Geral

Publicações detalham os cinco novos clones de cupuaçuzeiro lançados no Pará

Três publicações detalham e ilustram as vantagens, diferenciais e modos de plantar e cuidar dos cinco clones de cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) lançados neste mês de maio pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA). As novas cultivares são os materiais mais promissores desenvolvidos para essa cultura até o momento. Além de resistentes à vassoura de bruxa e da alta produtividade de frutos, se destacam pela dupla aptidão para polpa e sementes.

As obras de cunho técnico-científico já estão disponíveis no Portal Embrapa, gratuitamente, todas em linguagem acessível tanto a leigos quanto ao público especializado. Para obtê-las direto da internet, basta clicar sobre os títulos a seguir: o folder Cultivares de cupuaçuzeiro para o estado do Pará, a cartilha Novas cultivares de cupuaçuzeiro da Embrapa Amazônia Oriental: características e propagação e o comunicado técnico Cultivares clonais de cupuaçuzeiro recomendadas para o estado do Pará. Não é necessário cadastro no Portal Embrapa para baixá-las e o acesso ao conteúdo pode ser feito a qualquer hora.

As publicações divulgam as informações tecnológicas indispensáveis ao sucesso do plantio conjunto do Cupuaçu 5.0 – Kit de cultivares de cupuaçuzeiro de alta produtividade e boa resistência à vassoura-de-bruxa. As cultivares clonais são as BRS Curinga, BRS Golias, BRS Careca, BRS Fartura e BRS Duquesa, cujos nomes sugerem suas características mais marcantes. A recomendação técnica é para plantá-las simultaneamente em cada pomar, alternando-as no arranjo de campo, a fim de otimizar o potencial das cinco juntas para alta produtividade e boa resistência ao fungo causador da doença vassoura de bruxa. Se o produtor quiser, por exemplo, plantar 1 hectare com 400 mudas, ele deverá utilizar 80 mudas de cada cultivar.

Produção forte e segura

O autor Rafael Moysés Alves, pesquisador responsável pelo desenvolvimento dos novos clones, avalia-os como soluções tecnológicas que, aliadas às boas práticas de cultivo, chegam para fortalecer e impulsionar a cadeia produtiva do cupuaçu na Amazônia, em particular a do Pará, o maior produtor nacional da fruta. Segundo ele, as cultivares recém-lançadas, recomendadas para serem plantadas juntas, têm a produtividade e o rendimento de polpa e de frutos considerados altos – características de interesse dos produtores devido à possibilidade de obterem preços diferenciados para seus frutos.

Na visão de Alves, diante de um mercado nacional e internacional promissores, “é preciso ampliar as áreas de plantio e renovar os pomares decadentes, promover o incremento de produção e produtividade, trazer regularidade de oferta de matéria-prima, segurança para a atividade e melhorar a renda de agricultores familiares e pequenos produtores rurais, que constituem a grande maioria dos produtores envolvidos com essa cultura”.

O pesquisador trabalha com melhoramento genético de cupuaçuzeiro na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) há cerca de 30 anos e foi também responsável pelo desenvolvimento das cultivares BRS Coari, BRS Codajás, BRS Manacapuru e BRS Belém, lançadas em 2002, e a BRS Carimbó, lançada em 2012.

Impactos e benefícios

Para se ter uma ideia do impacto dos novos materiais no mercado, o comunicado técnico Cultivares clonais de cupuaçuzeiro recomendadas para o estado do Pará revela vantagens diferenciais em comparação com as cultivares anteriores, como a produtividade média dos frutos por safra: cerca de 59% superior à BRS Carimbó e 164% superior em relação às quatro cultivares lançadas em 2002. Enquanto a produtividade média paraense é de 2,5 toneladas por hectare (t/h), o conjunto de novas cultivares pode render 14 t/h, além de quase cinco vezes mais amêndoas (valorizada matéria-prima na indústria de cosméticos e alimentos), possuindo qualidade tecnológica da polpa superior às variedades lançadas.

Outro diferencial de peso é o período de colheita mais longo, que passou de quatro para seis meses em função de algumas das cultivares atingirem o pico de produção de frutos mais tarde que outras, proporcionando um tempo maior para as agroindústrias processarem todo o volume de frutas da safra.

De olho na vassoura de bruxa

Quem planta cupuaçu sabe que com vassoura de bruxa não se brinca. A doença pode dizimar pomares inteiros. Por isso, mesmo com os avanços tecnológicos alcançados, o pesquisador Rafael Alves faz questão de ressaltar os cuidados de rotina a serem tomados pelos produtores no combate contra a contaminação.

“Menos de 10% das plantas foram atacadas durante os 25 anos de testes com as variedades”, escreve o autor no folder Cultivares de cupuaçuzeiro para o estado do Pará. No entanto, Alves alerta: “a cultivares são resistentes, mas não imunes à vassoura de bruxa, havendo a necessidade de fiscalização permanente do pomar para possibilitar a poda fitossanitária precoce das vassouras”, explica o pesquisador, referindo-se aos ramos doentes que secam e ficam parecidos com vassouras feitas de galhos secos.

Boas práticas

Os benefícios, no entanto, dependem do emprego de boas práticas, como fica claro na cartilha Novas cultivares de cupuaçuzeiro da Embrapa Amazônia Oriental: características e propagação: “para o pomar alcançar a produtividade esperada, é necessário que sejam adotados os tratos culturais disponíveis para a cultura, que iniciam com o arranjo adequado das mudas no campo, espaçamento, adubação, irrigação, poda, controle da vassoura de bruxa, entre outros, os quais criarão o ambiente necessário para que as cultivares exponham seus potenciais produtivos”.

Há dois métodos de propagação de cultivares de cupuaçuzeiro. A cartilha sobre as cinco cultivares informa apenas sobre propagação por mudas enxertadas. A substituição de copa, que é a outra forma de multiplicação dos clones, já foi tema de uma cartilha anterior, publicada em 2014 pela Embrapa Amazônia Oriental. Para saber mais sobre o assunto, é possível acessar a publicação Substituição de copa do cupuaçuzeiro diretamente aqui e baixar o conteúdo.

Rafael Moysés Alves é autor das três publicações. Já a produção da cartilha e do comunicado técnico foi em coautoria com Saulo Fabrício da Silva Chaves, na época das pesquisas graduando do curso de Agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia.

O trabalho que resultou nos novos clones foi feito, em diferentes fases, em parceria com a Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap) e o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio).

 

Fonte – Ascom

Foto – Divulgação

 

temas relacionados

clima e tempo

publicidade

baixe nosso app

outros apps