O dia 24 de janeiro marca o Dia Internacional da Educação, data assinalada pela Assembleia Geral da ONU para destacar o papel da educação para a paz e o desenvolvimento sustentável, além de ser especialmente essencial para a formação de todas as camadas da sociedade, desde a alfabetização ao ensino superior. E em meio a um cenário marcado pela mudança climática e suas respectivas consequências, a educação, especificamente a educação ambiental, estabelece-se como ponto de partida para a conscientização e pesquisa de iniciativas frente ao perigoso cenário.
Segundo o professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico (IO) da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano do Instituto de Estudos Avançados (IEB-USP), a educação ambiental já é uma área estudada e trata-se de um assunto essencial para a formação dos jovens. “Tem que começar desde cedo e não parar. Estamos falando de uma abordagem que se confunde com o nosso próprio viver. Não é uma questão de educação ambiental como algo à parte da essência da nossa atuação como cidadão ou como uma cidadã”, explica o professor.
O tema ainda é oficializado pela lei nº 9.795, instituída em 1999 e conhecida como Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), promovendo princípios, diretrizes e objetivos para a Educação Ambiental no Brasil, através da conscientização e ações para a preservação do meio ambiente, uso sustentável dos recursos naturais e outras ações. Para Turra, a educação ambiental é advinda de um longo processo de fortalecimento da noção de participação da população. “Quando a gente fala de educação ambiental ou educação para a cidadania, a gente não está falando de defesa dos direitos do consumidor. Estamos falando de coisas muito mais amplas que demandam que as pessoas integrem alguns elementos, como o conhecimento, que elas sejam motivadas para se entenderem como agentes da transformação.”
Grade curricular
O tema já se encontra incluso na grade curricular nacional comum, mostrando-se presente e citado em diferentes disciplinas. Entretanto, para o professor, a total abordagem ao tema ainda precisa avançar para ser totalmente efetiva na formação política dos jovens, pois, para o Turra, a educação ambiental trata-se muito além do panorama ambiental, incluindo o político também, “Quando falamos de educação ambiental, a gente está falando de ato político, de defender princípios, de defender caminhos que pressupõem uma visão acolhedora, uma visão inclusiva, uma visão que trata não o particular, mas sim o coletivo”, detalha.
E, para isso, o coordenador da Cátedra Unesco ainda ressalta a importância dessa educação para a disseminação de informações científicas corretas e confiáveis, evitando as consequências das fake news, na população e, principalmente, entre os jovens. “Criamos artifícios, estratégias para blindar as pessoas de notícias falsas, que têm a ver, implicam não só a questão ambiental, mas com uma forma de ler o mundo e uma forma de buscar a autonomia dessas pessoas, para que elas possam exercer a sua autodeterminação e sua cidadania de uma forma mais plena. A educação ambiental, especialmente a crítica, ajuda a gente a exercitar e esmiuçar as questões para que a gente procure a origem e possa, então, atacá-la de forma sistêmica e estruturante.”
Fonte – USP
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