Apoiar empreendedores da cadeia do turismo de base comunitária visando a retomada de negócios para o período pós-pandemia. Esse foi o objetivo da missão realizada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), entre os dias 3 e 6 de agosto, para a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã.
Um diálogo foi estabelecido com o ecossistema turístico de 12 pousadas ribeirinhas situadas na RDS e que atuam diretamente com o turismo de pesca esportiva. O intuito era compreender os impactos causados pela pandemia no setor e planejar ações estratégicas e inovadoras para os anos de 2020 e 2021, como forma de atender às comunidades ribeirinhas afetadas pela covid-19.
“Isso é importante, porque é um momento de retomada gradual do turismo. A FAS vem trazendo novos projetos sobre conectividade digital, energia solar, protocolos de biossegurança, estratégias comerciais e qualificação técnica para que os empreendedores possam amadurecer seu modelo de negócio e todo o encadeamento turístico que existe nessa região”, afirmou Wildney Mourão, coordenador do Programa de Empreendedorismo da FAS e um dos responsáveis pela missão.
Durante a ação, executada com o apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema), foram realizadas visitas aos empreendimentos para entender as necessidades e peculiaridades de cada pousada. No último dia, a FAS organizou uma reunião com todos os empreendedores e representantes das pousadas da região para alinhar as expectativas de ambas as partes e traçar os próximos passos e estratégias sobre a retomada gradual da atividade ainda em 2020.
Para o empreendedor da pousada Mirante do Uatumã, José Monteiro, a ação despertou um sentimento de esperança aos moradores da reserva, pois a pesca esportiva é a principal fonte de renda para mais de 200 pessoas que obtêm, durante a temporada, o sustento necessário para o ano todo. “Todos nós [proprietários das pousadas] estamos juntos e ansiosos com os novos projetos que a FAS trouxe para a nossa reserva, pois irá possibilitar novos negócios, maior conectividade, inovação e renda para as comunidades”, pontua Monteiro.
As próximas ações alinhadas junto com os empreendedores, consiste na implementação de protocolos de biossegurança em todas as pousadas, no cadastro dos empreendimentos em uma plataforma de comércio digital e de um laboratório de turismo, treinamento para que os empreendedores e seus times de apoio possam aprimorar os serviços e produtos turísticos com nível de qualidade diferenciada.
Inovação em meio à pandemia: delivery e taberna da floresta
O casal, Augusto Pinto e Jovania Queiroz, proprietários da pousada El Shaddai, sentiram o impacto da pandemia. Em janeiro deste ano, os 11 grupos compostos por cerca de 20 pessoas cada e que haviam reservado a pousada para a temporada 2020 de pesca esportiva, foram obrigados a cancelar a viagem.
Para conseguir manter os custos de operação da pousada e ainda garantir o sustento do lar , o casal percebeu que precisava se reinventar durante a pandemia, já que sabiam que o turismo seria uma das últimas atividades a voltar à normalidade.
“Para virarmos a pandemia, tivemos que ser criativos e pensar em outras fontes de receitas. Para isso criamos um comércio que vende de tudo que se precisa no interior: roupa, comida, gasolina, cordas e outros. Nós não tínhamos escolha, tínhamos que ter algo para vender para podermos ter renda”, explicou Augusto.
Após notar que o comércio estava dando certo, os empreendedores resolveram ampliar e investir no delivery da floresta, um modelo “uberizado” que funciona basicamente no atendimento e entrega de lanches como pizza, sanduíches, sucos e refrigerantes, tendo como transporte a rabeta (canoas motorizadas). Para Jovania Queiroz, esse novo modelo de comércio mostrou-se muito eficaz para que eles conseguissem se sustentar financeiramente durante a crise, e isso deve até representar nova fonte de receita, no desafio que se desenha para o período pós-pandemia.
Fonte – Ascom
Foto – Divulgação