Há poucas décadas um problema das grandes cidades tem ganhado os holofotes: o transporte. Com um serviço público que deixa a desejar em vários aspectos, a locomoção individual tomou as ruas do país, resultando em volume de automóveis que criou um emaranhado nas principais cidades do Brasil e do mundo, sem mencionar o impacto ambiental que fica mais evidente a cada dia.
Em resposta a esse fenômeno, os serviços de transporte se popularizam nos últimos anos, principalmente impulsionados por grandes plataformas como Uber e 99. Nos dias atuais, é impensável imaginar um mundo onde um carro não esteja à sua disposição a apenas alguns cliques. Com esta opção, milhares de pessoas deixaram seus carros na garagem, para buscar a facilidade e a economia proporcionada por tais serviços. Em alguns casos, muitos se desfizeram de seus automóveis.
Porém, com o tempo, a demanda por tal serviço começou a aumentar, e hoje não são poucos os relatos de problemas envolvendo grandes empresas do ramo. Do lado dos usuários, os frequentes cancelamentos se tornaram um problema constante. Do lado dos motoristas, as taxas cada vez maiores têm levantado um sinal de alerta sobre a viabilidade dessa categoria de trabalho.
Como então entregar novamente um serviço bom para os dois lados, onde ninguém sai perdendo? Na região de Araraquara, a resposta veio através do cooperativismo.
Bibi Mob
Com uma demanda cada vez maior, é inevitável não discutir a queda de qualidade nos serviços de transporte por aplicativo existentes nos dias atuais. Não bastasse a problemática envolvendo oferta e demanda, as condições de trabalho nesta categoria ainda carecem de direitos, com jornadas de trabalho exaustivamente longas, direitos básicos não sendo garantidos, e taxas que a cada ano diminuem ainda mais o lucro do trabalhador, que ainda precisa arcar com os custos de manutenção e o combustível que aumenta de preço a cada dia.
A soma de tais problemas foi o estopim para a busca por um novo modelo, que no último mês deu origem à Bibi Mob, serviço de transporte que atende a região de Araraquara. Criado dentro da iniciativa Coopera Araraquara, o serviço passou a operar após ser “abraçado” pela Cooperativa de Transporte de Araraquara (COOMAPA).
Porém, a alta demanda trouxe problemas, tais quais foram o “start” para o surgimento da Bibi Mob, o serviço de transporte da Cooperativa de Transporte de Araraquara (COOMAPA). O projeto teve apoio inicial da Coopera Araraquara, programa de incentivo ao cooperativismo da cidade de Araraquara, e posteriormente foi escolhido pela COOMAPA.
Para Cleber Quintal Barbosa, diretor da cooperativa COOMAPPA, as dificuldades nos dois lados da moeda foram vitais para o desenvolvimento e lançamento do projeto. “Uns dos problemas mais frequentes são as inúmeras quantidades de cancelamentos que vinham ocorrendo dos demais aplicativos como o Uber e 99. Isso estava impactando demais a vida dos passageiros que solicitavam os serviços de transportes por aplicativo e não tinha demanda suficiente para o atendimento”, afirma.
Além disso, aos frequentes aumentos nas tarifas cobradas pelos aplicativos dos motoristas, também funcionou como um motivador para o lançamento do novo serviço. “Fomos motivados também, devido ao fato de os aplicativos populares descontarem altas taxas das corridas realizadas, ficando quase inviável realizar o serviço de transporte”, completa.
Enquanto serviços como Uber e 99 ficam com 30% a 40% do valor da corrida, a Bibi Mob surge como um “respiro” para os trabalhadores, que no aplicativo ficam com 95% da corrida (a plataforma detém 5% dos valores).
Resultados imediatos
Desde o seu lançamento, a Bibi Mob já tem despontado como um serviço ideal para trabalhadores e usuários. Utilizando dos princípios do cooperativismo, a plataforma rapidamente foi acolhida pela população da região, e rapidamente já mostra potencial de se tornar um serviço competitivo.
“Hoje contamos com aproximadamente 230 motoristas com seu cadastro já aprovados e ativos. Existe uma gama de motoristas com seu cadastro em andamento aguardando liberação, por faltar algum documento por exemplo. Passageiros, já são mais 7500 cadastrados”, destaca Cleber.
Através de tais resultados em pouquíssimo tempo, a Bibi Mob ganha para si um status de restauradora do propósito inicial dos aplicativos de transporte, que ao surgiram, foram uma atrativa nova opção para trabalhadores em busca de uma renda. Para o diretor da COOMAPA, essa resposta dos motoristas já é evidente. “Os motoristas estão mais motivados por que seu trabalho é reconhecido, o fator de ser uma cooperativa onde ele também é dono e pode expressar as suas opiniões e o financeiro para o motorista, pois no final de contas ele acaba recebendo um valor maior do que recebia em outras plataformas”, destaca. E para os consumidores, a plataforma a cada dia se firma como igualmente mais atrativa. “Para os passageiros é positivo devido não existir cancelamentos, o tempo de espera para um carro é curto visto que o motorista não precisa aguardar um valor dinâmico para sua corrida (compensar) e podemos considerar que isso se torna uma alavancagem para a economia da cidade”, ele completa.
O futuro se abre
Mesmo quase 200 anos depois de seu surgimento, as cooperativas seguem com a missão de serem alternativas aos negócios tradicionais. E mesmo diante concorrentes que já se firmaram como a segunda opção em um mercado cada vez mais difícil, o elemento cooperativista segue colocando o setor como a alternativa ideal, em um momento em que o cliente é deixado em segundo plano por diversas organizações, empresas e serviços.
Plataformas como a Bibi Mob unem aquilo que dê melhor temos hoje: a tecnologia proporcionada pelo contexto em que vivemos, com a filosofia cooperativista que sempre colocará o indivíduo no centro. Para os próximos meses, a COOMAPA pretende expandir a plataforma, chegando a outras regiões e assim, impactando mais pessoas. “O objetivo da nossa cooperativa COOMAPA nos próximos meses é nos tornarmos uma referência do cooperativismo e incentivar outras cidades que é possível um aplicativo pagar mais para o motorista e um preço justo ao passageiro”, finaliza.
Fonte – MundoCoop
Foto – Divulgação