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Fórum das Águas promove ato público e celebração ecumênica em defesa do Encontro das Águas

Em alusão ao Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22.03, o Fórum das Águas, em parceria com diversos movimentos da sociedade civil organizada, como o SOS Encontro das Águas, promove, neste sábado, 20.03, ato público em defesa do tombamento do Encontro das Águas, patrimônio imaterial brasileiro, que vem sendo ameaçado de extinção com a construção de um Terminal de Cargas na região, reconhecida por biólogos e antropólogos como ecossistema reprodutivo de diversas espécies de peixes, aves, entre outros animais, além de constituir importante sítio arqueológico ainda não estudado em profundidade.

O ato simbólico está programado para às 9h, no Porto da Ceasa, Zona Sul de Manaus, com a presença de dois representantes de cada movimento, respeitando os protocolos de segurança sanitária e distanciamento. Os membros do Fórum das Águas sairão em canoas motorizadas com destino ao Encontro das Águas, onde farão o registro de faixas com mensagens em favor do patrimônio imaterial.

Na ocasião, haverá ainda o momento de bênção das águas, que será realizada pelos padres que integram o Fórum, Sandoval Rocha e Adriano Luis, e o presidente da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama), Alberto Jorge. O objetivo é alertar para o comprometimento irreversível do impacto no ecossistema de fauna e flora locais, bem como na vida de famílias ribeirinhas que vivem da agricultura tradicional, pescaria artesanal, turismo regional, nos arredores dos bairros Colônia Antônio Aleixo, Puraquequara, Bela Vista e Mauazinho, em Manaus, e demais comunidades dos municípios de Iranduba e Careiro da Várzea, área de abrangência do Encontro das Águas.

De acordo com o coordenador do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), Padre Paulo Tadeu Barausse, o ato veio da necessidade de denunciar o mega projeto que vem sendo arquitetado no maior cartão postal do Amazonas. “Este projeto sendo conduzido de cima para baixo, sem consulta à sociedade. Existem sítios arqueológicos dos povos originários que sequer foram estudados. Quem vai ser mais beneficiado com essa obra? O que ficará para as populações mais pobres? O nosso convite é para a reflexão: quem consegue viver sem água, que é obra de criação de Deus é um direito humano?”, afirma.

Ato ecumênico

No dia 22, Dia Mundial de Água, haverá uma celebração ecumênica na sede do Sares que será transmitida pela página do facebook do Fórum das Águas (@forumdasaguasam), às 10h.

Participam do evento representantes das tradições católica, protestante, indígena e de matrizes africanas como Pastor Marcos, Celina Baré e Raimunda Nonata Correa, representante dos Povos e Comunidades Tradicionais Nagô.

Desde 2010, o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões foi tombado como patrimônio cultural e natural pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), porém o processo de tombamento não foi homologado até hoje, pois existe ação movida pelo Governo do Amazonas no Supremo Tribunal federal (STF) contrária à homologação.

“Queremos lembrar a todos o aspecto sagrado da água, daí a participação de vários líderes religiosos. Vamos rezar para que a água seja de fato respeitada, principalmente neste momento de políticas neoliberais, que vem transformando-a em produto de geração de lucro para poucos ao mesmo tempo em que falta aos mais pobres”, explica o padre Sandoval Rocha.

Ele ressalta que além do prejuízo aos mais pobres, que têm o acesso limitado pela questão mercadológica, a água é desvinculada da natureza, do seu próprio ecossistema, ao ser isolada e transformada em produto em benefício de poucos.

“A privatização do saneamento e do abastecimento de água em Manaus é um exemplo disso. São 20 anos e a gente vê ao longo desse período um serviço muito mal realizado, onde as periferias estão mal servidas de um bem comum que deveria ser acessível a todos. Transformar água em mercadoria é limitar e impedir o uso para pessoas mais pobres algo que é essencial para a existência da vida”, completa o sacerdote, membro do Fórum das Águas.

O Fórum

O Fórum das Águas tem como princípio ser espaço público, amplo e democrático, aberto ao debate de ideias e experiências, articulador de ações eficazes junto aos movimentos da sociedade civil, lideranças comunitárias, educadores ambientais e demais entidades com a proposta de incidir na construção de políticas sobre a água na cidade de Manaus.

Integram o Fórum das Águas: Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES); MovimentoSalve o Mindu da Universidade do Estado do Amazonas – UEA; Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Tarumã-Açu (CBHTA); Instituto Sumaúma; Escola Municipal Francisca Nunes; Movimento Cultufuturista da Amazônia; Levante Popular da Juventude; Engajamundo; Rede um grito pela vida; Conselho de Leigos e Leigas da Arquidiocese de Manaus; Comunidade Eclesial de Base (CEBs) regional Norte 1; Movimento Socioambiental SOS Encontro das Águas; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJPAM); Amigos Sementes da Natureza do Puraquequara; Parque Municipal Nascente do Mindu; Pastoral da Criança da Arquidiocese de Manaus; Equipe Itinerante; Movimento de Mulheres Negras da Floresta – Dandara; Fórum Permanente das Mulheres de Manaus.

Fonte – Ascom

Foto – Divulgação

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