1. A mãe prematura tem sua fisiologia de produção de leite completada nas 14 semanas de gestação. Então o que ocorre a partir daí não será devido à prematuridade, mas a múltiplos fatores somados. O importante é saber que a habilidade da amamentação é atingida na 14ª. semana de vida do bebê.
2. A prematuridade não é um estigma que vai acompanhar o bebê pelo resto de sua vida. Ser prematuro é um fardo pesado demais para ser carregado por um ser vivo com habilidades e potenciais absolutamente gigantescos e muito mais fortes do que pode supor sua aparente fragilidade.
3. À medida que a ciência da amamentação avança, a metodologia de abordagem vai se aproximando cada vez mais do cuidado materno como prioridade, entendendo que o sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida, como explicou Cicely Saunders
4. Cada vez mais se chega à conclusão de que não existe um peso ou uma idade gestacional próprias para iniciar a sucção ao seio em um bebê prematuro, conquanto é o conjunto de sua condição clínica, especialmente a habilidade de coordenar respiração, sucção e deglutição de modo sereno, o que muitas vezes pode se dar com bebês com peso abaixo de 1400 gramas, exigindo do profissional um olhar cada vez mais focado no todo, no amplo, no global, e não nas frações que invariavelmente mentem e são condutoras de falhas e atraso para a ciência e principalmente para a evolução de nossos bebês
5. A grande contribuição da presença da família no cuidado com o bebê tem conduzido a Neonatologia a terrenos que há 40 anos atrás eram inimagináveis. A Metodologia Mãe Canguru, como é conhecido no mundo inteiro, trazendo a mãe para junto de seu filho, funcionou como uma verdadeira chama de amor reavivando o vínculo afastado pela ciência tecnicista. A maternagem nascida e estimulada por este processo valeu como uma semeadura de ocitocina que seria responsável pela nova onda de descida de leite de mães que viviam soterradas por uma ciência que não escutava sua dor suficientemente
6. O advento dos Bancos de Leite Humana, das técnicas de ordenha seriada, dos treinamentos e capacitação de pessoal não apenas para manipulação de mamas, mas para ouvir e acolher mães em estado de sofrimento, bem como suas famílias, tem sido da mesma forma um ponto de destaque para superar os momentos de dificuldade que não serão poucos, nem breves, nem leves. As mães devem estar orientadas a buscar apoio e os serviços devem estar organizados para manter suas portas abertas para receber as demandas maternas em seus momentos de necessidade, porque dor nenhuma se sustenta sem que uma mão treinada seja estendida para apoiá-la
7. Não existe um medicamento para aumentar o leite. Nenhuma mãe deve, com objetivo de melhorar sua produção, sair buscando orientação com outras mães não experientes, na internet, em farmácia, em outras fontes, de remédios que possam aumentar sua produção de leite.
Existem medicamentos que têm esse efeito colateral, porém somente devem ser usados de forma extremamente criteriosa, cada vez menos frequente, e sempre com orientação médica e em acompanhamento de outras medidas.
8. O uso de dispositivos como bombas, bicos, protetores, conchas, soutien especiais e toda sorte de itens lançados pela indústria para apoio a nutriz como essenciais devem ser utilizados com orientação profissional e indicação específica. A amamentação provocou o surgimento de um mercado que sem orientação é irresponsável e perigoso. No caso de um bebê prematuro esse perigo pode ser irreversível.
9. O apoio de um consultor experiente pode ser o caminho seguro para uma jornada difícil. O treinamento de um profissional habilita o mesmo a fazer a mãe prematura a escapar de armadilhas da postura, das emoções, do dia a dia, da crise familiar, da evolução por vezes longa e instável dos dias de UTI
10. A obediência às regras das técnicas da amamentação, clássicas, associadas às técnicas de relaxamento e ordenha seriada e contínua da mama podem trazer bom resultado. O conhecimento da fisiologia de tudo que acontece durante os dias que se seguem ao nascimento até o amadurecimento da mama vai ajudar a mãe a entender o colostro, a descida do leite, a chegada do leite maduro, a dificuldade que o estrese impõe à descida do leite e à facilidade com que o leite desce quando a calma e a tranquilidade tomam conta do coração materno.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação