Pesquisadores no Amazonas estão empenhados em estudo e metodologia contra o coronavírus.
ANANIAS ALVES CRUZ – 1
ANTÔNIO JOSÉ BITTENCOURT ROSA – 2
BRENA DE OLIVEIRA ANCHIETA – 3
BRUNNO DANTAS – 4
CLEINALDO DE ALMEIDA COSTA – 5
EVANDRO DA SILVA BRONZI – 6
JOHNSON PONTES DE MOURA – 7
RANNI PEREIRA SANTOS DANTAS – 8
RODINEI LUIZ DA SILVA BUCCO JÚNIOR – 9
MARIA RAIKA GUIMARÃES – 10
CARLOS EDUARDO MENDES PINTO – 11
CARLOS VICTOR BESSA CORREA – 12
DONARD CEZAR ASSIS DE MORAES – 13
HENRIQUE MOREIRA SCHMIDT – 14
1 – PROFESSOR ADJUNTO DOS CURSOS DE ENFERMAGEM, ODONTOLOGIA E MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA E DOUTOR EM CIÊNCIAS EM FITOPATOLOGIA- USP;
2 – MESTRE EM IMPLANTODONTIA – SÃO LEOPOLDO MANDIC- CAMPINAS/SP;
3 – 13,14,3 DISCENTES DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS;
4 – MÉDICO OFTAMOLOGISTA- CRM 5270201-3;
5 – REITOR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA E DOUTOR EM MEDICINA PELA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO- FMUSP;
6 – Especialista em ortodontia e ortopedia facial – UNESP – SP / CFO;
Mestre em Odontologia – área de Ortodontia – UNESP / Araraquara /SP-
Doutor em ciências odontológicas – área de Ortodontia – UNESP / Araraquara / SP;
7 – ENGENHEIRO QUÍMICO E MESTRE EM ENGENHARIA QUÍMICA PELA UFRN; DISCENTE DO CURSO DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS- UEA;
8 – Médica oftalmologista CRM PR 39762. Especialização em oftalmologia pela Clínica Oftalmológica de Pernambuco com conclusão em 2005, Fellow em Catarata e glaucoma pela Fundação Leiria de Andrade em 2006, observership em glaucoma pelo Jules Stein Eye Institute em UCLA/Califórnia/USA em 2006, Membra do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Academia Americana de Oftalmologia;
9 – Possui Graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Santa Maria; Mestre e Doutor em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic Campinas/SP.
10 – Mestre em Imunologia Básica e Aplicada/ PPGIBA- UFAM (2014). Especialista em Infectologia pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA (2013). Possui graduação em Enfermagem pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA (2010). Atualmente é Professora Assistente da Escola Superior de Saúde da Universidade do Estado do Amazonas (ESA/UEA), atuando nas disciplina de Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem, Interpretação de Exames Complementares. Compõe o corpo docente da Residência em Enfermagem Obstétrica e Neonatal da Universidade do Estado do Amazonas
11 – PROFESSOR DO CURSO DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS (UEA), MÉDICO PELA FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS (RJ) E MESTRANDO EM CIRURGIA PELA UFAM- UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS;
12 – COORDENADOR-GERAL DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS-UEA;
EMAIL: jsolar07@gmail.com
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020), a reação cadeia Polimerase (PCR) é uma das tecnologias mais poderosas da biologia molecular. Usando a PCR, sequências específicas dentro de um modelo de DNA ou podem ser copiadas ou “amplificadas”, milhares a um milhão de vezes, usando sequências de oligonucleotídeos específicos , polimerase de DNA estável ao calor e ciclagem térmica. Na PCR em tempo real, a quantidade de DNA é medida após cada ciclo por meio de corantes fluorescentes que produzem um sinal fluorescente crescente em proporção direta ao número de moléculas do produto de PCR (amplicons) geradas.
Vale pontuar que a principal vantagem do RT-PCR tem sido sua velocidade e sensibilidade. Depois de usar um swab da faringe posterior do paciente, uma amostra pode ser enviada ao laboratório para fornecer resultados em poucas horas. E como apenas uma quantidade muito pequena de RNA viral precisa estar presente para amplificação, esses testes são altamente sensíveis na detecção de vírus em uma amostra. Controlando as etapas de anelamento, extensão e denaturação com mudanças na temperatura, a amostra inicial de DNA ou RNA viral pode ser amplificada exponencialmente, seguida pela adição de sondas específicas que produzem um sinal detectável (geralmente fluorescente) para confirmar o agente etiológico.
No entanto, o diagnóstico da COVID-19 por RT-PCR tem suas limitações. A detecção do SARS-CoV-2 de swabs faríngeos requer amostras de alta qualidade que contêm uma quantidade suficiente de RNA viral intacto. Ainda, as cargas virais de SARS-CoV-2 no trato respiratório mostraram variar consideravelmente. Isso não apenas levou a altas taxas de falso-negativos, com casos prováveis permanecendo negativos após o uso de vários swabs, mas também está expondo os profissionais de saúde ao risco de infecção.
Para países com recursos limitados, a infraestrutura de diagnóstico e de treinamento são ainda mais difíceis, com muitos sistemas de saúde com apenas alguns laboratórios e técnicos espalhados por vastas áreas geográficas. Governos e organizações privadas estão trabalhando rapidamente para aumentar a capacidade e a velocidade dos testes de PCR, mas como os laboratórios estão sobrecarregados por números crescentes de casos, atrasos e completa falta de testes estão se tornando muito comuns.
Imunoensaios (Teste de imunidade)
Os imunoensaios são testes químicos usados para detectar ou quantificar uma substância específica, em uma amostra de sangue ou de fluido corporal, usando uma reação imunológica altamente sensível e específica. Sua alta especificidade resulta do uso de anticorpos e antígenos purificados como reagentes. Um anticorpo é uma proteína (imunoglobulina) produzida pelos linfócitos B (células imunes) em resposta à estimulação por um antígeno. Portanto, imunoensaios medem a formação de complexos antígeno-anticorpo e os detectam através de uma reação indicadora conforme a referência ([1] Jiang, F., Deng, L., Zhang, L. et al. Review of the Clinical Characteristics of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). J GEN INTERN MED, 2020).
Portanto, fica evidente que os imunoensaios são baseados nos princípios de que antígenos específicos estimularão respostas imunes muito específicas; um anticorpo, que se liga a uma proteína específica do vírus em um paciente, adicionando uma proteína repórter adicional, é possível detectar um sinal imunológico específico do vírus para confirmar a presença de infecção viral em andamento (IgM ou IgA) ou infecção viral antiga (IgG e status imune).
Ao contrário do RNA, os anticorpos são duradouros e podem persistir na corrente sanguínea por muitos anos após a infecção. Assim, os imunoensaios nos permitem identificar pacientes que tiveram COVID-19, retrospectivamente (IgG positiva – imunidade). O tipo de anticorpo e seus níveis relativos também podem ser usados para indicar o estágio da infecção e estimar o tempo desde a exposição para rastreamento do contato.
Porém, os testes com anticorpos também apresentam suas limitações. Com os estudos que temos até agora, parece que a resposta inicial de anticorpos IgM ou IgA (infecção aguda) não atinge o pico até ~ 9 dias após a infecção inicial e a resposta do anticorpo IgG não atinge o pico até o dia ~ 11, no entanto, esses dados estão mudando constantemente, pois estamos falando de um novo vírus.
Quando se realiza a amostragem aleatória de anticorpos do público em geral (conhecido como serosurvey), os órgãos de saúde pública poderiam estimar melhor os verdadeiros níveis de exposição e a imunidade da população resultante. Para a COVID-19, isso seria um divisor de águas, pois a transmissão verdadeira poderia ser calculada para prever a intensidade e a longevidade da pandemia para direcionar a tomada de decisões. Além disso, ao identificar potenciais “hot-spots” geográficos de baixa imunidade populacional, os sistemas de saúde poderiam alocar melhor os recursos para impedir ou gerenciar a transmissão.
Referências:
[1] Jiang, F., Deng, L., Zhang, L. et al. Review of the Clinical Characteristics of Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). J GEN INTERN MED (2020).
[2] Xia, N.; Wang, G.; Gong, W. Serological Test is an Efficient Supplement of RNA Detection for Confirmation of SARS-CoV-2 Infection. Preprints2020.
[3] A preliminary study on serological assay for severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2) in 238 admitted hospital patients. Lei Liu, Wanbing Liu, Shengdian Wang, Shangen Zheng. medRxiv 2020.
[4] Li, Z, Yi, Y, Luo, X, et al. Development and clinical application of a rapid IgM‐IgG combined antibody test for SARS‐CoV‐2 infection diagnosis. J Med Virol. 2020; 1– 7.
[5] Murray KO, Garcia MN, Yan C, Gorchakov R. Persistence of detectable immunoglobulin M antibodies up to 8 years after infection with West Nile virus. Am J Trop Med Hyg. 2013;89(5):996–1000.
[6] Zhao, Juanjuan and Yuan, Quan and Wang, Haiyan and Liu, Wei and Liao, Xuejiao and Su, Yingying and Wang, Xin and Yuan, Jing and Li, Tingdong and Li, Jinxiu and Qian, Shen and Hong, Congming and Wang, Fuxiang and Yingxia, Liu and Zhaoqin, Wang and Qing, He and He, Bin and Zhang, Tianying and Ge, Shengxiang and Liu, Lei and Zhang, Jun and Xia, Ningshao and Zhang, Zheng, Antibody Responses to SARS-CoV-2 in Patients of Novel Coronavirus Disease 2019. Clinical Infectious Diseases, 2020.
[7] RUIYUN LI, SEN PEI, BIN CHEN, YIMENG SONG, TAO ZHANG, WAN YANG, JEFFREY SHAMAN. Substantial undocumented infection facilitates the rapid dissemination of novel coronavirus (SARS-CoV2), Science, Mar 2020.
Os sintomas iniciais mais comuns dos pacientes infectados pelo SARS-COV-2 são febre, tosse, fadiga, anorexia, diarreia e dores musculares. A doença grave inicia geralmente uma semana após o início dos sintomas. A falta de ar é o sintoma mais comum da doença grave e é acompanhada frequentemente de hipoxemia. Uma característica marcante do Covid-19 é a rápida progressão da insuficiência respiratória logo após o início da dispnéia e hipoxemia. A maioria dos pacientes com Covid-19 grave tem linfopenia, e alguns apresentam distúrbios do sistema nervoso central ou periférico. Covid-19 grave também pode levar a lesões cardíacas, renais e hepáticas, além de arritmias, rabdomiólise, coagulopatia e choque.


Os resultados preliminares de testes clínicos com mais de 6 mil pacientes, divulgados na data de 16 de junho pela Universidade de Oxford, mostram que o tratamento com dexametasona reduz em um terço a mortalidade dos pacientes mais graves de Covid-19 que receberam ventilação, e em um quinto dos pacientes que receberam tratamento padrão com oxigênio. Apesar dos bons resultados, a mortalidade ainda é alta.Vale ressaltar que não se deve pensar em sair correndo para comprar o medicamento, porque ele deve ser usado somente em pacientes hospitalizados com a forma grave da doença e com necessidade de ventilação mecânica. Em quaisquer outras formas da doença (leve ou moderada), bem como para prevenção ou profilaxia, o medicamento simplesmente não funciona. Somam-se ainda os graves problemas das interações medicamentosas. A dexametasona pode interagir com anticoagulantes, antiepiléticos, antifúngicos barbitúricos, imunossupressores, entre outros. Em altas doses podem surgir reações adversas, como hipertensão arterial, astenia e miopatia, úlcera péptica, petéquias, eritemas, acne, cefaléia, hirsutismo, náuseas e mal-estar, entre outros. Durante o seu uso é contraindicada a administração de vacinas de vírus vivos. (OMS, 2020).
O mapa molecular dos medicamentos em investigação para a Covid-19 foi desenvolvido a partir do levamento de 1.765 estudos clínicos de fases II e III em andamento no mundo.
Em uma análise crítica e de cunho científico, apenas a ciência poderá desvendar os seus mistérios e escrever um novo capítulo desse livro: “tratamentos eficazes e seguros para os pacientes infectados pelo novo CoronaVirus (SARS-COV-2):
O coronavírus apresenta uma membrana oleosa com instruções genéticas que permitem fazer milhões de autocópias e que estão codificadas em cerca de 30.000 letras do RNA – A, C, G, U – que a célula infectada reconhece e traduz em muitos tipos de proteínas virais.
Em Wuhan, China, ocorreu o primeiro sequenciamento do novo coronavírus. Com o vírus se espalhando para muitas pessoas, vários genomas foram comparados e revelaram apenas algumas mutações, sugerindo que os diferentes genomas tinham um ancestral comum recente. Já fora de Wuhan, com o vírus se espalhando rapidamente, foram identificadas outras gerações de novos vírus com outras mutações. Por exemplo, duas letras do RNA mudaram para U. (USP, 2020)
As mutações geralmente alteram um gene sem alterar a proteína resultante. Essas são “mutações silenciosas”. Por outro lado, as mutações “não silenciosas” alteram a sequência de uma proteína.
Mas as proteínas podem ser feitas de centenas ou milhares de aminoácidos. Alterar um único aminoácido geralmente não tem efeito em suas estruturas ou em como elas funcionam. Com o passar dos meses, partes do genoma do coronavírus ganharam muitas mutações, revelando importantes detalhes sobre a biologia do vírus. (USP, 2020).E baseado em evidências científicas que a química encontra a biologia em benefício da saúde humana. De particular interesse são as partes com poucas mutações que podem destruir o coronavírus, causando alterações desastrosas em suas proteínas. Essas regiões essenciais podem ser alvos atrativos para combater o vírus com novos medicamentos antivirais. (USP, 2020):

O FDA aprovou o uso emergencial do primeiro teste de antígeno para detectar se uma pessoa foi infectada pelo coronavírus. O teste, desenvolvido pela Quidel Corporation, oferece como vantagens uma ferramenta barata e rápida para triagem em massa; expandindo o arsenal de testes conhecidos: (i) diagnóstico molecular – PCR, que detecta o material genético do vírus; e (ii) sorológicos, que identificam anticorpos para o vírus. O teste de antígeno detecta rapidamente fragmentos de proteínas encontradas no vírus, testando amostras coletadas da cavidade nasal usando cotonetes.
Apesar do notável avanço, é relevante uma reflexão sobre qualquer categoria de teste de diagnóstico. O teste de antígeno é muito rápido e pode fornecer resultados em poucos minutos, em comparação com os testes de PCR , que podem levar bem mais tempo. Porém, os testes de antígeno podem não detectar todas as infecções ativas, sendo menos sensíveis do que os testes de PCR. Isso significa que os resultados positivos dos testes de antígeno são muito precisos, mas há uma chance maior de falsos negativos; portanto, os resultados negativos não descartam completamente a infecção e precisam ser confirmados por PCR. (OMS, 2020).
Por meio de ensaios clínicos controlados e bem executados em pacientes hospitalizados com a COVID-19, pela primeira vez, um medicamento mostrou resultados positivos convincentes. Foram 1.063 pacientes testados em 68 hospitais nos Estados Unidos, Europa e Ásia. Os pacientes tratados com remdesivir (Gilead Sciences) se recuperaram em 11 dias (em média), em comparação aos 15 dias de pacientes que receberam o placebo (taxa de mortalidade de 8% contra 11,6% do grupo que recebeu o placebo). Embora os resultados sejam modestos em relação ao sucesso almejado de 100%, esse exemplo é fundamental ao indicar o caminho para evidenciar os efeitos clínicos benéficos para a saúde (segurança e eficácia) de um candidato a novo medicamento para os pacientes infectados pelo SARS-COV-2. Até o presente momento de elaboração deste artigo científico (03 de julho de 2020), não há qualquer tratamento (medicamento ou vacina) aprovado para a COVID-19.
https://www.sciencemag.org/news/2020/04/large-trial-yields-strongest-evidence-yet-antiviral-drug-can-help-covid-19-patients#
Há dezenas de pesquisas científicas em andamento no Brasil e no mundo em busca de um fármaco seguro e eficaz para o tratamento da Covid-19.
No espaço molecular representado pelos fármacos em investigação, o remdesivir, descrito pela primeira vez em 2016 como um candidato para o Ebola, tem demonstrado potencial contra uma variedade de vírus de RNA. Sua atividade contra a família de vírus coronavírus (CoV), como SARS-CoV e MERS-CoV, foi descrita em 2017, e mais recentemente para o tratamento de infecções por SARS-CoV-2.
Com base nos resultados positivos de estudos pré-clínicos, a empresa americana Gilead Sciences iniciou dois estudos de fase clínica 3 para avaliar o remdesivir em pacientes com a Covid-19. Esses estudos, que contam com a aprovação da agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA), tratam da investigação da segurança e eficácia em pacientes (i) com manifestações clínicas graves, com a necessidade de oxigênio suplementar, e (ii) com manifestações moderadas da doença. Estudos de fase clínica 2 também estão em andamento no – The National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) – em pacientes adultos hospitalizados e diagnosticados com a Covid-19. Além disso, o – Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale – (INSERM), na França, está avaliando o remdesivir e outros candidatos em cooperação com a Gilead e a Organização Mundial da Saúde (OMS); entre outros estudos já iniciados e alguns em fase de implementação em diferentes centros de pesquisa pelo mundo. (FDA, 2020).
O caminho pela frente é desafiador, mas o remdesivir tem mostrado bom potencial com base em resultados de estudos pré-clínicos e clínicos bem feitos. As altas exigências de cautela e rigor científico são um grande diferencial dessas pesquisas. Um exemplo a ser seguido por todos.
CORONAVÍRUS
A sociedade no contexto atual passa por um momento complexo que exige muita atenção e a cooperação de todos em função das circunstâncias extraordinárias de saúde pública geradas pela resposta global ao coronavírus (COVID-19). É importante seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e dos Municípios e Estados.
Todos nós poderemos ser afetados, o impacto em nossas vidas é inevitável, mas proteger a vida humana deve estar acima de qualquer outro interesse. É o momento de unirmos esforços coletivos, ninguém está imune. É a oportunidade de termos empatia e solidariedade com todos que lutam contra o vírus, sejam pacientes, crianças, adultos e idosos, ou os profissionais de saúde que colocam suas vidas em risco para ajudar o próximo.
SOBRE O CORONAVÍRUS:
O QUE É? A doença provocada pelo novo coronavírus é oficialmente conhecida como COVID-19.
TRANSMISSÃO: A transmissão costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções: espirro, tosse, catarro e gotículas de saliva. Pode ocorrer também por contato próximo, como toque ou aperto de mão com pessoa infectada, ou ainda, por meio de contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com boca, nariz ou olhos.
SINTOMAS: Os sintomas clínicos mais comuns são respiratórios, semelhantes aos de um resfriado comum. O quadro da doença pode variar de leve a moderado, semelhante a uma gripe. Alguns casos mais graves, por exemplo, em pessoas que já possuem outras doenças, podem levar a síndrome respiratória aguda grave e outras complicações, especialmente em idosos, podendo levar a morte.
PROTEÇÃO: A principal recomendação é higienizar as mãos. Lave as mãos frequentemente com água e sabão e use antisséptico de mãos à base de álcool gel 70%, principalmente, após tossir e espirrar, após contato com outras pessoas, após ir ao banheiro, e antes e depois de comer. Até o momento, não há recomendação para uso de máscaras para a população em geral. Se tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz (use os braços ou lenços descartáveis. Evite usar as mãos e, se usar, higienizá-las).
CASOS SUSPEITOS: Quem apresentar os sintomas deve ficar atento. Pessoas com quadros de insuficiência respiratória devem procurar o serviço de saúde imediatamente. Casos graves devem ser tratados pela rede estadual de saúde e hospitais de referência.
NOVOS MEDICAMENTOS 2019
O FDA (Food and Drug Administration), uma agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, aprovou 48 novos medicamentos em 2019. Esta é a segunda maior aprovação do século XXI, ficando atrás apenas de 2018, ano que registrou o recorde da história da indústria farmacêutica, com 59 aprovações.
Destaque para a aprovação de 38 novas entidades químicas (NCEs, new chemical entities), classificação que inclui todas as moléculas pequenas naturais e sintéticas e também os peptídeos com até 40 aminoácidos. Os demais medicamentos (10) são baseados em proteínas (anticorpos monoclonais, conjugados anticorpos-medicamentos, nanocorpos, proteínas de fusão) e classificados como produtos biológicos (BLAs, biologics license applications).
Dos 48 novos medicamentos aprovados, 20 (42%) são classificados como “primeiro-em-classe” (“first-in-class”), que comumente possuem mecanismos de ação diferentes das terapias existentes. Vinte e um dos 48 novos medicamentos (44%) são para as chamadas doenças raras ou “órfãs”, que embora atendam um número limitado de pacientes (por exemplo, menos de 200.000 nos EUA), têm como alvo doenças com poucas opções terapêuticas ou nenhum medicamento disponível.
As terapias inovadoras (breakthrough therapies), capazes de oferecer melhorias significativas em relação às terapias disponíveis para doenças com elevado risco de morte, totalizam 13 dos 48 novos medicamentos (27%).
As áreas terapêuticas dos novos medicamentos 2019 merecem especial atenção. Oncologia é a área terapêutica dominante com 11 aprovações (23%), mantendo a média dos últimos 5 anos. Por outro lado, neurologia com 9 (19%) e hematologia (não-oncológico) com 6 (13%) aprovações, avançaram, deixando para trás as doenças infecciosas com 5 (10%) aprovações, bem como os produtos de metabolismo e endocrinologia, sem nenhuma aprovação.
Outro dado interessante é que 43 dos 48 novos medicamentos conseguiram aprovação no primeiro ciclo de revisão (first cycle approval). Vale ressaltar que outras terapias também foram aprovadas em 2019, mas não contribuem nos dados apresentados pelo FDA como novos medicamentos. Por exemplo, os biossimilares, com 10 novas aprovações. Há ainda novas formulações, novas combinações, novas formas de dosagem, além de outros.
Mais informações:
– https://www.fda.gov/media/133911/download
– https://www.nature.com/articles/d41573-020-00001-7
CLOROQUINA E HIDROXICLOROQUINA
Tem circulado a informação de que os medicamentos que contêm os princípios ativos cloroquina e hidroxicloroquina (um análogo simples da cloroquina) são úteis para a profilaxia, tratamento ou cura da infecção causada pelo novo coronavírus (COVID-19). Apesar dos resultados promissores descritos por alguns estudos na literatura, não há evidências ou dados conclusivos que comprovem a eficácia do uso desses medicamentos para o tratamento do novo coronavírus. Não existem recomendações de agências reguladoras no mundo para o uso destes medicamentos para os pacientes infectados pelo novo CoronaVirus. Este é também o caso no Brasil, não há recomendação da Anvisa para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus. Deve ficar claro que para a inclusão de novas indicações terapêuticas em medicamentos é necessário conduzir estudos clínicos em uma amostra representativa de seres humanos, demonstrando a segurança e a eficácia para o uso pretendido. Novos e melhores testes estão em andamento e é preciso aguardar os resultados. Por essa razão, nada justifica a correria desenfreada pela compra destes medicamentos. Além da simples perda de tempo e dinheiro, tais ações prejudicam as pessoas que realmente precisam dos medicamentos para os tratamentos ativos indicados.
No Brasil, alguns laboratórios comercializam o difosfato de cloroquina e o sulfato de hidroxicloroquina que são indicados para o tratamento da malária (crises agudas e tratamento supressivo da malária por Plasmodium vivax, P. ovale, P. malariae e cepas sensíveis de P. falciparum); artrite reumatoide (inflamação crônica das articulações); lúpus eritematoso sistêmico (doença multissistêmica); lúpus eritematoso discoide (lúpus eritematodo da pele); e outras condições dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar. (USP, 2020).
A automedicação pode representar um grave risco à saúde das pessoas. As manifestações tóxicas da cloroquina estão relacionadas com efeitos cardiovasculares (hipotensão, vasodilatação, supressão da função miocárdica, arritmias cardíacas, parada cardíaca) e do sistema nervoso central (confusão, convulsões e coma). As doses terapêuticas usadas no tratamento oral podem causar cefaleia, irritação do trato gastrointestinal, tontura, distúrbios visuais, urticária, entre outros. Doses diárias altas podem resultar em retinopatia e ototoxicidade irreversíveis. O tratamento prolongado com altas doses podem causar miopatia tóxica, cardiopatia e neuropatia periférica, visão borrada, diplopia, confusão, convulsões, erupções, quineloides na pele, embranquecimento dos cabelos, alargamento do complexo QRS e anormalidade da onda T. Em casos raros podem ocorrer hemólise e discrasias sanguíneas. A cloroquina é um fármaco que apresenta estreita margem de segurança e uma dose única de 30 mg/kg pode ser fatal.
Além disso, há o problema das interações medicamentosas. Por exemplo, a cloroquina interage no organismo humano com uma variedade de fármacos. Não deve ser administrada concomitantemente com mefloquina, porque aumenta o risco de convulsões. O mesmo é válido para a associação com anticonvulsivantes, pois a cloroquina se opõe à ação dos mesmos. A associação com amiodarona ou halofantrina aumenta o risco de arritmias ventriculares. A cloroquina aumenta o risco de toxicidade da digoxina e ciclosporina. Deve ser evitado o uso com antiácidos à base de trissilicato de magnésio e produtos contendo caolim e pectina, pois provocam a diminuição da absorção do medicamento. O medicamento reduz a biodisponibilidade do praziquantel. A cloroquina pode interferir na imunogenicidade de certas vacinas. Embora o perfil de segurança da hidroxicloroquina seja relativamente superior ao da cloroquina, o uso da hidroxicloroquina também está sujeito a várias interações medicamentosas descritas para a cloroquina. Fica claro que a cloroquina e a hidroxicloroquina apresentam sérios efeitos adversos que podem ser experimentados pelas pessoas que optaram pela automedicação contra a COVID-19. (USP, 2020).
Embora não se pretenda entrar em um assunto ainda mais complicado, é preciso observar que a cloroquina exibe uma farmacocinética complexa. Os níveis plasmáticos do fármaco logo após sua administração são determinados pela velocidade de distribuição e não pela de eliminação. Existe também o problema da extensa ligação com os tecidos, o que requer uma dose de ataque para obter concentrações plasmáticas eficazes. A meia-vida da cloroquina aumenta de poucos dias para semanas à medida que os níveis plasmáticos declinam. A meia-vida terminal varia de 30 a 60 dias e vestígios do fármaco podem ser encontrados na urina durante anos após o uso terapêutico.
Se os resultados dos estudos em andamento com a cloroquina e hidroxicloroquina forem positivos e resultarem numa nova indicação para o novo coronavírus, outra questão ganhará grande importância: a produção em larga escala do medicamento para o tratamento de centenas de milhares de pessoas. Laboratórios especializados em medicamentos genéricos nos Estados Unidos, como a Teva e a Mylan, já anunciaram o aumento da produção. Esta parece uma medida prudente. Não existe no Brasil informação similar, por exemplo, da Cristália que produz o difosfato de cloroquina, ou da Apsen, que produz o sulfato de hidroxicloroquina.
Ao fim e ao cabo, é necessário oferecermos as pessoas os melhores esclarecimentos para que elas sejam capazes de tomar decisões informadas, ou seja, de não comprarem medicamentos sem a devida orientação e prescrição médica e de não tomarem estes medicamentos na esperança de um efeito profilático, ou de um possível tratamento ou mesmo cura para o novo coronavírus.
Na data de 20 de março de 2020, a Anvisa tomou uma decisão correta de incluir a hidroxicloroquina e a cloroquina na categoria dos medicamentos de controle especial. Esses medicamentos somente poderão ser entregues mediante receita branca especial, em duas vias. A medida vai permitir que pacientes que já utilizam os medicamentos não fiquem sem tratamento pela falta dos produtos no mercado, além de proteger a população contra a automedicação. (USP, 2020):
A diversidade química e de classes terapêuticas compreende 153 medicamentos, incluindo, antivirais, anticâncer, imunossupressores, anti-hipertensivos, antiparasitários, anti-inflamatórios, antibióticos, antiulcerosos, anticoagulantes, antidepressivos, antipsicóticos, vasodilatadores, antidiabéticos, corticosteroides, redutores de colesterol, entre outros. (FDA, 2020)


Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia publicou na data 29 de junho de 2020 um posicionamento preliminar a respeito do tratamento e profilaxia do novo coronavírus (SARS-COV-2). A entidade ressaltou que “não existem evidências científicas de que quaisquer das medicações disponíveis no Brasil, tais como ivermectina, cloroquina ou hidroxicloroquina, isoladas ou associadamente, colaborem para melhor evolução clínica dos casos. Isso também é verdade para vitaminas, como, por exemplo, a C e a D, e suplementos alimentares contendo zinco ou outros nutrientes”. E completou ressaltando que “redes sociais não são textos médicos e, com frequência, transmitem informações infundadas, impulsionadas por interesses obscuros”. Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia emitiu, na data 30 de junho de 2020, um informe sobre os fármacos usados contra a covid-19. No documento, menciona a atividade da ivermectina em testes in vitro e acrescenta que “muitos dos medicamentos que demonstraram ação antiviral in vitro (no laboratório) não tiveram o mesmo benefício in vivo (em seres humanos). Só estudos clínicos permitirão definir seu benefício e segurança na covid-19″.
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