Trabalhadores apontam alternativas para geração de renda em evento
Áurea Martins, 47, está há um ano desempregada. Neste tempo, ela conta que está fazendo de tudo pra se sustentar. “Enquanto procuro emprego, vendo desde dindim até bolo e brigadeiro. A gente não pode parar”. Áurea foi uma das participantes do 1º Work-Café, evento realizado pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego e Desenvolvimento (Semtrad), na manhã deste sábado, 10/3, no Sine Manaus do Shopping Phelippe Daou, na zona Leste.
Com o objetivo de dar voz aos trabalhadores que estão buscando se recolocar no mercado, e estão acima de 35 anos, o Work-Café utilizou uma metodologia inovadora, chamada de “world-café”. Com dinâmicas diferenciadas, os participantes, 21 ao todo, interagiram de modo espontâneo, contando experiências, desafios e expectativas.
Áurea é analista de logística e acredita que o fato de ter passado dos 40 anos tem dificultado sua seleção. “Estou achando que é isso, porque já fui chamada algumas vezes, mas só ouço que sou ‘muito qualificada’. Fico pensando: será que vou ter de morrer de fome porque sou muito qualificada?”, desabafou.
A secretária da Semtrad, Ananda Carvalho, abriu o Work-Café e chamou a atenção dos participantes para as oportunidades que eles têm de não só procurar emprego, mas também de passar a ser empregadores. “Identificamos em uma pesquisa no Sine Manaus que, das mais de 500 pessoas que passam pelo Sine Manaus todos os dias, mais da metade já empreende sem saber, seja consertando ar-condicionado, fabricando artesanato ou vendendo brigadeiro. Nós acreditamos que essas pessoas, se orientadas de modo certo, podem sim passar a empregar ao invés de procurar emprego”, ressaltou.
De acordo com Ananda, ainda que o cenário econômico brasileiro estivesse favorável, uma parcela da população não conseguiria se recolocar no mercado. “É neste sentido, e também como diretriz do prefeito Arthur Virgílio Neto, que buscamos políticas públicas que possam ser alternativa de geração de renda para a população. Essas pessoas, portanto, são porta-vozes da população para nos indicar qual qualificação empreendedora e profissional precisamos oferecer a elas”, destacou a secretária.
Entre as soluções sugeridas, houve desde uma política pública voltada para inserção de pessoas acima de 35 anos no mercado, até a oferta de cursos de idiomas e marketing digital, entre outros ligados à qualificação profissional e empreendedora.
O Work-Café funcionou como uma ferramenta de diagnóstico para a Semtrad para identificar com clareza as necessidades do público no que se refere à qualificação empreendedora e profissional para os projetos de 2018. Na programação, haverá ainda outros Works-Cafés, que irão envolver outros públicos e faixas etárias.
‘Carteira assinada’
Dos participantes do Work-Café, a maioria está desenvolvendo algum tipo de atividade que gere renda rápida. Anderson Rodrigues, 38, desempregado há sete meses, decidiu vender produtos básicos na sua própria casa. “Não chega a ser um comércio, mas vendo arroz, feijão, leite, e tem me ajudado no sustento de casa”, conta, dizendo que ainda espera conseguir um emprego com carteira assinada.
Industriário, com especialização em Solda Mig, Rodrigues tem inglês intermediário, já atuou como operador de máquina e hoje está entrando na área de Saúde, cursando Fisioterapia. “A área metalúrgica está muito defasada, então, precisamos buscar outras alternativas”.
Nilmara Salgado, 40, está concluindo um doutorado na área de Informática, e já vai começar a buscar emprego neste campo. Ela acredita que o quesito idade acaba interferindo na recolocação, dependendo da empresa e da profissão.
“Algumas empresas acham que o jovem vai ter mais energia, pode se arriscar mais; mas há também uma questão salarial envolvida nisso, porque em tese os jovens também ganhariam menos que os de maior experiência”, argumenta. Para Nilmara, a saída para quem tem mais anos no mercado, é continuar se qualificando e buscar sempre o network, motivo de sua participação no evento.
Fonte – Semcom