Brasileiros são considerados os imigrantes mais adaptados a Portugal

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Os brasileiros tornaram-se a maior comunidade estrangeira em Portugal. De cada 4 alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 1 é brasileiro. A colônia já soma 360 mil imigrantes — um número que só cresce.

Para a grande maioria dos portugueses a comunidade brasileira é a mais bem integrada à sociedade do país. Essa é uma das conclusões do estudo apresentado no seminário “Imigração sustentável num Estado Social de Direito”, promovido pela FGV Justiça em parceria com o Lisbon Public Law — o evento integra as atividades permanentes da série Fórum de Lisboa.

De acordo com a pesquisa, 72,2% dos entrevistados indicaram os brasileiros como os imigrantes mais adaptados ao país, seguidos pelos outros europeus que moram no país (41,2%), cidadãos africanos dos países lusófonos (32,4%) e os chineses (23,1%).

A pesquisa “Opinião pública sobre imigração em Portugal” ouviu mil pessoas e os resultados foram apresentados no seminário por Ana Rita Gil e Vladyslava Kaplina, professoras da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pesquisadoras do Lisbon Public Law.

O Brasil descobre Portugal

Dos pouco mais de 10 milhões habitantes do país, os imigrantes representam cerca de 1 milhão deles. Dos mais de 70 mil estudantes de outros países em universidades portuguesas, cerca de um quarto é do Brasil. A proporção é semelhante no curso de Direito. Só na Universidade de Lisboa, os brasileiros são 23,8% dos 5,5 mil matriculados na Faculdade de Direito.

De maneira geral, a pesquisa identificou que a população portuguesa é receptiva à imigração: 71,7% entendem que “os portugueses devem receber bem os imigrantes”. Entre os aspectos positivos, os entrevistados destacaram a formação de uma sociedade multicultural (67,3%) ou a maior disponibilidade de mão-de-obra (64,2%).

Do total de entrevistados, 80,7% concordam com a regularização dos imigrantes que trabalham e contribuem para o sistema de previdência social, enquanto 63,3% consideram que os imigrantes devem ter acesso total ao sistema nacional de saúde.

Preocupações

A maioria dos entrevistados (78%), entretanto, concorda que a imigração poderá trazer riscos, entre eles o aumento da criminalidade (75%) ou aumentar as redes de tráfico de pessoas e imigração ilegal (68,1%).

A maioria (52,7%) também considera que as autoridades devem impedir a entrada de pessoas com antecedentes criminais. Outra preocupação está relacionada à habitação: uma quantidade expressiva (76,7%) considera que a imigração influi no preço da moradia.

A pesquisa também indica que 75,3% dos entrevistados consideram que os imigrantes que não trabalham devem ficar um período limitado no território até encontrarem emprego, sendo que apenas 22% consideram que o estrangeiro desempregado deve deixar o país imediatamente. Já 53,3% acham que deve ser dada preferência à contratação de portugueses desempregados.

Apesar da receptividade aos imigrantes, a maior parte dos entrevistados demonstra pouca confiança nas atuais políticas de regulação da imigração: 55,2% consideram que o fenômeno está descontrolado no país, sendo que 48,7% elegeram como prioridade que Portugal estabeleça cotas para imigração.

O evento reuniu acadêmicos e especialistas para discutir os processos imigratórios e suas diferentes causas, como conflitos geopolíticos, desastres climáticos, condições de trabalho, fuga da violência e ideologias. As discussões analisaram as políticas necessárias para que os países promovam uma imigração sustentável, em alinhamento com os princípios do Estado Social de Direito.

 

Fonte – Ascom

Foto – Divulgação

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