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Mudanças climáticas contribuem para o aumento de raios no País

10 10 2017 Belem PA Brasil As fortes pancadas de chuva ocorridas nos últimos dias em Belém e região metropolitana marcam o início do período de transição entre o verão e o inverno amazônico. E com ele, vem a preocupação com outro fenômeno próprio desse período: a maior incidência de raios (foto), o que merece atenção e cuidados especiais de toda a população.FOTO: MARCOS OZANAN

O Brasil é o país com maior incidências de descargas elétricas no planeta. Só nos últimos dois anos, foram 280 milhões de raios e, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as mudanças climáticas têm contribuído para o aumento de descargas elétricas em território nacional. Em levantamento, o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Inpe, revela que a tendência é que a média atual de raios passe de 70 milhões para 100 milhões nas próximas décadas e continue crescendo até o final do século.

Raquel Albrecht, professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo, explica que o verão também contribui para uma maior incidência de raios devido à atmosfera, que retém mais água e passa a produzir mais tempestades.

“Cerca de 90% das descargas elétricas acontecem dentro da nuvem e só 10% é que atingem o solo”, explica Raquel. Um raio é formado devido à transferência de cargas elétricas entre as colisões dos cristais de gelos, que geram centros eletromagnéticos dentro da nuvem. O efeito luminoso é formado, portanto, para neutralizar a instabilidade do ar com polos positivos e negativos na atmosfera. “Isso também pode acontecer com esses centros indo um pouco mais próximos ao solo, e aí temos a descarga que atinge o solo”, esclarece.

De acordo com Raquel, o local com mais ocorrências de raios em todo o Brasil é a costa leste do Rio Negro, a 100 km de Manaus, na Amazônia. A área corresponde a 25 km² e é atingida por raios durante quase 68% dos dias do ano, segundo o grupo Elat. “Aqui no Sudeste é uma região do Rio de Janeiro, dentro da Serra da Cantareira, com divisa com Minas Gerais, próxima a Resende”, destaca.

Uma chance em 1 milhão

As chances de uma pessoa ser atingida por um raio são de uma em 1 milhão. Raquel brinca e diz que é mais provável que uma pessoa seja atingida por um raio do que acerte as seis dezenas da Mega-Sena, por exemplo. De acordo com o Departamento de Informações e Análise Epidemiológica do Ministério da Saúde e do IBGE, a média é de 110 pessoas mortas e 300 feridas por raios no Brasil a cada ano. Na última década, por exemplo, foram mais de 2 mil óbitos causados por descargas elétricas.

Raquel explica que os raios atingem lugares mais altos, como prédios e torres, e procurar um abrigo é indicado durante uma tempestade. “A recomendação é: escutou um trovão ou viu um raio, procure abrigo”, explica. Se não tiver opção, o ideal é que entre em posição fetal para que a pessoa não seja o ponto mais alto em relação ao solo.

 

Fonte – USP

Foto – Divulgação

 

 

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