Especialistas renomados no grupo de besouros da família Buprestidae, do gênero Agrilus, os
pesquisadores Gianfranco Curletti e Letizia Migliore, visitam as Coleções de Insetos do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) para contribuir com as identificações das espécies
do acervo amazônico.
O pesquisador Curletti do Museu de História Natural de Carmagnola, próximo à cidade de Turim, na
Itália, e a doutoranda Migliore da Universidade de São Paulo (USP), Museu de Zoologia, vieram ao
Inpa a convite do pesquisador e entomólogo José Albertino Rafael, por meio do projeto Rede Bia,
Rede Bionorte, da qual o pesquisador é coordenador. O objetivo do projeto é contribuir para ampliar
o conhecimento da diversidade de insetos, neste caso de besouros da Amazônia.
Além das coleções de insetos encontradas no Inpa, Curletti e Migliore ainda estiveram por cinco
dias na Reserva Experimental de Silvicultura Tropical para coletas adicionais e conhecer os
ambientes naturais das espécies. Para compartilhar as informações sobre o grupo de trabalho
estudado por eles e a experiência deles na Amazônia, os pesquisadores realizarão as palestras “A
Copa do Mundo” e “O pequeno é bonito”.
O evento está programado para esta sexta-feira (2), às 9h, na sala de aula do Programa de Pós-
Graduação da Entomologia do Inpa, localizada no Campus 2 (Rua Bem-te-vi, Petrópolis). A entrada é
gratuita e aberta aos interessados no assunto.
Com cerca de três mil espécies conhecidas e espalhados pelo mundo, os Buprestidae compreendem uma família muito rica em espécies. Curletti afirma, no entanto, que a maioria das espécies encontradas
nas Coleções dos museus estrangeiros, como de Paris, Londres, Praga e outras, é de espécies da Mata
Atlântica.
“Aqui, na Amazônia, o material permanece pouco estudado. Há muito a descobrir”, diz Curletti ao
acrescentar que a Coleção do Inpa é uma das “mais belas e mais bem conservadas do país”.
Para o pesquisador José Albertino, a vinda dos pesquisadores ao Inpa, além de tornar o acervo mais
valorizado por conta das identificações, torna a Coleção do Instituto mais conhecida
internacionalmente. “As identificações que eles estão fazendo nesse acervo são extremamente
valiosas para estudantes e outros interessados no grupo, pois servirá de base para futuras
pesquisas e algo para se comemorar”, vibra.
Na opinião de José Albertino, a visita dos pesquisadores abre a possibilidade de colaborações
mútuas que pode se prolongar por muito tempo e envolver alunos de pós-graduação. Isso porque o
homem tem a obrigação ética de conhecer todas as espécies com as quais convive e de conhecer a sua
função na natureza;
“A parceria não significa que nós temos que ir até a Instituição deles. Significa que nós temos que
alimentar esses pesquisadores com o fruto do nosso trabalho aqui, com as coletas que a gente vem
fazendo e que eles estão contribuindo com as identificações, enriquecendo o nosso acervo”,
ressalta.
Curletti diz esperar que se inicie essa rede de colaboração, já que com um número maior de
especialistas será possível avançar no conhecimento da diversidade de insetos amazônicos. “O mundo
dos insetos é algo grande e não há uma pessoa que possa conhecer todas as espécies, é impossível.
Então, é importante que os especialistas, de cada grupo, espalhados ao redor do mundo colaborem uns
com os outros”, sinaliza Curletti.
Para explicar a importância das coleções do Inpa, o entomólogo italiano faz uma analogia delas com
os livros da biblioteca. Segundo ele, as coleções são um testemunho do que é a fauna hoje e como já
foi no passado. “Nas coleções há material antigo, coletado no passado, e isso é muito valioso para
entender o que havia anteriormente (e o que ainda há hoje), o que coletamos hoje, além de servir
para os estudos atuais, servirá para estudos futuros, assim como os livros”, acredita.
Fonte – Inpa