O fenômeno da longevidade humana pode ser observado através das estatísticas do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística – IBGE ao longo das últimas décadas. Nesse sentido, a população brasileira manteve a tendência de envelhecimento dos últimos anos e ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017[1]. Cabe-nos, ainda destacar que as mulheres são maioria expressiva nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo).
De acordo com Alvarenga e Brito (2018), o envelhecimento populacional continuará sua marcha ininterrupta ao longo do século XXI. No ano de 2055, as projeções do IBGE indicam o montante de 34,8 milhões de jovens (0-14 anos) e de 70,3 milhões de idosos (60 anos e mais).
Diante deste cenário, inferimos que se trata de um tema complexo, sendo necessário a realização de pesquisas que visem preencher as lacunas, ainda obscuras, no que se refere ao processo de envelhecimento da população brasileira. É nesse contexto que emerge o nosso desejo de investigar o envelhecimento humano com o objetivo de compreender como as identidades e as memórias dessa população se articulam, dando sentido ao processo de envelhecimento, sob a perspectiva dos envelhecentes do Centro Municipal de Convivência da Família em Tefé (CMCF).
A escolha da temática é uma proposta provocativa que busca de despertar nos leitores uma reflexão mais profunda acerca da importância do lugar social da pessoa idosa em nossa sociedade. Pois, acreditamos que “a velhice não é um fato estático; é o resultado e o prolongamento de um processo. […] Esta ideia está ligada à ideia de mudança” (BEAUVOIR, 2018, p. 14).
Diante dessas justificativas, o referido tema foi inspiração para a construção da dissertação de mestrado intitulada “Memórias e Identidades do ser idoso: as experiências do Centro Municipal de Convivência da Família de Tefé (AM)”, sendo, posteriormente, foi publicada no formato de livro, sob o título “Envelhecimento e o Tempo da Velhice em Tefé (AM), pela editora Autografia no ano de 2021.
O lançamento oficial do livro transcorreu em Manaus (AM), no dia 26/03/2022 pela Livraria Nacional. Havendo, também, o lançamento por Tefé (AM), no dia 29/03/2022, no auditório da Universidade do Estado do Amazonas (CEST/UEA) com a apresentação de uma mesa redonda com a participação de pesquisadores e de profissionais que desenvolvem trabalhos com pessoas idosas no município. O referido livro já se encontra disponível para venda, tanto no formato digital (Ebook) como físico, nas principais plataformas digitais como: Amazon, Submarino, Extra e Lojas Americanas. Podendo, também, ser adquirido no site da editora.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com a utilização da técnica da história oral. Foram realizadas entrevistas com idosos, de ambos os sexos, credos, raça, classe social, pertencentes a faixa etária entre 60 e 90 anos integrantes do grupo de convivência Renascer do CMCF. Como suporto teórico para elaboração do trabalho foram utilizados autores como: Norberto Bobbio (1997), Minayo e Coimbra Jr. (2002), Nobert Elias (2001), Ecléa Bosi (2003/2004), Maurice Halbwachs (2004), Jöel Candau (2005/2018), Stuart Hall (2006), Grita Debert (2012), Simone de Beauvoir (2018), entre outros.
Por fim, mas não menos importante, foi possível constatar que o processo desconstrução/construção das identidades é contínuo, inclusive na velhice, e que o envelhecimento não é um processo triste ou doloroso. Ao contrário, produz momentos felizes e prazerosos, que ficam registrados na memória. Em síntese, o processo de envelhecimento é uma etapa da vida classificada pelos idosos, em especial pelas mulheres idosas, como a fase do “poder fazer” e da “liberdade”. Constatamos que reviver o passado através das lembranças é uma maneira de ressignificar o presente, tendo como referência as imagens e representações que povoam nossa memória. Essa reflexão permite classificar as identidades como um processo singular e, em constante processo de construção.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação