A Cooperativa Agrícola Sul Matogrossense (Copasul), com sede em Naviraí (MS), espera obter ganhos de até 50% de produtividade com o uso de variedades desenvolvidas pela Embrapa. A cooperativa é parceria da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) em um projeto de cooperação técnica para plantio das variedades BRS CS01, BRS 420, para a indústria, e das cultivares BRS 396, BRS 399 e BRS 429, para mesa.
Segundo Gervásio Kamitani, presidente da Copasul, os atuais materiais de mandioca obtiveram 27 toneladas por hectare na safra 2018/2020 (lavouras de dois ciclos). “Nossa expectativa, com as (variedades) de dois ciclos da Embrapa são de 35 a 38 toneladas por hectare [aumento de 40%]”.
Na safra 2019/2021 (safra de 1 ciclo), com as variedades comerciais, a cooperativa está colhendo 18 toneladas por hectare, com uma renda média de 600 gramas. “As produtividades que esperamos ter com os materiais da Embrapa são de 25 a 27 toneladas por hectare, com uma renda de 650 gramas também [aumento de 50%]”.
“Neste ano, vamos multiplicar a campo, já temos alguns lotes mais expressivos e vamos comprovar se serão possíveis estas produtividades”, pondera.
De acordo com Auro Akio Otsubo, pesquisador e chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, nessa região, o sistema de produção é mais intensivo e concentra as maiores plantas industriais processadora da mandioca, sendo responsável por mais de 90% da produção nacional de fécula. “Dentro dessa região, uma curiosidade é o estado de Mato Grosso do Sul, onde a mandioca é a 4ª cultura de importância quanto ao valor da produção, abaixo da soja, do milho e da cana, porém à frente do algodão, arroz, feijão e outros”, conta.
Segundo o IBGE (2018), a produção em MS foi de mais de R$ 350 milhões, equivalente a produção de raiz de quase 722 mil toneladas e 33 mil hectares de área plantada. Mato Grosso do Sul fica atrás do Paraná e de São Paulo e à frente de Santa Catarina.
As quatro variedades da Embrapa já passaram por oferta pública. Vários produtores e biofábricas já adquiriram ramas básicas, que possuem o Renasem (Registro Nacional de Sementes e Mudas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), assim como a Copasul.
Qualidade das ramas
“A Embrapa cumpre um papel fundamental daqui para frente como mantenedora das variedades e dos materiais básicos e deverá fazer com que sejam produzidas ramas básicas, assegurando qualidade genética fitossanitária dessas ramas”, diz Marco Antônio Sedrez Rangel, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, lotado na Embrapa Soja, que coordenou o Programa de Melhoramento Genético da Embrapa.
O chefe-geral Interino da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira, salienta que “essa é uma cultura relevante para o Brasil, não somente em relação ao consumo interno, mas para produção de ativos passíveis de exportação, e que o desenvolvimento de ações que garantam o desenvolvimento do sistema produtivo da mandioca, proporcionando tanto a manutenção como também ganhos na qualidade e na produção são de fundamental importância”.
Segundo Oliveira, essa interação entre o setor produtivo e a Embrapa tornam possíveis que esses novos materiais disponibilizados sejam efetivamente inseridos no sistema de produção da mandioca, proporcionando avanços que contribuam em toda a cadeia dessa importante cultura.
Rangel esclarece que novas variedades são a demanda número um da cadeia produtiva, mais responsivas “porque a produtividade vinha caindo muito em termos de doença e foi necessário entrar com novas variedades superiores, adaptadas, resistentes, vigorosas (crescem e cobrem o solo rapidamente), tanto as de indústria quanto as de mesa. Se entrar uma doença muito séria que atingir a mandiocultura, a Embrapa tem que ser um dos agentes que vai garantir a entrada de novos materiais no mercado para renovar as ramas, para novas variedades resistentes. É o papel que a Embrapa sabe fazer muito bem”, salienta.
Fonte – Embrapa
Foto – Divulgação