A recente onda de calor está afetando o preço dos ovos. Por serem muito perecíveis, eles estão sendo vendidos por preços mais baratos para que não se perca a produção. Veja abaixo o que mais afeta a cotação do produto.
Calor fora de época
Muita oferta e tempo quente jogam o preço para baixo. Os produtores estão oferecendo ovos com desconto para o consumidor, já que a temperatura mais alta diminui a vida útil do produto, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz da Universidade de São Paulo). Entretanto, o alívio para quem compra é temporário.
Sol forte tem impacto direto na qualidade do produto. As altas temperaturas causam estresse térmico nas galinhas, que se alimentam menos e produzem ovos menores, afirma a analista de mercado pecuário do Cepea, Juliana Ferraz. Em galpões sem climatização, como são geralmente as granjas de pequenos e médios produtores, as galinhas ficam mais suscetíveis ao clima.
Estresse térmico pode levar as galinhas à morte. Segundo Juliana, há relatos de produtores sobre a morte de “400 galinhas por dia” por causa dos termômetros acima de 30ºC.
Queda de preço não é comum nesta época do ano. A onda de calor costumava impactar os valores apenas no verão, afirma Juliana. Segundo ela, os preços começam a cair a partir de dezembro, mas este ano aconteceu no inverno e na primavera.
Preços chegaram a cair 30%
Valor da caixa de ovos cai 30% em 4 meses. Na cidade de Bastos (SP), referência na produção do estado paulista, a caixa com 30 dúzias de ovos vermelhos foi vendida a R$ 221,30 em 19 de maio e a de ovos brancos, a R$ 191,87 em 30 de maio. Na última segunda-feira (25), os preços eram de R$ 152,60 e R$ 134,08, respectivamente, segundo o Cepea, uma redução de 31% e 25%.
Preço da proteína cai, mas saldo do ano é de alta de dois dígitos. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), a prévia da inflação, mostra que o ovo de galinha ficou 3,77% mais barato em setembro, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado do ano, a alta é de 11,67%, puxada principalmente pela retração da oferta de fevereiro a maio, e valorização de 15,61% na soma dos últimos 12 meses.
“O produtor tem um custo menor hoje, mas o cliente não sente esse impacto positivo no bolso porque existe uma questão mercadológica que envolve produção, distribuição e venda até o consumidor final”, Juliana Ferraz, pesquisadora do Cepea.
Efeito sazonal deve acabar em outubro
Situação deve melhorar em outubro. A previsão de temperaturas mais moderadas na virada do mês pode ajudar a frear a queda de preços, afirma o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin.
Fim de ano é época de maior consumo de ovos. As contratações temporárias e o 13º salário para os trabalhadores com carteira assinada eleva o poder de compra da população, avalia o diretor da HN Agro, Hyberville Neto. Por ser uma proteína muito presente na mesa do brasileiro, é difícil pensar que os ovos serão deixados de lado, afirma.
“Esperamos que essa onda de calor intenso não se repita durante outubro e deva se estabilizar, assim como o impulsionamento de vendas que talvez tenha tido reflexo no preço. A partir agora, o mercado de ovos vai se estabilizar mais porque o consumo é maior no final do ano”, Ricardo Santin, presidente da ABPA.
“O calor realmente afeta a vida útil dos ovos de galinha. Mas eu não sei dizer se esse é um ponto que deve mudar o cenário [do mercado avicultor]. É um ponto de atenção, mas temos que acompanhar até que ponto as altas temperaturas vão seguir nessa mesma força”, Hyberville Neto, diretor da HN Agro.
Fonte – Ovosite
Foto – Divulgação