A mesma velha história se repete: sem a estrutura necessária para transportar seu produto, produtores rurais recorrem a atravessadores e vendem a valores muito abaixo daqueles praticados nas cidades para escoar a produção. No Pará, o manejo de caranguejos-uçá tem criado novas narrativas para os pescadores de reservas extrativistas locais.
A Feira da Semana Santa – um evento do Governo do Estado do Pará – receberá cerca de 60 trabalhadores, entre manejadores de caranguejo e técnicos, que poderão vender a mercadoria direto ao consumidor por um preço justo. A feira acontece nos dias 18 e 19 de abril, simultaneamente em três lugares diferentes: em Belém, no Centro Cultural e Turístico Tancredo Neves (Centur) e no Parque de Exposições do Entroncamento; no município de Ananindeua, no Ginásio Abacatão.
“[A feira] é uma forma justa de valorização do trabalho do pescador, além de garantir melhores preços ao consumidor final, que compra direto da fonte, sem atravessadores”, explica Patrick Passos, coordenador do Programa Raízes da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado do Pará (SEJUD/PA).
“O objetivo é trazer a produção do interior e vender a um preço melhor para os pescadores do que o preço local, que hoje é, em média, de 40 reais pela saca”, conta. Na feira, a saca do produto com 100 caranguejos sairá em média por R$ 166. O valor é quatro vezes maior do que o praticado por atravessadores, mas cada caranguejo sairá por menos de R$2 para o consumidor.
As associações de usuários das reservas extrativistas de São João da Ponta, Caeté-Taperaçú e Gurupi- Piriá enviarão 15 produtores cada para atuar no evento. A feira é uma ação da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (SEDAP), em parceria com a Comissão Nacional de Fortalecimento das Resex Marinhas (CONFREM), as associações de usuários das resex, e a Associação Rare do Brasil.
O apoio do Instituto ao manejo
Desde 2013, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá apoia o manejo de caranguejos-uçá no Pará. O projeto assessora o transporte dos animais até o consumidor com o uso da basqueta, uma espécie de espuma que mantém os caranguejos hidratados, ao mesmo tempo que reduz as perdas durante o transporte. A tecnologia permitiu que a mortalidade de caranguejos no caminho até o consumidor caísse de 50% para 1,8%.
Para as capacitações com a basqueta, o Instituto Mamirauá, uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, lançou o protocolo “Manejo do caranguejo-uçá: o método de embalagem para o transporte sustentável”, disponível para download aqui. O trabalho do instituto com o manejo de caranguejo conta com o apoio da Fundação Gordon e Betty Moore.
Fonte – Mamirauá
Foto – Divulgação