Aberto no último sábado (12), e com uma programação que vai até o dia 23, o 6º Amazônia Doc 3 em 1, reúne três mostras competitivas e realiza nesta semana, uma série de atividades, como a oficina “Narrativas Indígenas”, que será conduzida nesta terça-feira, 15, das 14h às 16h, pela cineasta Graciela Guarani. A diretora, que também concorre na mostra de curta metragem do 1o Festival As Amazonas do Cinema, pretende mergulhar na ancestralidade originária, a partir de uma perspectiva feminina. As vagas são limitadas a 40 pessoas e as inscrições podem ser feitas pelo site .
De acordo com Graciela, a oficina será permeada pela apresentação de trabalhos de diretores que resgatam a ancestralidade em suas obras. “Vou apresentar a perspectiva e o olhar de cineastas, de seus lugares de pertencimento; e discutir as sensações por trás da construção das imagens, refletir e dialogar sobre estes processos de criação”, comenta a cineasta.
Em um clima de troca, ela pretende propor exercícios que fomentem um olhar sobre a ancestralidade de cada um. “Vamos estabelecer esse espaço de conversa que nos leva a um lugar profundo. Para pensar e produzir a partir do universo de cada participante, pois todos temos lugares de fala que são ricos e únicos quando acionamos a humanização destas imagens”, diz Graciela, que além de participar do Amazônia Doc por meio da oficina.
É a primeira vez que Graciela ministra a oficina. “Neste encontro, buscarei plantar uma sementinha de provocação no processo de questionar. O que nos agrada nas narrativas, o que nos desagrada, o que queremos construir, o que queremos perpetuar e o que queremos romper! Eu procuro trazer a crítica de como são construídas as formas de se fazer e pensar o audiovisual”, explica.
Graciela é também diretora do curta “Opará – morada dos ancestrais” (PE), selecionado para a mostra competitiva do 1º “As Amazonas do Cinema”, festival que integra a programação a partir deste ano, com foco na produção audiovisual feminina. O documentário de 20 minutos estará disponível, gratuitamente, nos dias 17 e 18, no site.
Para ela, o audiovisual surge como ferramenta política. Nascida e criada na aldeia Jaguapiru, na reserva indígena de Dourados, do Mato Grosso do Sul, ela se tornou cineasta na busca de firmar sua identidade indígena e também colaborar para o fortalecimento e resistência cultural de sua comunidade.
“Eu encontro o cinema ali na aldeia, onde passei os vinte primeiros anos da minha vida. Foi a ferramenta que encontrei para ser uma agente política em um espaço de muita vulnerabilidade, principalmente para os jovens. Sou de uma comunidade desassistida pelo poder público e ali nossa organização é o que nos salva”, relembra a diretora, que hoje vive no sertão pernambucano.
Vem do sertão nordestino, a história do filme “Opará”. O curta nos convida a um passeio às margens do Rio São Francisco, onde comunidades vivem os desafios de manter tradições e seus modos de vida frente aos projetos desenvolvimentistas que transformam a região. “Foram mais de 3 anos de captação de imagens e pesquisas. O objetivo é mostrar as violações do progresso nas regiões do rio. As leis são ignoradas, construções são feitas as margens das águas, hoje os rios têm donos e isso afasta as comunidades que vivem do São Francisco”, conta Graciela.
Para a diretora, produzir cinema é um ato de resistência. “Ser mulher e indígena, e fazer cinema é minha luta. Além da falta de verba, sou atravessada pelo machismo e racismo, mas sigo na força ocupando um espaço historicamente feito por e para homens brancos. Seguir nesse meio é subverter essa lógica. É nosso lugar de luta”, conclui.
Web Encontros, lives e masterclasses
Também nesta terça-feira, 15, dentro da programação do 6o Amazônia Doc, será realizado o Web Encontro de abertura do 1º Curta Escolas, trazendo como tema “O Protagonismo Juvenil na produção audiovisual”, com participação de Lília Melo, Felipe Cortez, Ângela Gomes, Ariela Motzuki e Wellignta Macedo. A transmissão será feita pelo canal Youtube Amazônia Doc, com retransmissão para o Facebook Equatorial Energia e Cine Clube TF. Já nos dias 18 e 19, às 15h, serão realizadas lives com realizadores selecionados para “Mostra Primeiro Olhar”. A transmissão é pelo Canal Youtube Amazônia Doc, com retransmissão para o Facebook Equatorial Energia e Cineclube TF.
Este ano, o Amazônia Doc traz ainda duas masterclasses, no dia 17 de setembro, às 19h, “A biografia do documentário e a jornada do documentário, da pesquisa à montagem”, com Susanna Lira, diretora documentarista com reconhecimento na América Latina, e “Documentário em VR”, no mesmo horário. A oficina pretende familiarizar o público com Realidade Virtual como mídia; e fomentar o raciocínio criativo para narrativas para mídias imersivas. Os ministrantes são Nelson Porto e Francisco Studio Almendra, do KWO. Será às 15h, com vagas limitadas.
O Amazônia Doc 3 em 1 fecha sua primeira semana, às 19h deste sábado, 19, com o Webinário de Crítica de Cinema, que traz participação de Cecília Barroso, Kênia Freitas e Flávia Guerra (Coletivo Elvira de Mulheres Críticas), com mediação de Lorenna Montenegro. É necessário se inscrever no site www.amazoniadoc.com.br .
A realização do festival Amazônia Doc 3 em 1 é do Instituto Culta da Amazônia, com a Correalização do Instituto Márcio Tuma; patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura – Fundação Cultural do Pará – Governo do Pará. A produção é da ZFilmes; parceria do SESC e apoio cultural da Rede Cultura de Comunicação; Ufpa – Curso de Cinema e Estrela do Norte – Elo Company.
Serviço
O 6º Amazônia Doc – 3 em 1 vai até o dia 23 de setembro. Acesse as mostras competitivas. Web Encontros, oficina e masterclasses são transmitidas pelo Canal de Youtube. As inscrições são feitas pelo site, com vagas limitadas.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação