Fundação Banco do Brasil e Embrapa investem na melhoria da produção de castanha-do-brasil
Lideranças comunitárias e moradores do seringal Porvir, localizado na Reserva Extrativista Chico Mendes, município de Epitaciolândia (AC), celebraram Convênio com a Fundação Banco do Brasil, no sábado (3 de março), para execução do Projeto “Castanhal, uso sustentável da sociobiodiversidade”. A iniciativa contempla 40 famílias que realizam a coleta da castanha-do-brasil como principal atividade econômica e visa contribuir para o fortalecimento dessa cadeia produtiva no Acre. A execução das atividades tem a parceria da Embrapa e outras instituições de pesquisa e apoio à produção extrativista.
Aprovado em Edital Público, o projeto tem duração de dois anos e será financiado com recursos do Fundo Amazônia/Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em consonância com o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica e com o Acordo de Cooperação Técnica ECOFORTE, que apoia ações voltadas para a promoção da conservação e uso sustentável de recursos da sociobiodiversidade no Bioma Amazônia, incluindo a castanha-do-brasil.
Segundo João Gomes de Oliveira, presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais e Extrativistas Wilson Pinheiro, entidade representativa dos moradores do seringal Porvir e responsável pela gestão do projeto, a conquista é fruto do esforço coletivo e beneficia cerca de 300 extrativistas com ações para melhoria do manejo e comercialização da produção, definidas a partir de demandas da comunidade. “Apontamos nossas necessidades, mas o apoio de pesquisadores e técnicos na elaboração da proposta foi essencial para aprovação do projeto. Uma das prioridades é adequar procedimentos e estruturas para o trabalho extrativista, como forma de garantir alimento de qualidade para as nossas famílias e para o mercado consumidor”, explica.
Investimentos
Serão destinados cerca de 600 mil reais para aquisição de kits agroflorestais para uso na coleta da castanha, carroças com junta de boi para a retirada do produto da floresta, construção de armazéns familiares – um para cada família – e de uso comunitário, para facilitar o processo de pós-colheita (armazenamento e secagem), e compra de veículos para transporte da produção. “Esses investimentos vão melhorar as condições de manejo, logística e comercialização do produto, proporcionar novas oportunidades de trabalho e gerar mais renda para a comunidade. Além disso, visam contribuir para a conservação dos recursos naturais”, afirma Edson Anelli, gerente de implementação de programas e projetos da Fundação Banco do Brasil.
Para o chefe-geral da Embrapa Acre, Eufran Amaral, o diferencial do projeto é o caráter participativo, com envolvimento da comunidade, da ideia inicial da proposta à sua execução, com ações para atender diferentes aspectos da cadeia de valor da castanha. “Ao possibilitar o acesso a insumos e infraestrutura necessários para a produção, busca-se melhorar não só a qualidade da castanha, mas também a gestão da atividade extrativista e a organização social dos produtores”, destaca.
Capacitação
Melhorar procedimentos de manejo da castanha é outra prioridade do projeto. Como contrapartida da comunidade, os produtores buscaram alternativas para a realização de capacitações com foco na elevação da qualidade da produção e das relações comerciais. A parceria com a Embrapa, por meio do Projeto Bem Diverso, executado com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e recursos financeiros do Fundo Global Para o Meio Ambiente (GEF), e com o Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre (Pesacre), vai viabilizar oficinas de Boas Práticas no manejo da produção e sobre comercialização e mercados institucionais.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa, Lúcia Wadt, um dos pontos focais do Bem Diverso na região Norte, o objetivo é aperfeiçoar os cuidados nas diferentes etapas do trabalho extrativista – da coleta dos ouriços na floresta à logística de transporte – e orientar sobre estratégias de venda mais compensadoras para a comunidade. ”A adequação da infraestrutura de produção permitirá aos extrativistas aplicar os conhecimentos sobre Boas Práticas no manejo da castanha, adquiridos nas novas capacitações e em ações anteriores da Embrapa com a comunidade. Isso também vai fortalecer as pesquisas e o trabalho de transferência de conhecimentos técnicos que vêm sendo realizados há vários anos com esses produtores”, enfatiza.
Articulação com o Bem Diverso
O projeto Bem Diverso tem como objetivo garantir a conservação da biodiversidade em paisagens florestais brasileiras, por meio do manejo e uso sustentáveis de recursos florestais não madeireiros e dos sistemas agroflorestais. Coordenado pela Embrapa Recursos Genéticos (Brasília), desenvolve ações em três biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga e Cerrados), com 12 produtos, entre eles a castanha-do-brasil. No Acre, as ações são realizadas na Reserva Extrativista Chico Mendes e incluem a implantação de novas estratégias de produção sustentável e o apoio a iniciativas já em andamento, que se articulem aos objetivos de sustentabilidade do Bem Diverso, como o projeto Castanhal.
Essa articulação permitirá também a contratação de um técnico para apoiar a execução do Plano de Trabalho, que terá gestão compartilhada com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, órgão do Ministério do Meio Ambiente responsável pela administração das Unidades de Conservação brasileiras, incluindo as Reservas Extrativistas. “Vamos acompanhar todas as atividades, orientando sobre questões técnicas e administrativas e sobre alternativas de venda direta da produção para obtenção de preços mais justos. Projetos desta natureza criam oportunidades para o desenvolvimento das comunidades rurais e melhoria de vida das famílias”, destaca Fátima Cristina da Silva, chefe da Reserva Extrativista Chico Mendes.
Fonte – Embrapa