Ciência e Tecnologia

Pesquisador revela perspectivas da Ciência em projeto de extensão

A live “Explosão da Ômicron e perspectiva da Ciência” aconteceu na quarta-feira, 16, em transmissão pelo canal Youtube (Portal da Ciência) que contou com a presença do epidemiologista da Fiocruz, Jesem Orellana. O evento organizado pelo projeto de extensão Portal da Ciência da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) teve também a participação de professores e alunos do curso de Comunicação Social/Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (Fic).

Mediado pelo diretor da Fic, professor Allan Rodrigues, a live pautou as discussões: terceira onda, ensino presencial e perspectivas epidêmicas diante da mutação do coronavírus.

Liberação

Quando se pensa na pandemia da Covid-19, a ideia é de que estamos passando por um pesadelo e que tudo isso vai acabar, no entanto, com a variação do vírus covid-19 da terceira onda, como a Ômicron, parece difícil volta à normalidade. Diante de um cenário assustador, o epidemiologista da Fiocruz, Jesem Orellana, frisa que no momento atual, liberar atividades como se estivéssemos finalizando algo, pode acelerar ainda mais o surto pandêmico.

“No momento, acredito que não é o ideal. É óbvio que estamos numa desaceleração franca, sobretudo, em Manaus, metrópole não só do estado do Amazonas, como também da Região Norte, mas também, eu acho que não é o momento, nós precisamos aguardar um pouco mais a desaceleração da epidemia. A partir de março é o mês mais apropriado para começar a retomar por essas atividades”, disse Orellana.

O epidemiologista enfatiza que as pessoas vacinadas com as duas doses contra a covid-19, podem se reinfectar com a nova variante, a Ômicron. “A variante Ômicron teria a capacidade de reinfectar muito mais elevável do que a última variante do Coronavírus, a Delta, que também tinha sido associado a uma certa freqüência de reinfecções”, completou o pesquisador.

Negligência

Ele aponta que os governos estadual e municipal desde o início pandêmico quando o Amazonas passou por momentos difíceis com a falta de oxigênio nos hospitais da capital e interior, em janeiro de 2021, não levaram a sério o controle da pandemia, pois, medidas devidas foram negligenciadas, implantando o caos com a perda de parte da população amazonense infectadas pela segunda onda. “Essas medidas, em geral, de atendimento individual e coletivo, não foram efetivamente realizadas no estado do Amazonas, principalmente nos municípios”, expôs o cientista que exemplificou a ausência de fiscalização no transporte coletivo, considerado por ele, como uma das principais fontes de contaminação.

Retorno

O retorno das atividades escolares tanto da Rede Pública quanto Particular de Ensino iniciada no início do mês de fevereiro de 2022, como também o breve retorno das atividades acadêmicas na Ufam, gera discussão.

Durante sua exposição, o pesquisador comentou sobre esse fato, veja: “nós devemos separar os diferentes públicos. Se nós pensarmos quem não está vacinado, nós temos que se preocupar mais nesse momento, definitivamente não é o momento de retomar o ensino presencial”. E comentou ainda que quando se refere a crianças da faixa etária de 5 a 11 anos não vacinadas, é preocupante, porque o percentual desse público fica em torno de 25% a 30%. E, menor ainda no interior do Estado.

“É muito preocupante isso, infelizmente temos que lhe dá com essa situação. Por que o Amazonas é um dos lugares em se tem um dos mais emblemáticos exemplos de negligência sanitária, fomentado por uma impunidade impressionante”, completou o cientista.

Mutação

De acordo com o pesquisador, a mutação do vírus da covid-19 sempre irá ocorrer. Ele explica que o novo coronavírus tem um índice elevado de mutação que toma como exemplo a variante Delta que teve mais de duzentas mutações e, acredita que nenhuma delas é tão perigosa como aquela que causou o surto pandêmico em 2021.

O pesquisador acredita que há necessidade da atenção com relação à mutação. “Essas mutações se continuarem surgindo como padrão das últimas ocorridas, Alfa, Beta, Gama, Delta e, agora a Ômicron, a vacina por enquanto ainda nos garante proteção robusta, forte contra causas graves e óbito por covid-19”completou.

Pesquisador

Jesem Douglas Yamall Orellna possui graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Rondônia (2003), mestrado em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (2005) e doutorado em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas (2021).

Atua como pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz, colabora em projetos sobre mudanças climáticas na Amazônia e sua relação com aspectos socioambientais e de saúde junto a Universidade de Lancaster (Reino Unido) e é membro da Comissão de Epidemiologia da ABRASCO.

Tem experiência na área de Saúde Coletiva, atuando principalmente nos seguintes temas: epidemiologia populacional, processos endêmico-epidêmicos, Covid-19, saúde mental, violência urbana e doméstica, saúde da criança e da mulher. (e-mail: jesem.orellana@fiocruz.br)

Fonte – Ufam

Foto – Divulgação

 

 

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