Mais de 600 trabalhos científicos sobre fungos serão apresentados no Congresso Brasileiro de Micologia em Manaus

Variedades

Uma ampla variedade de estudos relacionados aos fungos, incluindo pesquisas aplicadas nas áreas de agronomia, biotecnologia, alimentação, meio ambiente, medicina, farmacologia, veterinária, entre outras, serão apresentados no IX Congresso Brasileiro de Micologia (ciência que estuda os fungos), que acontece no período de 24 a 27 de junho, em Manaus, AM. São mais de 100 palestras e 500 trabalhos sobre pesquisas relacionadas a fungos a serem apresentados, segundo dados da organização do evento.

A programação técnico-cientifica do evento inclui sete conferências, três simpósios, 23 mesas-redondas, com 88 palestras, além de 14 minicursos, entre outras atividades voltadas para conhecer e discutir os avanços no conhecimento relacionado aos fungos. O evento será realizado no Centro de Convenções Vasco Vasques, em Manaus.

O Congresso é uma realização da Sociedade Brasileira de Micologia (SBMy), em parceria com Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Instituto Leônidas e Maira Deane/Fiocruz Amazônia, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Embrapa Amazônia Ocidental e Fundação de Medicina Tropical. Conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Empresa Estadual de Turismo do Amazonas e Secretária de Cultura de Estado do Amazonas.

O número de trabalhos em forma de pôster ultrapassa 500 estudos e pesquisas relacionadas as diferentes áreas: Micologia médica, Micologia biológica, Micologia Industrial e Micologia ambiental e aplicada, informa a presidente da comissão organizadora do IX Congresso Brasileiro de Micologia (IX CBMy), Maria Aparecida de Jesus, pesquisadora do Inpa.

A presidente da comissão cita que está prevista a participação de conferencistas e palestrantes com estudos de referência, vindo de países como Guatemala, Argentina, Chile, Estados Unidos, México, Holanda, França e Reino Unido, além de diversas participações de pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa do Brasil. Aparecida cita que o convite a pesquisadores de outros países teve como critérios aqueles que podem oferecer oportunidades para trabalhos em parceria com o Brasil e o potencial de intercâmbio das instituições para receber estudantes brasileiros.

Para o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Luadir Gasparotto, membro da comissão organizadora, a realização do Congresso Brasileiro de Micologia em Manaus é uma grande oportunidade para conhecer o campo de pesquisas que está aberto nessa área de conhecimento no Brasil e sobretudo na Amazônia, assim como também é uma oportunidade para empresas e autoridades investirem em pesquisas e na finalização de produtos e compostos obtidos a partir de fungos que podem ser usados nas mais diversas áreas, desde a indústria de alimentação à medicina. Gasparotto cita que a Amazônia é uma região de grande biodiversidade, onde a diversidade de fungos é incomparável e grande quantidade desses fungos são ainda desconhecidos para a ciência. “Precisa de pesquisa para desenvolver essas oportunidades, o Congresso de Micologia é uma grande oportunidade para mostrar para o Brasil que aqui tem muita coisa para ser pesquisada”, comenta.

Como exemplo dessa biodiversidade, a pesquisadora Maria Aparecida de Jesus cita que são mais de 200 espécies de fungos conhecidos que ocorrem na Amazônia, considerando apenas os macrofungos (estruturas visíveis a olho nu, como os cogumelos, por exemplo). Dentro da programação do Congresso, haverá inclusive um simpósio específico sobre micodiversidade na Amazônia, além de apresentações de estudos sobre diversidade de fungos em outras regiões do País. Haverá ainda uma mesa sobre os acervos micológicos brasileiros, em que serão apresentadas informações sobre acervos micológicos depositados em Herbários e em Coleções de Culturas Fúngicas na Amazônia e das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do País.

Aplicações biotecnológicas

A diversidade dos fungos abre um amplo campo de pesquisas sobre seus efeitos, usos e aplicações biotecnológicas e tecnológicas. Enquanto alguns fungos são comestíveis, outros podem contaminar alimentos. Alguns podem ser usados na alimentação, outros podem ser tóxicos. Existem alguns prejudiciais à saúde e causam infecções, outros podem ser fontes de fármacos. Existem aqueles que causam importantes prejuízos econômicos na agricultura e outros que auxiliam as plantas. Outros ainda podem contribuir na descontaminação de ambientes. Esses diferentes aspectos e usos se refletem na variedade de temas discutidos no IX CBMy. A presidente do IX CBMy destaca que um grande volume de trabalhos apresentados neste Congresso envolve pesquisas na área de saúde. A conferência de abertura, inclusive, aborda infecção fúngica grave, e será ministrada por Sybren de Hoog, da Westerdijk Fungal Biodiversity Institute, da Holanda. Em diversas mesas e painéis, haverá apresentação de trabalhos em relação a doenças de importante ocorrência causadas por fungos, doenças fúngicas negligenciadas, resistência de fungos a tratamentos, assim também como trabalhos sobre avanços em diagnósticos e opções terapêuticas. Um dos destaques nessa área são os estudos apresentados pelo pesquisador Manoel Odorico de Moraes Filho, da Universidade Federal do Ceará, sobre fármacos derivados de fungos com atividade anticâncer. Vários estudos relacionados a fungos na agricultura também serão apresentados e discutidos. O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Luadir Gasparotto, coordena uma mesa sobre controle biológico na agricultura mediado por fungos. Outra vertente dos trabalhos são os estudos relacionados ao meio ambiente. Pela capacidade dos fungos degradarem substâncias, podem ser usados para reduzir ou remover contaminações. Dentre as apresentações haverá mesa sobre avanços da aplicabilidade de fungos na biorremediação de ambientes contaminados no Brasil, coordenada pela pesquisadora Luciana Jandelli Gimenes, da Universidade de São Paulo (USP).

Nesta edição de 2019, o IX Congresso contempla nove eixos temáticos: Micologia médica e veterinária; Micodiversidade; Micologia ambiental; Micologia industrial; Tecnologia de alimentos; Micologia agrícola; Coleções micológicas; Ensino de micologia; Etnomicologia.

Com o objetivo de estimular a formação de recursos humanos e a pesquisa científica em Micologia, o IX CBMy concederá o Prêmio Augusto Chaves Batista aos melhores pôsteres inscritos nas categorias estudante de graduação (iniciação científica), estudante de pós-graduação nível mestrado, pós-graduação nível doutorado ou recém-doutor (até um ano de conclusão do doutorado). No último dia do Congresso, dia 27, serão entregues as premiações dos melhores pôsteres e melhor fotografia de Fungo, além da assembleia da Sociedade Brasileira de Micologia (SBMy), entidade promotora do evento.

Além de toda essa programação, no período pré-Congresso haverá, de 21 a 23 de junho, o II Singer Foray – um evento organizado anualmente pela Pós-graduação em Botânica do Inpa, voltada para profissionais e estudantes interessados em diversidade e taxonomia de fungos e biologia de fungos. Serão três dias de imersão na floresta, com atividades de campo e informações teóricas sobre o tema, ocorrendo na Reserva Florestal Adolpho Ducke, do Inpa, Km 26 da Estrada Manaus-Itacoatiara (AM-010).

Fonte – Embrapa

Foto – Divulgação