Pesquisadores amazonenses discorrem a relevância da utilização do sabão como medida de higienização eficaz no combate ao novo Coronavirus. O artigo foi elaborado pelos pesquisadores amazonenses Ananias Alves Cruz, Antônio José Bittencourt Rosa, Brena de Oliveira Anchieta, Brunno Dantas, Cleinaldo de Almeida Costa, Evandro da Silva Bronzi, Johnson Pontes de Moura, Ranni Pereira Santos Dantas e Rodinei Luiz da Silva Bucco Júnior.
Perfis dos pesquisadores
Ananias Alves Cruz é professor adjunto dos cursos de Enfermagem, Odontologia e Medicina da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e doutor em Ciências em Fitopatologia (USP).
Antônio José Bittencourt Rosa é mestre em Implantodontia – São Leopoldo Mandic- Campinas/SP. Brena de Oliveira Anchieta é discente do curso de Medicina da Universidade Estadual do Amazonas.
Já Brunno Dantas é médico oftalmologista, enquanto Cleinaldo de Almeida Costa é reitor da Universidade do Estado do Amazonas e doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Evandro da Silva Bronzi é especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial – UNESP – SP / CFO; mestre em Odontologia – área de Ortodontia – UNESP / Araraquara /SP e, ainda, doutor em ciências odontológicas – área de Ortodontia – UNESP / Araraquara / SP.
Johnson Pontes de Moura é engenheiro químico e mestre em Engenharia Química pela UFRN, além de discente do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Amazonas.
Ranni Pereira Santos Dantas médica oftalmologista, com especialização em Oftalmologia pela Clínica Oftalmológica de Pernambuco, Fellow em catarata e glaucoma pela Fundação Leiria de Andrade, observership em glaucoma pelo Jules Stein Eye Institute em UCLA/Califórnia/USA , membra do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Academia Americana de Oftalmologia.
Rodinei Luiz da Silva Bucco Júnior possui graduação em Odontologia pela Universidade Federal de Santa Maria; mestre e doutor em Implantodontia pela São Leopoldo Mandic Campinas/SP.
O procedimento de lavar as mãos com água e sabão é o método desinfetante mais eficaz de eliminar vários tipos de vírus, incluindo o novo coronavírus, SARS-CoV-2. O sabão possui uma função emulsificante, que ajuda a unir água e gorduras, e também permite a remoção mecânica tanto da sujeira quanto de micro-organismos. Isso significa que o sabão apresenta a propriedade físico-química de unir moléculas que normalmente não ficariam unidas, agindo como ponte para que elas sejam carregadas pela água. Nos momentos hodiernos desta pandemia e outras doenças causadas por micro-organismos, o objetivo é tirar o máximo desses micróbios (vírus, bactérias, fungos e protozoários, por exemplo) de circulação.
É preciso lavar as mãos várias Vezes ao dia e esta cultura de higienização das mãos deve ser incorporada à cultura mundial, principalmente neste período de pandemia do novo CoronaVirus, e essa procedimento deve ser seguido por todos com intuito de criação de uma rede de proteção capaz de impedir a propagação exponencial do SARS-COV-2. No entanto, vale ressaltar que a limpeza somente é eficaz quando feita por pelo menos 20 segundos e da maneira correta (para saber como lavar as mãos corretamente, veja esse texto da Organização Mundial da Saúde:
A Covid-19 é o que mais mata no país, acima dos assassinatos, acidentes de trânsito, dengue, desnutrição, diarreia. Segundo dados governamentais de países com mortalidade por milhão de habitantes destacam o Brasil em quinto ou sexto lugar com o objetivo de minimizar a pandemia e liberar a quarentena. Infelizmente o cálculo é bem simplório: a maioria dos países cuja mortalidade é maior do que o Brasil já passou pelo pico da curva da pandemia e nós estamos ainda começando o pico pela tendência da curva, portanto, num cenário favorável, se 1000 pessoas morrerem diariamente por 15 dias chegaremos tranquilamente a 30 mil mortos até o fim de maio: porém, provavelmente não ficaremos nos 1000 mortos por dia, por conta de grandes cidades que apresentam as unidades de terapia intensiva estranguladas pela Pandemia do novo CoronaVirus. 2) Vale ressaltar que existe subnotificação muito significativa. (Revista LANCET, maio de 2020).
Provavelmente, já tenhamos 1000 mortos dia. A análise da situação catastrófica da COVID-19, pode-se concluir que há uma tendência de rápida interiorização da pandemia, especialmente no Estado de São Paulo. Alguns propõem o isolamento vertical com imunização natural da população. Numa publicação do Médico Dario Ferreira, há a seguinte descrição: se 70% da população adquirir a infecção, teremos 1,5 milhão de pessoas com a forma grave da infecção: 500 mil pessoas morrerão, outras 500 mil complicarão com fibrose pulmonar, insuficiência renal, complicações neurológicas , portanto, em decorrência dos argumentos elencados, não há viabilidade para o país aceitar um número desses. Se essa infecção ocorrer em um curto espaço de tempo muito mais pessoas morrerão por falta de vagas na UTI. A média mundial de mortalidade nos casos graves entubados varia de 60 a 65%, em serviços sobrecarregados chega a 90% no Estado de São Paulo e em boas Unidades de Terapia Intensiva, a mortalidade não passa de 10%.
O único tratamento eficaz dos casos graves e estar nas mãos profissionais de uma equipe multidisciplinar capacitada, numa estrutura de UTI com respirador disponível e principalmente valorização do Sistema Único de Saúde para o enfrentamento eficaz da pandemia causada pelo SARS-COV-2. Em uma análise crítica, vale pontuar: 1) a chance de você ou um ente querido ser um desses pacientes não é baixa e 2) não há como flexibilizar uma quarentena com a taxa superior a 80% de ocupação em UTI; nestes argumentos, temos que baixar a taxa de transmissão da doença e isso só ocorrerá medidas restritivas de isolamento social e também o protocolo de higienização com utilização de água e sabão conforme preconizam as diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre esta pandemia do novo CoronaVirus. Quanto maior for a adesão às medidas de distanciamento social mais o protocolo de higienização, mais rápida toda esta conjuntura catastrófica de número de infectados e de óbitos será atenuada até o achatamento da curva desta pandemia.
O que confere de cunho científico ao sabão apresentar esse poder de eliminar o coronavírus? Observe no esquema abaixo que o sabão possui uma estrutura química que consiste em uma cadeia apolar (em forma de uma cauda), com caraterísticas hidrofóbicas (afinidade por óleos e gorduras), ligada a uma extremidade polar (tipo uma cabeça), com características hidrofílicas (afinidade por água). Esta estrutura híbrida permite que o sabão interaja com outras moléculas em solução, formando estruturas globulares chamadas micelas, com as cabeças apontando para fora e as caudas torcidas para dentro em conformidade ao esquema ilustrado na figura 2.
A estrutura é mostrada no esquema da figura 1 no qual o coronavírus e os seus três elementos fundamentais: RNA, proteínas e lipídios são evidenciados. O RNA é o material genético viral. As proteínas (por exemplo, a proteína spike – S) têm várias funções, incluindo a invasão celular e replicação viral. Os lipídios, por sua vez, formam um revestimento ao redor do vírus para a sua proteção e invasão celular.
Quando lavamos as mãos com água e sabão, todos os micro-organismos da pele são envolvidos com as moléculas de sabão. As caudas hidrofóbicas buscam fugir da água, se envolvendo em envelopes lipídicos do vírus. Desta forma, ocorre uma desestabilização do sistema e o rompimento da membrana lipídica. As proteínas e o material genético atravessam as membranas rompidas e são lançados na água, matando os vírus.
As moléculas de sabão têm duas “pontas”: uma hidrofílica que é capaz de se unir às moléculas de água, e outra hidrofóbica, que se une às moléculas de óleos, gorduras e sujeiras. Uma vez que você enxágua a mão e outras partes do corpo, essa combinação age como uma conexão entre as moléculas de água e de restos de vírus e sujeiras. As moléculas de sabão também não permitem que os vírus fiquem retidos na superfície da pele, e as micelas formadas aprisionam os vírus. Assim, quando lavamos as mãos com água e sabão, todos os micro-organismos (danificados, presos e mortos) são excluídos.
Conforme pontua a doutora em Biotecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Laura de Freitas: “As bactérias e boa parte dos vírus têm capas de gordura, chamadas de membrana e envelope, respectivamente. A função dessa capa é proteger o micro-organismo do ambiente. O sabão rompe essa proteção, fazendo com que essas bactérias e vírus morram”.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação




