melhora no curto prazo. “Procuramos não parar por completo as obras. Mas reduzimos significativamente o ritmo de trabalho, afastamos os funcionários integrantes do grupo de risco e entramos em compasso de espera. Quando a construção civil para, para junto o serviço do marceneiro, do serralheiro, do pintor. Quebra-se um ciclo inteiro de produção, que é difícil recompor. Leva muito tempo. O Estado deveria investir na saúde e não fechar empresas. Dar dinheiro para as pessoas não resolve o problema”, posicionou-se José Henrique Lanna, CEO da Mixcon, empresa que constrói o Parque Mosaico, primeiro bairro planejado de Manaus.
O Codese Manaus produzirá ainda um documento, uma Carta Aberta à Sociedade Amazonense, contendo o posicionamento da entidade neste momento de pandemia e de estagnação econômica e social. “Os integrantes de grupo de risco como idosos e pessoas com sérias doenças pré-existentes devem ficar isolados para sua proteção. Os saudáveis devem voltar ao trabalho neste início do mês de abril. Cuidar dos problemas de curto prazo é essencial, sem esquecer das consequências em longo prazo. O setor produtivo, alinhado com as normas de saúde no que tangem a prevenção, voltará a operar para garantir o salário e o bem-estar da população, assim como os recursos para que os governos promovam o atendimento necessário para a manutenção da vida”, ponderou o presidente do Codese Manaus, Romero Reis. “Os indivíduos devem dar sua contribuição, protegendo seus familiares e evitando o contágio coletivo, mas também preservando a atividade econômica que dá sustentação para as famílias”, finalizou.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação