Corante natural a partir de fungos encontrados em frutos amazônicos
Os fungos encontrados em frutos de espécies nativas da Região Amazônica como buriti, tucumã e
pupunha estão sendo analisados com objetivo de serem utilizados como fonte produtora de pigmentos
naturais, ou seja, para serem usados como colorantes com ação antioxidante ou atividade pró-
vitamínica A. Os pigmentos poderão ser aplicados nos setores alimentício, farmacêutico e cosmético.
A pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP) conta com apoio do Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), no âmbito do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós Graduandos do Estado do Amazonas (PROPG-AM).
Segundo a doutoranda em Biotecnologia Industrial Daiana Torres, para o crescimento dos
microrganismos serão utilizados resíduos provenientes do processamento da mandioca, com objetivo de reaproveitar e destinar de forma adequada os resíduos, uma vez que o volume de produção e
processamento da mandioca é alto na região.
A pesquisa iniciou em 2015 e tem previsão para terminar no primeiro semestre de 2019 com a defesa
da Tese de Doutorado. A avaliação antioxidante e da atividade pró-vitamínica desses pigmentos ainda
estão na análise.
“A pesquisa traz diversos benefícios como a obtenção de pigmentos naturais e com propriedades
químicas benéficas ao organismo humano, que podem ser utilizadas pelas indústrias alimentícias,
farmacêuticas ou cosméticas. Podemos destacar também o reaproveitamento dos resíduos provenientes
do processamento da mandioca, que é uma das culturas de maior volume de produção na Região Norte, o que pode agregar valor a este subproduto agrícola”, destacou.
A pesquisadora explicou ainda que os pigmentos naturais já encontram aplicação na indústria
alimentícia, onde são utilizados para realçar a cor de alguns alimentos, como por exemplo, do
salmão.
“Além de pigmentar ou realçar a cor em alimentos, os carotenoides podem possuir características
muito interessantes para a indústria farmacêutica e de cosméticos, pois como já foi dito, eles
podem possuir atividades antioxidantes, que protegem as células sadias do nosso corpo contra as
lesões e os demais danos causados pelo excesso de radicais livres, e ainda apresentam como
potenciais fontes de vitamina A”, acrescentou.
Isolamento – A pesquisa está sendo desenvolvida na Escola de Engenharia de Lorena (EEL\USP), onde
estão sendo realizadas as atividades de processos fermentativos para a produção dos pigmentos a
partir das leveduras isoladas e cultivadas nos resíduos de mandioca pré-tratados. E no Laboratório
Micologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), onde foram realizados os
isolamentos e a identificação das leveduras (fungos).
Daiana disse que como pré-requisito para o isolamento foi definido que apenas as leveduras que
apresentassem coloração seriam de fato isoladas, assim, foi proposto inicialmente, o isolamento das
leveduras a partir dos frutos de espécies nativas da Região Amazônica, como o buriti, tucumã e
pupunha, coletados em área de Reserva Florestal em Manaus, porém, não foi possível isolar leveduras
coloridas de todos os frutos coletados, sendo assim, incorporadas leveduras isoladas de outros
ambientes, como água e solo.
“Isolar, significa cultivar (crescer) as leveduras fora do seu ambiente natural, ou seja, em meio
de crescimento sintético que simula o ambiente natural. Assim, as leveduras utilizadas neste
trabalho serão leveduras que crescem naturalmente na superfície de frutos, e que a partir de
técnicas laboratoriais específicas serão retiradas dessas superfícies e transferidas para placas de
Petri (vidraria de laboratórios), contendo o meio de cultivo que possui substâncias importantes
para o crescimento destas leveduras”, disse.
PROPG-AM – O programa concede bolsas de mestrado e doutorado a profissionais graduados, residentes no Estado do Amazonas há, no mínimo, quatro anos, interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu, em Programa de Pós-Graduação recomendado pela CAPES em outros Estados da Federação.
“A Fapeam tem apoiado o desenvolvimento desta pesquisa, a partir da concessão da bolsa auxílio, que
permite minha manutenção e estadia na cidade de Lorena (SP) para realizar as atividades referentes
à pesquisa, o que também possibilita a troca de informação e de conhecimento com profissionais
experientes e com grande conhecimento na área de estudo, podendo firmar entre pesquisadores da
Região Sul e Norte do Brasil, a fim de promover o desenvolvimento científico no Amazonas”,
finalizou.
Fonte – Secom