O Projeto Harpia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) registrou um novo filhote de gavião-real (Harpia harpyja) na Reserva Florestal Adolpho Ducke, localizada no quilômetro 26 da rodovia AM-010, sendo a base de pesquisa mais antiga do Instituto. O novo filhote foi descoberto no mês de comemoração dos 70 anos de instalação do Inpa, comemorado no último sábado (27), no Bosque da Ciência.
A pesquisadora do Inpa e coordenadora do Programa In Situ do Projeto Harpia, Tânia Sanaiotti, ressalta que só tem a celebrar com esse novo registro. “Mais um ciclo reprodutivo bem sucedido de espécie ameaçada de extinção, isso é muito importante para a conservação. Ainda nos exigirá esforços de sensibilização ambiental no entorno da Reserva, para que o filhote não seja alvo de perseguição, quando iniciar sua dispersão para fora da reserva”, comenta.
Sanaiotti diz, ainda, que haverá um concurso para escolher o nome do novo filhote. “O Projeto Harpia vai lançar em breve um concurso para a escolha do nome do filhote, a ser realizado na rede de escolas mais próximas das bordas norte e oeste da Reserva Ducke”, pontua.
O registro do novo filhote foi realizado pelo fotógrafo Carlos Tuyama e a professora Cristina Tuyama, que são membros da equipe do Projeto Harpia em Rondônia e por duas semanas visitaram as áreas em que estão os ninhos de gavião-real. Durante a visita foi instalado um novo sistema para monitoramento por câmeras-trap no dossel da floresta.
Desde 2010, um dos ninhos de gavião-real, em uma árvore Angelim-pedra, vem sendo acompanhado na Reserva Ducke e em 2012, este ninho foi o primeiro a receber a câmera-trap para monitoramento remoto da reprodução de Harpia no Brasil. A tecnologia que permite o estudo da dieta e do comportamento reprodutivo do casal de forma bastante eficiente foi instalada durante o trabalho de doutorado de Francisca Helena Aguiar da Silva.
Ao longo dos 14 anos de monitoramento, o casal produziu quatro filhotes com sucesso e dois filhotes foram marcados com equipamento de identificação, anilha do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) e transmissor. O filhote de 2015 se dispersou, já o filhote de 2023 está sendo monitorado por satélite e ainda utiliza o ninho, que já ocupa uma área de quatro quilômetros quadrados (4Km²) da Reserva Ducke.
Educação Ambiental
O Projeto Harpia além de pesquisa e reabilitação dos animais, também tem atuação em capacitação e educação ambiental, organizando atividades educativas nas comunidades e participando de mostras de ciência e tecnologia. Para manter a tradição, o Projeto Harpia participou da comemoração dos 70 anos de instalação do Inpa.
Sanaiotti relembra que o projeto sempre colabora com atividades de popularização científica, especificamente, nos eventos que acontecem no Bosque. “Desde 2004 o projeto participa das celebrações do aniversário do Inpa, que na ocasião celebrava seus 50 anos com exposição no Amazonas Shopping. Em 2017 iniciou no Bosque da Ciência, exposições comemorativas dos 20 anos do Programa de Conservação da Harpia – Projeto Harpia”, frisa.
Sobre o Projeto Harpia
Com o nome de “Programa de Conservação do Gavião-real” (PCGR), o projeto vinculado ao Inpa surgiu em 1997, após a descoberta de um ninho de gavião-real (Harpia harpyja) numa floresta próxima à região de Manaus. No ano de 1999 foram estabelecidas algumas metas para ampliar a identificação, mapeamento e monitoramento de ninhos. O objetivo era estudar a biologia dessa espécie na Amazônia Brasileira com a participação de voluntários dispostos a enfrentar o desafio de conservar esta ave de rapina.
Atualmente, o projeto conta com o apoio de pesquisadores parceiros, voluntários, estudantes e bolsistas para a realização da coleta de dados, projetos de educação ambiental e divulgação de informações no entorno de ninhos. Além disso, diversos ninhos de gavião-real são monitorados na Amazônia e Mata Atlântica.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação