Na semana em que se comemora o Dia Mundial Sem Carro, ativistas de Manaus uniram-se para lançar a campanha “Cadê a ciclofaixa?”, com objetivo de cobrar do Secretário Municipal de Infraestrutura (Seminf), Renato Júnior, a recuperação da ciclofaixa da Avenida Nathan Xavier, zona Norte de Manaus.
Paulo Aguiar, coordenador do Pedala Manaus, explica que a ciclofaixa da Avenida Nathan Xavier é um importante corredor cicloviário, principalmente para moradores da Zona Norte e Leste, que juntos somam cerca de 1 milhão de habitantes. Porém, a ciclofaixa encontra-se hoje deteriorada, tornando-se um risco para a vida dos ciclistas.
“A ciclofaixa da Nathan Xavier é um importante corredor para os ciclistas, mas é uma ciclofaixa muito perigosa para quem pedala. A sinalização foi perdida, não tem manutenção, e tá em uma via cuja velocidade regulamentar é de 60 km/h, mas ninguém respeita. Isso torna a vida do ciclista muito ruim”, afirma.
A infraestrutura precária somada à falta de fiscalização colabora para que motoristas avancem sobre a faixa que tem como preferência a bicicleta, diminuindo a segurança que a ciclofaixa deveria garantir.
De acordo com levantamento da Aliança Bike, Manaus lidera o ranking de pior índice de malha cicloviária do país, com apenas 26,15 km de ciclovias e ciclofaixas disponíveis, enquanto a média das capitais brasileiras é de 161,69 km. Outro dado preocupante é o número de acidentes envolvendo ciclistas: na última década, 33 mortes foram registradas em Manaus e 110 mil acidentes no Amazonas, segundo dados do DataSUS.
Diferente da ciclofaixa da Ponta Negra, que é utilizada em grande escala para lazer e prática esportiva, o corredor da Nathan Xavier é aproveitado por muitas pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte principal, para ir ao trabalho ou fazer compras, por exemplo.
“Eu uso a bicicleta no dia a dia, para ir ao trabalho, fazer supermercado, ir na casa das pessoas, e uso a ciclofaixa da Nathan Xavier. Aqui é muito perigoso porque os veículos passam em alta velocidade e nós precisamos que reformem a ciclofaixa porque ela é muito útil para quem anda de bicicleta. Eu arrisco a minha vida para transitar nesta faixa”, comenta Didi, ciclista do grupo Bike Anjo Manaus.
Luciana Travassos, coordenadora da Minha Manaus, ressalta que a priorização do transporte ativo e público coletivo, como bicicleta e ônibus, faz parte do Plano de Mobilidade de Manaus e da Política Nacional de Mobilidade Urbana. No entanto, os avanços são lentos.
“Segundo o Plano de Mobilidade Urbana de Manaus, elaborado em 2015, a infraestrutura cicloviária deve alcançar 195 km até 2045. Já se passaram 8 anos e Manaus segue com apenas 26 km de ciclovias e ciclofaixas. As poucas que existem, ainda estão nessa situação de calamidade, e a única que está recebendo atenção é a ciclofaixa que está sendo transformada em ciclovia na Ponta Negra”, afirma.
Para apoiar a recuperação da ciclofaixa da Avenida Nathan Xavier, basta acessar o site da campanha https://cadeaciclofaixa.minhamanaus.org.br/. Ao preencher o formulário, a pessoa estará automaticamente enviando um email endereçado ao gabinete do secretário Renato Júnior.
A campanha “Cadê a ciclofaixa?” é assinada pelos coletivos Minha Manaus, Pedala Manaus, Piracema Cicloviete e Bike Anjo Manaus.
A data surgiu em 1997, na França, e busca estimular as pessoas a deixarem seus automóveis (carros, motos e outros veículos motorizados) na garagem e refletirem sobre o uso excessivo dessas conduções particulares. A ideia é que, nesse dia, motoristas experimentem formas alternativas para se locomoverem pelas cidades.
Várias cidades brasileiras celebram a data. A partir de 2010 houve atividades a semana toda, em vários estados, fazendo com que ela começasse a ser chamada de Semana da Mobilidade. De lá para cá, a adesão de cidadãos e do poder público tem aumentado muito, bem como o esclarecimento correto sobre o Dia Mundial sem Carro – DMSC.
Fonte – Ascom
Edição – Coopnews
Foto – Divulgação