Aprender sobre a poluição das águas e os malefícios à saúde dos peixes, sobre o preparo correto de chá e sobre a diversidade de plantas medicinais da Amazônia são algumas das atividades apresentadas durante os 30 anos do Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). A programação continua até domingo (6), com exposições, jogos, visitas, e outras atividades de popularização da ciência.
O Bosque da Ciência funciona de terça a domingo, de 9h às 16h30, com entrada gratuita mediante agendamento no site clicando aqui.
As exposições buscam aproximar a ciência do público, permitindo que os visitantes compreendam melhor os benefícios e impactos das pesquisas na vida cotidiana. Além da participação de pesquisadores do Inpa, alunos do programa de pós-graduação (mestrado e doutorado) e bolsistas colaboram nas atividades, tornando as apresentações mais interativas e didáticas.
Poluição aquática e seus impactos ambientais e na saúde humana
A pesquisadora do Inpa, Fabíola Domingos-Moreira, especialista em Ecotoxicologia Aquática, apresentou aos visitantes a atividade “A água não está para peixe!”, que explora os efeitos dos poluentes nos organismos aquáticos e na saúde humana. A exposição, que contou com maquete, aquário, microscópio e fotos, foi estruturada de forma interativa, permitindo aos visitantes acompanharem as etapas do processo de contaminação da água, desde a introdução de poluentes até suas consequências ao meio ambiente, à fauna aquática e à população.
Com o apoio dos pós-graduandos do laboratório, os participantes aprenderam sobre os principais contaminantes encontrados na Amazônia, como metais pesados e resíduos de agrotóxicos, além dos impactos na cadeia alimentar e nos ecossistemas aquáticos. “Nosso objetivo é conscientizar sobre a relação direta entre a poluição dos rios e os problemas de saúde pública. Muitas doenças estão associadas à contaminação da água e a população precisa entender os riscos e como preveni-los”, explica a pesquisadora.
Fitoquímica e os cuidados no preparo de chás
A técnica em química e ciências naturais do Inpa, Miriam dos Santos, levou ao público uma demonstração prática sobre o preparo correto de chás. A atividade foi pensada para instruir o público sobre os materiais adequados para a infusão das ervas, destacando os riscos do uso de recipientes plásticos, que podem liberar substâncias tóxicas quando expostos a altas temperaturas.
Durante a exposição, os visitantes acompanharam o processo completo de preparação de chás medicinais, aprendendo sobre as propriedades terapêuticas de diferentes ervas amazônicas. Ao final da demonstração, um momento de degustação permitiu que as pessoas experimentassem as infusões para compreender a importância da escolha correta dos materiais no preparo. “Muitos não sabem que o modo de preparo do chá influencia diretamente nos seus benefícios. Usar o material errado pode até gerar efeitos adversos à saúde”, alerta a técnica.
Interação com a botânica e as plantas medicinais amazônicas
O pesquisador do Laboratório de Inventário Florístico e Botânica Econômica, Juan Revilla, um dos fundadores do Bosque da Ciência, compartilhou com o público informações do uso das plantas amazônicas para a saúde e a economia. Seu trabalho consiste na catalogação e análise das espécies vegetais da floresta, respondendo a perguntas essenciais para a ciência: quais plantas existem? Onde são encontradas? Em que quantidade? Quais seus benefícios?
A exposição incluiu uma sessão interativa, onde os visitantes conheceram de perto plantas medicinais amazônicas e tiraram dúvidas diretamente com o pesquisador. Além disso, o botânico Revilla explica como esses estudos resultam na produção de corantes naturais e compostos medicinais, utilizados como alternativa aos produtos químicos sintéticos. Ele também abordou os processos de transformação das essências das plantas em pó, permitindo sua aplicação na produção de comprimidos e outros tratamentos naturais.
“A Amazônia tem um potencial incrível para a medicina natural, e nosso papel é entender suas propriedades e garantir que sejam utilizadas de forma sustentável. Queremos que o público perceba que a floresta tem muito a oferecer, desde alternativas para a saúde até soluções ecológicas para substituir produtos industriais prejudiciais”, afirma Revilla.
Mais de dez laboratórios do Inpa participaram da semana de atividades apresentando seus estudos e acervo científico. Acompanhe a programação no Instagram do Bosque da Ciência em @bosque.inpa.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação/Ascom