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Gravidez na adolescência: especialista explica riscos para mãe e bebê

A taxa brasileira de gravidez na adolescência é de 68,4 nascimentos para cada 1.000 adolescentes, aponta um relatório desenvolvido e divulgado em 2018 por organizações de saúde – OPAS/MS, UNICEF e UNFPA. Esse número coloca o Brasil no topo do ranking quando se refere a meninas que se tornam mães precocemente na América Latina. No panorama mundial, o país está em segundo lugar, quando apenas a África supera essas estatísticas.

Para tentar reverter esse quadro, o novo Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 8º A) inclui a Lei nº 13.798, sancionada em janeiro de 2019, que prevê a realização da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, com início no dia 1º de fevereiro. Nessa ocasião, são realizadas atividades de caráter preventivo e educativo, desenvolvidas em conjunto com o poder público e organizações da sociedade civil para disseminar informações que contribuam para a redução da gravidez precoce no Brasil.

Dados do Ministério da Saúde mostram que o Amazonas é o estado brasileiro com maior número de casos de gravidez na adolescência. Em 2017 foram registrados 19.047 nascimentos de mães adolescentes, correspondendo a 25% do total de nascimentos no estado. Em 2018, as maternidades da rede estadual de saúde realizaram 74.049 partos, desse total, quase 14 mil foram de adolescentes.

A ginecologista e obstetra do Hapvida Saúde, Yasmine Bader, afirma que a iniciativa é de suma importância e considera que as políticas públicas voltadas para a prevenção são o principal método para diminuir os índices de adolescentes grávidas. “A informação continua sendo o pilar de sustentação de ações continuadas que visam a prevenção, mostrando que a relação sexual deve ser um ato responsável. Não adianta falar para os jovens não transarem, pregar a abstinência e acreditar que eles vão obedecer a essa ordem. Eles precisam, sobretudo, conhecer as formas de prevenção, para que a iniciação sexual seja feita de forma segura e autônoma”, garante a médica.

Ela acrescenta que pesquisas apontam que os jovens que recebem educação sexual postergam a primeira vez. Já aqueles que vivem sem informações de qualidade acabam tendo taxas mais altas de iniciação precoce, bem como de comportamentos sexuais não seguros. “Por isso, investir em políticas públicas que ofereçam conhecimento para que esse público crie consciência das consequências do sexo sem proteção é de fundamental importância”, afirma a ginecologista.

Riscos à saúde

Além do aspecto social envolvido, a especialista afirma que a gravidez na adolescência está associada a uma série de riscos à saúde da mulher e do bebê. Elevação da pressão arterial e crises convulsivas (eclâmpsia e pré-eclâmpsia) são alguns dos problemas de saúde que podem acometer a jovem grávida. Dentre os agravos mais comuns no bebê, estão a prematuridade e o baixo peso ao nascer.

“A adolescente não tem maturidade do sistema reprodutor, pois ele ainda não foi totalmente desenvolvido. Em geral, os riscos de uma gravidez na adolescência são o abortamento espontâneo, o parto prematuro e o desenvolvimento de hipertensão arterial. O grupo mais propenso a esse risco está na faixa etária de 11 a 15 anos”, esclarece a médica.

Outro problema muito comum é a deficiência nutricional, com riscos de anemia. Por isso, muitas vezes, é necessário haver suplementação de cálcio e ferro para as gestantes.

Métodos de Prevenção

De acordo com a obstetra, existem diversos métodos que devem ser explicados detalhadamente para os jovens que estão prestes a iniciar ou já tem vida sexual ativa, os quais seguindo com cuidado irão evitar a gravidez na adolescência.

Camisinha – Deve ser colocado do lado correto com cuidado para não entrar ar e evitar que estoure ou fure. Deve ser retirada logo no final do ato sexual e descartada em lixo. A camisinha além de evitar uma gravidez indesejada, evita doenças sexualmente transmissíveis.

Pílula anticoncepcional – existem vários tipos e marcas de anticoncepcionais no mercado, deve ser receitado por um ginecologista após consulta. Deve ser tomada uma pílula todo dia no mesmo horário, não podendo ocorrer esquecimento e ao final da cartela, deixando uma semana de “descanso” para ocorrer à menstruação.

Muitas meninas utilizam o método da tabelinha, coito interrompido e até mesmo da “duchinha”, mas é comprovado que não se trata de métodos confiáveis e que é possível ocorrer uma gravidez quando utilizados, portanto a utilização desses métodos deve ser como complemento de métodos seguros como os acima citados.

Existe também a pílula do dia seguinte, que deve ser tomada com cuidado e em situações de extrema emergência, como no caso de uma camisinha estourar no momento da ejaculação ou em casos de extrema importância como em uma relação indesejada. Mas a pílula deve ser tomada no prazo de até 72 horas, quanto antes tomar maior será sua eficácia.

 

Fonte – Ascom

Foto – Divulgação

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