Cultura

Projeto busca valorizar história de artistas de rua em Manaus

“A arte se apresenta de inúmeras formas, ela pode ser um desejo, uma vocação, uma ferramenta de mudança, uma forma de sobrevivência”. Esse é um dos principais argumentos do projeto ‘Rua – A Arte que nos Rodeia’, que lançou uma série de vídeos gravados com artistas de rua de Manaus entre os meses de fevereiro e março, após a segunda onda de COVID-19 que afetou o Estado.

A idealizadora do projeto, a publicitária e gestora cultural Gisa Almeida, conta que a ideia surgiu a partir de uma observação durante o período de isolamento social de Manaus: os artistas locais que se apresentavam nas ruas e nos sinais da capital ‘sumiram’ dos seus locais habituais de apresentação. Até aí nenhuma surpresa, pois a arte, tendo a interação humana como uma de suas características basilares, também precisa ser vista e vivenciada por outras pessoas além do próprio artista. Em outras palavras: sem público, sem show.

Porém, a estratégia adotada por artistas bem conhecidos e empreendedores, de migrar para o ambiente digital, ainda é uma alternativa longe da realidade para essas pessoas. Considerando o cenário das vias públicas e sinais de uma capital, o contato do artista com seu público é, na maioria das vezes, imediato demais para criar vínculos, isso gera dificuldades intransponíveis para adaptar esse tipo de trabalho a outros formatos.

Essas reflexões geraram outro tipo de questionamento: como essas pessoas estão vivendo, ou se sustentando? Encontraram outros empregos? Conseguiram se adaptar ao isolamento? Essas foram algumas questões que ficaram sem resposta e serviram como combustível para a elaboração do projeto, focado nos artistas de rua de Manaus, uma das cidades que estava à frente – no pior sentido da palavra – das demais capitais brasileiras, nos números de disseminação do coronavírus.

Com a proposta elaborada e os recursos captados, e equipe se dedicou a encontrar esses artistas, muitos dos quais estão inacessíveis pelos meios convencionais de comunicação. “Alguns contatos foram feitos via redes sociais, mas houve casos em que tivemos que buscar contatos de parentes ou amigos dessas pessoas para poder encontrá-las e manter a representatividade que gostaríamos de conferir ao projeto”, explica Gisa.

Seguindo os protocolos de segurança necessários para prevenção à COVID-19, a equipe envolvida no projeto gravou depoimentos com os artistas em seus ambientes naturais de apresentação. Alguns deles tiveram, pela primeira vez, uma oportunidade de contar sua história de vida e sua trajetória na construção de uma carreira artística. O material, que também conta com a produção de um portfólio artístico digital de cada um deles, busca profissionalizar a carreira.

A produção desses materiais, de acordo com a produtora, visa “levantar a autoestima desse agente da cultura para que ele possa se enxergar como profissional e poder ter algo palpável sobre sua trajetória, inclusive para futuramente poder ter acesso direto a verbas de editais públicos, tornando esse caminho um pouco mais democrático”.

Democrático também é um dos adjetivos que a produtora atribui à arte exercida por cada um dos personagens da série. São pessoas que, com poucos recursos, conseguem transmitir sua mensagem, gerar entretenimento, arrancar sorrisos de quem passa apressado na rua.

Ainda que as similaridades sejam muitas entre os artistas, cada artista vivencia sua arte de forma distinta. “São seis histórias em seis segmentos diferentes. Seis perspectivas diferentes num universo de possibilidades”, finaliza a gestora.

Apoio Emergencial

A ideia de buscar essas pessoas não veio apenas como estratégia para maior visibilidade aos artistas, mas uma forma de conectar os artistas participantes com os recursos direcionados como apoio emergencial pela lei Aldir Blanc. Todos eles, de alguma forma, dependem da arte para sobreviver, ajudar a família, pagar as contas. Essa entrada de dinheiro foi reduzida ou mesmo interrompida, e de alguma forma precisava ser atendida.

Nesse sentido, cada participante recebeu um cache de participação no projeto. Ao contribuir financeiramente com os artistas, a ideia é que eles invistam na sua atividade, com a compra de equipamentos, vestuário ou ferramentas de trabalho, mas também uma forma de dar um alívio aos que dependem da atividade para pagar suas contas, desde aluguel até alimentação.

“Também entregamos aos artistas kits de prevenção à Covid-19, com máscaras, álcool em gel e outros itens de proteção, para reduzir a possibilidade de contágio, principalmente durante esses períodos de flexibilização do isolamento em Manaus”, explica Almeida.

 

Fonte – Ascom

Foto – Divulgação

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