Boa notícia para o mercado da pesca legal: o pirarucu manejado das Reservas Mamirauá e Amanã, no estado do Amazonas, teve um acréscimo no preço médio entre 2017 e 2018. O valor alcançado pelas vendas no ano passado foi de R$ 5,14 por quilo do pescado, um aumento de 88 centavos em relação à temporada anterior, quando o preço médio foi de R$ 4,26.
Os dados são do relatório técnico anual do manejo feito pelo Instituto Mamirauá, organização que oferece assessoria técnica ao manejo de pirarucu na Amazônia. De acordo com Ana Cláudia Torres, coordenadora do Programa de Manejo de Pesca do instituto, o acréscimo financeiro é um reflexo do acordo feito entre os manejadores para fixar um preço mínimo de venda e também pelo aumento da oferta do produto em feiras da região.
A pesca sustentável do pirarucu não gera apenas benefícios ecológicos por proteger a espécie e o meio ambiente, mas também econômicos: no ano passado, o manejo rendeu R$ 1.566.309,50 somente em Mamirauá e Amanã.
Esse valor foi distribuído entre mais de 700 pescadores envolvidos diretamente com a atividade em 2018, o que corresponde a um faturamento médio bruto de R$ 2.166,40. Incluindo a venda de outras espécies de valor comercial, como o tambaqui, o desempenho do manejo de pesca na região foi de mais de 2 milhões de reais.
Mais de 300 toneladas do peixe foram comercializadas
Os números gerais são de 13 projetos de manejo de pesca no interior e arredores das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, região central do estado, em um território total de mais de 3 milhões de hectares. No âmbito dos projetos, estão 43 comunidades ribeirinhas, 03 colônias e 01 associação de pescadores.
Entre os meses de junho e novembro (período no qual a pesca do pirarucu decorrente de áreas de manejo é permitida, de acordo com a legislação), as manejadoras e manejadores capturaram 6.169 pirarucus. Esse total representou mais de 300.000 quilos de pescado. O pirarucu é o maior peixe de escama em água doce do mundo; um indivíduo adulto pode chegar até 200 quilos.
Maior escoamento da produção é para o mercado amazonense
O grande volume (68,8%) de pirarucu manejado foi consumido no próprio estado do Amazonas. De acordo com o relatório do Programa de Manejo de Pesca (PMP) do Instituto Mamirauá, os destinos mais comuns foram Iranduba, Manacapuru e principalmente a capital, Manaus. Cerca de 29% da produção circulou na região mais próxima das reservas Mamirauá e Amanã, notadamente os municípios de Tefé e Alvarães. O restante do pescado foi para o mercado nacional.
Coletivo se forma para valorizar o pirarucu manejado
Apesar do aumento, o preço médio pago pelo quilo do pirarucu manejado ainda está bem abaixo do ideal. Um estudo realizado em 2018 concluiu que o preço médio deveria ser a partir de 13 reais. Por isso, para valorizar o manejo de pirarucu, ampliar os benefícios socioambientais dessa prática e divulgá-la para outros mercados além da Amazônia, um grupo de organizações de assessoria técnica ao manejo e de produtores rurais uniu esforços. Assim surgiu a campanha “Manejo de Pirarucu”, que planeja a execução de atividades de comunicação e sensibilização a partir desse ano.
Em agosto, o pirarucu manejado será lançado no Rio Gastronomia, maior evento de gastronomia do país, que anualmente reúne cerca de 50.000 pessoas na cidade do Rio de Janeiro. Outra iniciativa será o Festival do Pirarucu, previsto para acontecer entre os meses de setembro e outubro no Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara, o CADEG, mercado municipal do Rio de Janeiro.
A campanha “Manejo de Pirarucu” é um projeto em parceria da Operação Amazônia Nativa, Instituto Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Memorial Chico Mendes, Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC) e Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS).
O Instituto Mamirauá
Unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o instituto desenvolveu uma metodologia para o manejo sustentável de pirarucu em ambientes de várzea, uma parceria com populações locais. Há mais de 20 anos, o manejo é praticado na região de Mamirauá, de onde foi divulgado para diversas partes do bioma amazônico.
Fonte – Mamirauá
Foto – Divulgação